quinta-feira, 17 de julho de 2014

Ex-árbitro Armando Marques morre aos 84 anos no Rio de Janeiro

O ex-árbitro Armando Marques morreu na madrugada desta quinta-feira aos 84 anos de idade, vítima de um quadro grave de insuficiência renal, no Centro de Emergência Regional do Leblon, no Rio de Janeiro. Polêmico, ele foi presidente da Comissão Nacional de Arbitragem e protagonizou lances que geraram muitas discussões em alguns jogos que apitou na carreira. Considerado como um dos principais nomes da arbitragem brasileira, Armando Marques apitou quase todas as decisões do Campeonato Brasileiro entre 1962 e 1973, além de finais estaduais como a do Paulistão de 1973, uma de suas maiores polêmicas. O jogo entre Santos e Portuguesa foi para os pênaltis, e quando o time santista vencia por 2 a 0, mas a Lusa ainda tinha duas cobranças a fazer, Armando Marques encerrou o jogo e decretou a vitória do Peixe. Em entrevista ao Programa do Jô, em abril deste ano, o ex-árbitro falou sobre o episódio. "Contei quatro como cinco. Para você ver a porcaria de economista que eu era", disse, em referência a sua formação. "Não entrava na minha cabeça que eu não vi o Pelé cobrar, como é que eu não vi? Eu devia estar meio louco aquele dia. De vez em quando isso acontece comigo, eu fico meio cachorro danado, aí é meio perigoso", contou Marques.

Nessa entrevista, aliás, dois meses antes da Copa, Marques cornetou o jovem Neymar, maior nome da seleção brasileira atual. "Ele é um bom jogador, mas não é tão bom quanto ele pensa. Porque Pelé só teve um. Eu desafio alguém que me diga outro Pelé, outro Garrincha", afirmou. Marques definiu a carreira como marcada por alguns erros, mas fez uma restrição. "Eu nunca errei um impedimento, porque eu sempre ficava na linha do último defensor. Errei pênalti, errei gol, mas nunca errei impedimento". Ao longo da carreira, o estilo polêmico e duro do árbitro gerava atritos. "Tínhamos rusgas, ele às vezes não concordava com o que a gente propunha. Tivemos pequenas e grandes brigas, porque eu lutava pelo interesse da classe e nem sempre ele aceitava isso", diz o ex-árbitro Márcio Resende Freitas, que foi presidente da Associação Nacional de Árbitros quando Marques era presidente da Comissão Nacional de Arbitragem. "Ele era muito duro, não aceitava ponderações. Ele era um árbitro de coragem, de expor as ideias, e colocava as coisas para fora. Extravasava com força excessiva até. Era o estilo dele. Respeito muito a figura do Armando Marques", disse Freitas a reportagem do UOL.

O ex-árbitro e advogado Giuliano Bozzano lamenta a perda, ressaltando também o caráter enérgico de Marques. "Armando era exemplo de pessoa íntegra, corajosa, sincera, sempre disposto a lutar pela arbitragem. Algumas vezes de forma impetuosa. Entretanto, seu ímpeto tinha como objetivo dar força as suas decisões e principalmente motivar seus comandados. Fica um exemplo a todos que conhecem sua linda história." Entre seus comandados, Marques marcou época. "Minha geração toda surgiu com ele. Era quem nos formou, nossa personalidade e todos que foram comandados com ele estão com profunda tristeza, é uma referência ímpar. Era dono de uma personalidade muito forte, e ao mesmo tempo, como dirigente, ele não se importava de destruir a imagem dele perante o público para defender seus comandados. Conhecimento técnico e de regra do jogo era fantástico.

Ele não precisava ser simpático para ter nosso respeito. Foi um grande líder, será lembrado por muito tempo como formador da nossa geração." Armando Marques foi chefe da arbitragem brasileira durante oito anos, e caiu em 2005, depois de não resistir aos escândalos que envolveram a manipulação de resultados no Campeonato Brasileiro daquele ano, que culminou com a anulação de 11 jogos e acabou com as carreiras de Edílson Pereira de Carvalho e Paulo José Danelon.

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