Em Miyagi continuam sem ser localizados 9.500 habitantes de Minamisanriku, população que foi praticamente arrasada pelo tsunami produzido pelo terremoto
Naoto Takeuchi, chefe de polícia, disse após sair de uma reunião sobre a crise ''não ter nenhuma dúvida'' de que o número de óbitos atingirá esse valor somente no região de Miyagi, a mais atingida.
Atualmente, a contagem oficial é de pouco mais de 800 mortos confirmados em Miyagi e outras áreas.
Um total de 1.167 pessoas estão desaparecidas só na província de Fukushima (nordeste do Japão), uma das mais devastadas junto a Miyagi e Iwate, segundo a agência local Kyodo.
RADIAÇÃO
O nível de radiação desprendido pela usina nuclear de Fukushima (nordeste do Japão) superou neste domingo (hora local) o limite legal, segundo anunciou a empresa operadora, TEPCO (Tokyo Electric Power). O ministro porta-voz do Japão, Yukio Edano, admitiu que aparentemente houve uma fuga radioativa no reator da unidade 1 de Fukushima, de cujas imediações foram evacuadas cerca de cem mil pessoas. Ele acrescentou que, até o momento, 22 pessoas foram expostas à radiação em Fukushima, cujas operações foram suspensas após o terremoto de 8,9 graus de magnitude na escala Richter e posterior tsunami desta sexta-feira. Neste sábado houve uma explosão nesta mesma usina, embora o governo japonês insista que ela não ocorreu em um reator. A TEPCO explicou que a quantidade de radiação emitida na unidade chegou a 882 microsievert por hora, acima do limite recomendado de 500. Edano disse inclusive que em um momento foram alcançados 1.204 microsievert, unidade de medida de exposição a radiações ionizantes. O reator 3 da mesma central sofre problemas em seu sistema de refrigeração, e os responsáveis continuam tentando esfriá-lo liberando vapor de forma controlada, enchendo de água do mar e ácido bórico o recipiente primário de contenção. A AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) comunicou no sábado que a explosão ocorreu fora desse "envoltório" de aço do reator, e por isso seu núcleo não foi afetado. Quatro funcionários da TEPCO ficaram feridos na explosão, que derrubou o telhado e as paredes externas do reator, como pôde ser visto em imagens veiculadas pela televisão japonesa.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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| Usina Fukushima 2 |
ESCALA
O acidente em uma central nuclear na cidade de Fukushima, no Japão, após o forte terremoto que atingiu o país na sexta-feira, foi classificado como de nível 4 na Escala Internacional de Eventos Nucleares, que vai de 0 a 7. A classificação é a terceira mais alta já concedida, ficando atrás apenas do acidente em Three Mile Island, nos Estados Unidos, em 1979 (nível 5) e de Tchernobil, em 1986 (grau 7).
A classificação 4 qualifica acidentes 'com consequências de alcance local', segundo documentos da AIEA (Agência internacional de Energia Atômica). Em 1999, o Japão havia registrado um acidente com a mesma classificação. O termo anomalia é utilizado para o nível 1 e, incidente, para os níveis 2 e 3. O nível 4 é o pior até o momento no Japão, de acordo com a Agência japonesa de Segurança Nuclear e Industrial.
O reator Daiichi 1, ao norte da capital Tóquio, começou a vazar radiação depois que o terremoto de magnitude 8,9 causou um tsunami, prontamente levantando temores de um derretimento nuclear. O sistema de resfriamento do reator nuclear falhou após os tremores, causando uma explosão que rompeu o telhado da usina. As autoridades afirmam que os níveis de radiação em Fukushima estavam elevados antes da explosão. Em determinado momento, a usina estava liberando a cada hora a quantidade de radiação uma pessoa normalmente absorve do ambiente em um ano.
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| Escala radiação |
MORTOS
O Japão lidava com a ameaça nuclear ao mesmo tempo em que o governo se esforça para determinar a extensão dos dados causados pelo terremoto, o pior de que se tem registro no país, e pelo tsunami que devastou a costa nordeste do país na sexta-feira. A contagem oficial de mortos subiu para 686, mas o governo espera que o número ultrapasse 1.000.
Equipes procuravam pelos desaparecidos ao longo de centenas de quilômetros da costa japonesa. Pelo menos um milhão de casas ficaram sem água após o terremoto. Grandes áreas estavam cercadas de água e isoladas. Enquanto o Japão entrava na segunda noite desde o terremoto de magnitude de 8,9, havia sinais claros de que o número de mortos poderia aumentar. Um relatório dizia que ninguém conseguiu encontrar quatro trens inteiros. Outros diziam que 9.500 pessoas estavam desaparecidos em uma cidade litorânea, enquanto pelo menos 200 corpos aparecem em diversos lugares após o tsunami. O governo do Japão anunciou que duplicará para 100 mil o número de militares escalados para trabalhar nas zonas devastadas pelo terremoto, informou a agência Kyodo. Cinquenta mil soldados adicionais serão enviados nas próximas horas para ajudar nos trabalhos de resgate em uma ampla faixa do litoral oriental, golpeada pelo forte terremoto e o devastador tsunami da sexta-feira, que arrastou tudo em seu caminho.
