sábado, 12 de fevereiro de 2011

Comportamentos homofóbicos são comuns no ambiente de trabalho

De acordo com pesquisa realizada pela associação francesa Outro Círculo, que luta contra a homofobia, comportamentos homofóbicos são comuns no ambiente de trabalho. Por essa razão, funcionários gays ou lésbicas hesitam muito antes de declarar sua preferência sexual, seja por medo de represálias ou por temer as consequências negativas para suas carreiras. Isso ocorre mesmo quando a diversidade é vista de forma positiva pelas companhias onde esses indivíduos trabalham. Um em cinco homossexuais considera que o clima de seu ambiente de trabalho lhe é “hostil” e 26% já foram vítimas ou testemunharam, em seu local de trabalho, comportamentos homofóbicos que os prejudicaram (Associação France Press). Mas há outras ideias e outras vozes…Nono Schrader, sócia da ResetManagement, uma companhia de consultoria em Bussum na Holanda, recentemente postou um anúncio para contratar um assistente comercial. O anúncio pedia candidatos enérgicos, empreendedores, com facilidade de comunicação e possuidores de grande dose de “faro” comercial para iniciar práticas inovadoras. Até aí, nada de extraordinário. A novidade é que a ResetManagement esclarece que dará preferência a candidatos gay.
“A maioria dos homens gays que conheço e com quem tenho trabalhado são inovadores, detalhistas, dedicados, conscienciosos, proativos e motivados, mas ao mesmo tempo possuem suficiente testosterona para serem confiantes em suas habilidades, enérgicos e capazes de trabalhar de maneira independente. Observo que eles nunca tratam pessoas de forma ameaçadora e são bastante sensíveis para lidar com situações delicadas. Essa é a combinação ideal para o cargo.” Trata-se de um pequeno classificado que criou polêmica. Os integrantes da associação de gays, lésbicas e transexuais (COC Netherlands) e a Comissão Holandesa pela Igualdade de Direitos criticaram a iniciativa. Mas Nono Schrader, responsável pelo recrutamento, já decidiu: o novo assistente comercial será um homossexual. Ela esclarece que ResetManagement promove ativamente a diversidade em seus quadros. “Acreditamos que quanto mais diversificado o grupo, maior o número de ideias inovadoras. No entanto, para essa posição vamos dar preferência a um gay.”
Vera Bergkamp, presidente da COC Netherlands, apoia as companhias que compreendem os benefícios da diversidade entre seus empregados. Mas se preocupa que a menção de preferência sexual ao excluir heterossexuais de competência semelhante pode ser vista como discriminação ou exclusão. Marcel Scholten, porta-voz da Comissão Holandesa pela Igualdade de Direitos, considera que um anúncio desse tipo nega um tratamento igualitário na contratação de pessoas e isso é impensável na Holanda. “Uma política de preferência baseada no sexo, na raça ou na religião – como os homens têm feito há séculos com as mulheres; os brancos com os negros; e os hetero com os homossexuais – não é aceita neste país”. A ResetManagement, através de Nono Schrader, diz que de maneira geral considera justo que todos tenham as mesmas oportunidades, mas para certos casos específicos é vantajoso deixar claro as preferências. “Trata-se de economizar tempo – o nosso e o dos candidatos – especificando o que desejamos. Entre candidatos de competência igual, daremos preferência a um homossexual.” Vivemos em sociedades cada vez mais diversificadas que se modificam e se reinventam constantemente, quebrando tabus e paradigmas e inventando novas formas de viver e conviver. Meus netos estudam na escola francesa e tem professores gays assumidos, casados com pessoas do mesmo sexo. Para a direção da escola e para os alunos, isso não parece nada estranho. O importante é que sejam bons professores.
A adoção de crianças por casais gays já não causa espanto. E por que seria espantoso? Afinal, filhos e filhas gays nascem de uniões de casais de sexos diferentes… Países religiosos como a Espanha e o México aceitam o casamento de pessoas do mesmo sexo. Em muitos países europeus, casais do mesmo sexo têm os mesmos direitos que os de sexos diferentes – aposentadoria, seguro saúde, partilha de bens. Afinal, o casamento civil não é nada mais do que um contrato, não é mesmo?
O ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas dos Estados Unidos, gen. John Shalikashvili, escreveu em 2010: “Acredito que se homens gays e mulheres lésbicas servissem abertamente nas forças militares do país, eles não diminuiriam em nada a eficácia das forças armadas. Creio que devemos receber de braços abertos a contribuição de qualquer americano apto e motivado para servir o país”. Em dezembro de 2007 e novembro de 2008, 132 generais e almirantes reformados pediram ao Congresso que modificasse a lei que impede homens e mulheres de declarar abertamente sua preferência sexual ao se alistar. Como evidência da pouca importância que a preferência sexual tem, citam os 65.000 homens e mulheres gays que atualmente servem nas forças armadas e os mais de um milhão de veteranos de guerra gays.

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