quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Agentes americanos caçam turistas sexuais dos EUA no exterior

Como parte de uma iniciativa para proteger crianças contra predadores sexuais americanos, incluindo aqueles que actuam fora dos Estados Unidos, policias americanos em operações no sudeste asiático conseguiram trazer mais de 85 supostos turistas sexuais de volta ao país para enfrentar a Justiça.
Para os ocidentais presos por molestar crianças na região, as coisas nem sempre terminam tão mal.
O cantor de rock britânico Gary Glitter, por exemplo, foi sentenciado a dois anos e meio de prisão no Vietname por prática de actos obscenos com duas meninas de 10 e 12 anos, respectivamente.
Mas se um cidadão americano é surpreendido a molestar crianças no exterior, a polícia americana está agora a postos na área com o objectivo específico de colocar o suspeito num avião para ser julgado nos Estados Unidos. Por trás da operação está a agência ICE (sigla para Immigration and Customs Enforcement), parte do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, com sede em Washington.
“Não pense que simplesmente comprando uma passagem para sair dos Estados Unidos e ir a um país com capacidades menos robustas de investigar e julgar [criminosos] você vai ser capaz de escapar de novo”,
disse John Morton, director da ICE. “Um exemplo perfeito: os três cavalheiros que trouxemos do Camboja”. Os “cavalheiros” foram alvo de uma humilhante operação de extradição que recebeu, intencionalmente, grande atenção da media há cerca de ano e meio. Os três haviam sido condenados anteriormente por abusar sexualmente de crianças pequenas nos Estados Unidos.O mais velho, Jack Sporich, um ex-fuzileiro naval com 75 anos de idade, pode receber uma sentença de 15 anos por crimes sexuais cometidos contra vários meninos.
Parceria
As prisões do Camboja estão cheias de pedófilos estrangeiros, mas a maioria recebe apenas sentenças curtas. E elas podem ser evitadas se você tiver dinheiro para pagar a polícia e o juiz.
Nos sete anos desde que o Protect Acta legislação de protecção à criança-entrou em vigor nos Estados Unidos, mais de 85 turistas sexuais foram trazidos de volta ao país. Mas a operação não teria dado certo sem uma mudança profunda na forma como os agentes americanos trabalham com a polícia e, principalmente, com cidadãos locais.Nos centros turísticos do Camboja, a ONG Action Pour Les Enfants (acção pelas crianças, APLE) exerce a função de ser os olhos e os ouvidos da ICE, vigiando americanos suspeitos.Jovens circulantes em motocicletas patrulham as ruas com câmaras de vídeo cedidas pelos americanos.Foi assim que uma equipe à paisana encontrou o farmacêutico aposentado Ronald Adams procurando abertamente por meninas menores de idade para sexo. “Quanto mais jovens, melhor”, ele dizia.
Esse tipo de colaboração entre policias americanos e a população local seria impensável há 30 anos, quando os americanos bombardearam o país.
Peixe graúdo
Entre as operações da ICE que mais chamaram a atenção está a prisão de Kent Frank, um milionário da Flórida, de 45 anos.Ele é um turista sexual global, que foi apanhado a abusar de quatro meninas no seu quarto de hotel em Phnom Penh, no Camboja.Vansak Suos, um cambojano que trabalha para a ICE, contou como Frank tentou subornar o chefe da polícia local.“Kent Frank apenas ficou em pé e colocou a mão no bolso. Depois, apertou a mão do chefe, e o chefe achou US$ 100 na sua mão”, disse Suos.
Frank admitiu que havia tido relações sexuais e tirado fotos das meninas com quem estava, explicando que achava que elas eram maiores de idade.“É uma defesa comum, dizer que essas crianças são maiores do que aparentam porque são asiáticas”, disse um outro agente da ICE, Gary Philips. Frank tentou apagar fotos incriminadoras da sua câmara digital, mas de volta aos EUA, agentes da ICE conseguiram recuperar cerca de 1.600 fotos. Hoje, Frank cumpre uma sentença de 40 anos numa prisão federal.
Impunidade
Outro caso ilustra que nem sempre a ICE consegue o resultado que gostaria. É o do americano aposentado Ronald Adams, que administrava um pequeno bar na cidadezinha costeira de Sihanoukville.Em Fevereiro do ano passado, oficiais da polícia nacional do Camboja fizeram uma busca no seu apartamento e encontraram DVDs com pornografia infantil, acessórios sexuais e uma série de drogas ilegais.Adams foi acusado de drogar e estuprar uma menina de 12 anos.Um agente da ICE fazia parte do grupo que realizou a operação.
Mas após passar sete meses numa prisão no Camboja, Adams foi libertado sem uma acusação formal. O tribunal decidiu que, porque a suposta vítima disse ter sido drogada, o seu depoimento foi considerado não confiável e desde então, Adams desapareceu.

BBC Brasil

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