O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, tinha anunciado na sexta-feira que seriam 50 mil os soldados que participarão da operação, mas agora decidiu duplicar seu número.
Na operação de resgate também participam 25 navios das Forças de Autodefesa Marítima (Marinha), que procuram os desaparecidos em alto-mar. Tanto a base área militar como o aeroporto civil da província nordeste de Miyagi permanecem inundados desde a onda gigante de dez metros de altura que arrasou na sexta-feira a região. Perante esta situação, os helicópteros japoneses utilizarão de plataforma de lançamento improvisada o porta-aviões americano Ronald Reagan, ladeado por dois destróieres e enviado pelos EUA, que pôs em alerta toda a VII Frota no Pacífico Oriental, segundo a rede de televisão NHK.
O tsunami piorou a destruição causada pelo terremoto, levou embora localidades litorâneas inteiras no litoral nordeste e foi 'muito pior do que o esperado', segundo as autoridades japonesas.
O último cômputo oficial fala de 687 mortos e 650 desaparecidos com a catástrofe, mas a imprensa local os aumentam para mais de 1.800. Os trabalhos de resgate coordenados pelos militares estão sendo dificultados por causa das constantes réplicas do terremoto, além das estradas fechadas e inundadas pelo maremoto.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Entenda vazamento radioativo em usina atingida por terremoto no Japão
Após explosão na indústria de Fukushima, especialistas comentam riscos.Região foi afetada pelo tremor de magnitude 8,9 nesta sexta-feira (11).
Após o terremoto de magnitude 8,9 que atingiu a costa do Japão, a usina nuclear Fukushima Daiichi interrompeu seu funcionamento. Entenda os riscos de vazamentos radioativos na usina depois dos tremores registrados nesta sexta-feira (11) e neste sábado.
Como funciona
Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.

Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.
A água resfria os elementos combustíveis compostos de urânio enriquecido. Eles permanecem dentro de uma espécie de piscina. Resfriada, ela evita o acúmulo de vapor radiativo no vaso de contenção externo, feito de concreto. Se a água não for resfriada, válvulas liberam esse vapor, como forma de impedir uma pressão insuportável dentro da proteção externa e o superaquecimento dos elementos combustíveis.
A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior.
A explosão do reator poderia provocar uma catástrofe nuclear."Depois de Chernobyl, não houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada. O acidente japonês vai destruir as esperanças de que a energia nuclear é uma energia limpa", disse o professor e físico nuclear José Goldemberg, é o pior acidente nuclear desde Chernobyl, em entrevista à equipe de reportagem do Jornal Hoje (veja no vídeo acima).
Perguntas e respostas
Em entrevista ao G1, Goldemberg disse que ainda é cedo para diagnosticar exatamente a dimensão do perigo que o vazamento em Fukushima representa. Preocupa o especialista, no entanto, o fato de que o governo tem apliado nos últimos anos distância mínima de isolamento da usina considerada segura para a população, o que sinalizaria que o risco é maior do que o projetado inicialmente.
Cerca de 45 mil pessoas que estão em um raio de 20 km da usina, no leste do Japão, foram orientadas a sair da região. Antes, o isolamento era de 10 km. No portão da usina, a radiação ficou oito vezes acima do normal.
"A única indicação que me inquieta é que há dois anos atrás esta área era de 3 km. Aumentaram para 10km, e agora para 20km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam", disse o especialista.(...) O que me inquieta é que há dois anos a área de segurança da usina era de 3 km. Aumentaram para 10 km, e agora para 20 km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam"
À agência Reuters, analistas e representantes da indústria comentaram os perigos na usina de Fukushima Daiichi. Afinal, o que aconteceu no lugar? "A mais provável [causa da explosão] é a substância de refrigeração, particularmente se é a água, que pode superaquecer e se transformar em vapor mais rapidamente do que foi projetado", responde Timothy Abram, professor de tecnologia de combustível nuclear na Universidade de Manchester."Até agora parece que não é o núcleo do reator que foi afetado, o que seria uma boa notícia", completa Paddy Regan, da Universidade de Surrey. Para a World Nuclear Association, associação da indústria com sede em Londres, a explosão foi provavelmente devido à ignição de hidrogênio e ela seria pouco susceptível de causar um grande acidente. "É obviamente uma explosão de hidrogênio", confirma o diretor de comunicação Ian Hore-Lacy. "Se o hidrogênio foi inflamado, então ele já se foi, não representa mais qualquer ameaça."Mas, depois dessa explosão, qual seria o perigo real? "O combustível do reator parece ter derretido ao menos parcialmente e a posterior explosão quebrou as paredes e o teto do recipiente de contenção", analisa o consultor de riscos Luke Stratfor. "Há relatos de fumaça branca. Talvez seja concreto em chamas, vindo do local da explosão, indicando uma violação da contenção e da fuga quase certa de quantidades significativas de radiação." Para Abram, no entanto, seria algo pouco provável.
