O musical "Cazuza Pro Dia Nascer Feliz", que estreou nesta segunda (7) no Teatro Net Rio, em Copacabana, Rio de Janeiro, mostra que o poeta está vivo e muito vivo. A voz do protagonista Emílio Dantas impressiona pela tamanha semelhança com a do cantor. Basta fechar os olhos por alguns segundos para ter a sensação que Cazuza está lá, presente, fazendo um show ao vivo, que faz rir, emociona e arrepia.
"O Cazuza está comigo em todos os momentos, tenho certeza que ele está aqui também. A única coisa que me restou foram as lembranças e eu vivo delas com muita saudade", conta Lucinha Araújo, que garante não enjoar de assistir ao espetáculo.
"Vi o filme mais de 20 vezes. Quero ver se vejo a peça pelo menos uma vez por semana".
O espetáculo mostra uma linda relação de amor de uma mãe e filho: a passarinha, como carinhosamente ela era chamada pelo filho, uma mãe zelosa, que protegia, fuçava, cantava e recebia em troca muito amor do filho.
No musical, Cazuza aparece com seu jeito espontâneo, intenso, brincalhão. Com bom humor, a peça aborda, sem pudor, temas como drogas e a homossexualidade do cantor é marcada em alguns momentos por romantismo com momentos de Cazuza e Ney Matogrosso e com Sérgio Maciel. A dificuldade de Lucinha de aceitar que o filho é gay também é tratada na peça.
"A vida da gente está ali no palco. É uma loucura, dá vontade de chorar, de morrer, sinto muita saudade. O Emílio é incrível, a voz dele é algo impressionante", diz Serginho, ex-namorado de Cazuza.
Os personagens de Bebel Gilberto (Yasmin Gomlevsky), Ezequiel Neves (André Dias) e até Caetano Veloso (Dezo Mota) tem um tom de humor, que arranca boas risadas do público.
"Foi muito engraçado a cena em que eu apareço no palco. O pessoal deu risada e eu ri junto também. Esse ator (Emílio Dantas) é fantástico, ele imita igualzinho o Cazuza", disse Caetano enquanto devorava um saco de pipoca no intervalo da peça, que no total tem 2h30 de duração.
O espetáculo, de Aloísio de Abreu e direção de João Fonseca, reúne os maiores clássicos de Cazuza no Barão Vermelho e em carreira solo. "Pro dia nascer feliz", "Bete Balanço", "Ideologia" e "Codinome Beija-Flor" são apenas algumas delas, que ora emocionam, ora empolgam e fazem o público cantar junto e aplaudir.
No segundo ato da peça, a luta de Cazuza contra o HIV emociona e impressiona. Até Zeca Camargo, que entrevistou Cazuza em 1989, aparece na peça. O cantor resolve admitir que está com AIDS para o jornalista, que na época, trabalhava na Folha de São Paulo.
Cazuza era sincero, rebelde e teimoso. Muito teimoso. Fumou, bebeu e usou drogas até quando pode: o musical retrata bem o jovem poeta que viveu intensamente, uma vida louca, vida breve.
Em tempo de protestos no país, o encerramento da peça emociona com o intérprete de Cazuza segurando a bandeira do Brasil e cantando "Brasil mostra a tua Cara". O coro do público é inevitável e já faz parte do show.
Carinhosamente, Emílio chamou Lucinha para subir no palco. "Vem pra cá, mamãe". Os dois se abraçam. Emocionada, Lucinha revive momentos e mata as saudades do seu único filho.
Exagerado
Como a vida de Cazuza foi curta. Ele morreu aos 32 anos em 1990, o autor procurou contar a história de forma ágil, avançando sempre a partir da virada da carreira do cantor: a descoberta do teatro, o gosto pelo rock, o momento em que resolve montar uma banda, o estouro, as brigas, a carreira solo e a descoberta da doença.
Serviço
Cazuza Pro Dia Nascer Feliz, o Musical
Quando: quinta e sexta, às 21h; sábado, às 18h e às 21h30; domingo, às 19h
Onde: Theatro Net Rio - Rua Siqueira Campos, 143, 2º Piso, Copacabana
Quanto:
Plateia – R$ 150
Frisas – R$ 150
Balcão – R$ 100
Pontos de venda:
- internet: www.ingressorapido.com.br
- telefone: 4003.1212
- bilheteria do teatro: de segunda a domingo, das 10h às 22h, inclusive feriados
Forma de pagamento: são aceitos todos os cartões de crédito e débito ou dinheiro. Não aceitam cheques
Classificação: 16 anos
Mais informações: (21) 2147.8060
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