O caso de Flávia pode configurar, ainda, a primeira morte registrada no Estado neste ano pela doença. Procurada ontem (10), a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que só hoje poderia confirmar a informação. De acordo com o secretário da Saúde de Ribeirão Preto, Stênio Miranda, ainda falta o Adolfo Lutz classificar se a morte foi provocada pela dengue hemorrágica ou a forma clássica da doença.
"O que se pode dizer até agora é que o exame confirmatório deu positivo. Mas há ainda toda a análise da evolução clínica, dos exames laboratoriais, que isso é que configura [se foi dengue hemorrágica]", afirmou.
Miranda disse que a secretaria já trabalhava com "90% de chance de que seria dengue", porque um exame em laboratório não-credenciado pelo SUS (Sistema Único de Saúde) deu positivo.
Flávia morreu no último dia 27, depois de passar por atendimento na emergência da Unimed 24h, no Hospital São Paulo. A mãe de Flávia, a também auxiliar de enfermagem Neusa Quirino, 53, disse que pretende processar a unidade por negligência. Segundo ela, se o diagnóstico para dengue tivesse sido correto logo no início, a filha não teria recebido tantos remédios que podem ter agravado a doença.
"Eu preferia que fosse uma doença comum, não dengue. Isso significa que eu mesma dei os remédios para ela, que posso ter matado a minha filha". Flávia era casada e tinha filhos de 17, 9 e 2 anos.
Flávia, segundo a mãe, passou por três atendimentos desde 23 de janeiro e em nenhum momento o diagnóstico foi correto. O diretor-clínico da Unimed 24h, Roberto Nakao, rebateu as acusações. Disse que desde o primeiro atendimento foi levantada a hipótese de que poderia se tratar de dengue.
O protocolo de atendimento para dengue da Vigilância Epidemiológica foi seguido, segundo Nakao, com coleta de sangue, exame clínico e outros específicos. Na avaliação de Nakao, uma das explicações é que o caso de Flávia foi atípico, tanto na evolução quanto nos tipos de sintomas.
"Ela só falava de dor de cabeça e que já durava uma semana. Ela passou por três neurologistas", disse. Ainda segundo o médico, os remédios ministrados não poderiam ter agravado um caso de dengue.
Márcia Ribeiro-/Folhapress | ||
Pacientes na sala da UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Central para dengue recebem medicação |
A dengue é uma doença tratável, mas ainda não tem vacina. Por isso, eliminar o transmissor é o único meio de erradicá-la. O Brasil já conseguiu isso, 50 anos atrás. Mas o Aedes Aegypti voltou mais resistente. As novas gerações do mosquito são imunes a muitos inseticidas, e não precisam mais de água limpa para se reproduzir.
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