"Se eles estão sugerindo que o reator está intacto e que eles têm uma maneira de obter água fria no núcleo do reator para esfriar esse núcleo, é uma notícia muito boa", diz Mark Hibbs, da organização Carnegie Endowment for International Peace.
Informações oficiais
Moradores da área de Fukushima receberam, em uma hora, radiação que seria tolerável para um ano. Na sala de controle, o nível de energia radioativa ultrapassou em mil vezes o permitido. Quem está fora da área atingida foi orientado pelo governo japonês a ficar dentro de casa, sem abrir portas e janelas. É indicado também que não bebam água da torneira.A Agência Japonesa de Segurança Nuclear e Industrial descartou que o contêiner do reator tivesse sofrido danos sérios, informou a agência de notícias Kyodo.
Segundo o governo japonês e a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), não houve vazamento radioativo considerável e o nível de radioatividade na região está baixando.
Terremoto pode ter deslocado Japão 2,4 metros, diz agência dos EUA-Dado é de sismólogo do Serviço Geológico dos EUA.
A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior.
A explosão do reator poderia provocar uma catástrofe nuclear."Depois de Chernobyl, não houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada. O acidente japonês vai destruir as esperanças de que a energia nuclear é uma energia limpa", disse o professor e físico nuclear José Goldemberg, é o pior acidente nuclear desde Chernobyl, em entrevista à equipe de reportagem do Jornal Hoje (veja no vídeo acima).
Perguntas e respostas
Em entrevista ao G1, Goldemberg disse que ainda é cedo para diagnosticar exatamente a dimensão do perigo que o vazamento em Fukushima representa. Preocupa o especialista, no entanto, o fato de que o governo tem apliado nos últimos anos distância mínima de isolamento da usina considerada segura para a população, o que sinalizaria que o risco é maior do que o projetado inicialmente.
Cerca de 45 mil pessoas que estão em um raio de 20 km da usina, no leste do Japão, foram orientadas a sair da região. Antes, o isolamento era de 10 km. No portão da usina, a radiação ficou oito vezes acima do normal.
"A única indicação que me inquieta é que há dois anos atrás esta área era de 3 km. Aumentaram para 10km, e agora para 20km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam", disse o especialista.(...) O que me inquieta é que há dois anos a área de segurança da usina era de 3 km. Aumentaram para 10 km, e agora para 20 km. É uma indicação de que havia mais radiação do que eles esperavam"
José Goldemberg
"Se eles estão sugerindo que o reator está intacto e que eles têm uma maneira de obter água fria no núcleo do reator para esfriar esse núcleo, é uma notícia muito boa", diz Mark Hibbs, da organização Carnegie Endowment for International Peace.
Informações oficiais
Moradores da área de Fukushima receberam, em uma hora, radiação que seria tolerável para um ano. Na sala de controle, o nível de energia radioativa ultrapassou em mil vezes o permitido. Quem está fora da área atingida foi orientado pelo governo japonês a ficar dentro de casa, sem abrir portas e janelas. É indicado também que não bebam água da torneira.A Agência Japonesa de Segurança Nuclear e Industrial descartou que o contêiner do reator tivesse sofrido danos sérios, informou a agência de notícias Kyodo.
Segundo o governo japonês e a empresa que opera a usina, a Tokyo Electric Power (Tepco), não houve vazamento radioativo considerável e o nível de radioatividade na região está baixando.
Terremoto pode ter deslocado Japão 2,4 metros, diz agência dos EUA-Dado é de sismólogo do Serviço Geológico dos EUA.
Costa do país foi atingida por abalo de magnitude 8,9 na sexta (11).
O forte terremoto de sexta-feira no Japão pode ter deslocado o arquipélago 2,4 metros, anunciou o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
O número é "importante", segundo o sismólogo Paul Earle.O sismo de magnitude 8,9, o mais potente registrado até agora no Japão, e o tsunami que se seguiu deixaram centenas de mortos e a cifra deve subir.
Segundo o Instituto, a placa do Pacífico se ajusta anualmente cerca de 83 mm, mas um terremoto de grande magnitude pode movê-la consideravelmente, com consequências catastróficas.

O número é "importante", segundo o sismólogo Paul Earle.O sismo de magnitude 8,9, o mais potente registrado até agora no Japão, e o tsunami que se seguiu deixaram centenas de mortos e a cifra deve subir.
Segundo o Instituto, a placa do Pacífico se ajusta anualmente cerca de 83 mm, mas um terremoto de grande magnitude pode movê-la consideravelmente, com consequências catastróficas.

Gráfico do site do Serviço Geológico dos EUA mostra tremores secundários ocorridos desde sexta na costa japonesa (Foto: Reprodução)



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