sexta-feira, 6 de junho de 2014

Maria Bethânia volta à infância em novo disco, 'Meus Quintais'

Em 2015, Maria Bethânia fará um grande show comemorativo de 50 anos de carreira. Em algum momento desse show, "como contraponto", estará parte do repertório de "Meus Quintais", CD intimista que lança agora, marcado de referências à sua infância, à vida em Santo Amaro da Purificação (BA). "Esse disco tem uma coisa melancólica, de suavidade. Clarice Lispector diz uma coisa que eu adoro: ficar triste é suave", diz a cantora. Bethânia vem de três grandes perdas nos três últimos anos: sua irmã Nicinha (2011), sua mãe, Canô (2012), e seu "mestre", o diretor de teatro Fauzi Arap (2013). "Fauzi me ensinou a andar e me preparou para quando fosse embora. Minha mãe e ele fizeram isso direitinho. Mãe Maria aqui vai dar conta do recado." "Mãe Maria", de Custódio Mesquita e David Nasser, é a música que Bethânia volta a cantar, representando a passagem de bastão de sua mãe para ela.

Em seguida vêm duas canções-lendas: "Uma Iara", de Adriana Calcanhotto, e "Moda da Onça", recolhida por Paulo Vanzolini. Títulos de outras faixas indicam o mesmo tom: "Casa de Caboclo", "Xavante", "Candeeiro Velho", "Arco da Velha Índia", "Povos do Brasil". "No 'Brasileirinho' [2003] eu estava falando do povo brasileiro. Agora estou falando de um sentimento de uma pessoa. Mas também é sobre o Brasil, porque sou brasileira, moro aqui", reconhece. "Acho que esse disco meu é um grito. Mas suave. Não precisa ficar só no 'pega, mata e come'. Fazer um disco assim é um grito que precisa ser dado", diz. Bethânia diz que não lê jornal. Sabe das notícias pela TV. É suficiente para que fique "zangadíssima" com coisas que acontecem no país. E para apoiar uma reivindicação das manifestações de rua. "Gosto quando vejo gente dizendo: quero mais dinheiro para os meninos estudarem. Aplaudo, me comovo. Prioridade é essa, educação. Se há greve e fica um mês sem aula, é porque a situação está ruim. Tem que chiar mesmo", afirma. Eleições, segundo ela, são sua última preocupação. E vai assistir à Copa lamentando que não venha seu ídolo, Ibrahimovic, pois a seleção da Suécia foi eliminada. Bethânia diz que ainda sobe em árvores do quintal de sua família. "Não acho graça nenhuma em criança que brinca sem saber subir em árvore." E afirma que, ao contrário de Roberto Carlos, não tem receio de que escrevam sua biografia."Eu sei muito bem quem eu sou. O Brasil sabe muito bem quem eu sou." LUIZ FERNANDO VIANNA é coordenador de internet do Instituto Moreira Salles.
MEUS QUINTAIS
ARTISTA Maria Bethânia
GRAVADORA Biscoito Fino
QUANTO R$ 29,90

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