James Garner, falecido na madrugada de domingo em Los Angeles, EUA, aos 86 anos de idade, era mais conhecido dos espectadores americanos pelas séries televisivas que dele fizeram uma estrela: Maverick (1957-1960) e The Rockford Files (1974-1980).
Mas lembrar-se-á dele por três dos seus papéis no grande écrã. Em A Grande Evasão (1963), de John Sturges, contracenava com Steve McQueen e Richard Attenborough na história inspirada por factos verídicos de uma fuga de um campo de prisioneiros alemão durante a II Guerra Mundial. Em Victor/Victoria (1982), de Blake Edwards, era ele o gangster de Chicago que, na Paris dos anos 1920, se apaixonava pela cantora lírica (Julie Andrews) que se fazia passar por travesti para obter emprego; em Space Cowboys (2000), de Clint Eastwood, era um dos quatro astronautas frustrados e reformados chamados pela NASA para uma missão de emergência.
No entanto, Garner, falecido na madrugada de domingo em Los Angeles aos 86 anos de idade, está indelevelmente ligado a duas das séries mais populares de sempre da televisão americana, que combinavam em doses iguais comédia e acção. Em Maverick, era um jogador que percorria o velho Oeste; apesar do sucesso da série, abandonou-a em 1960 na sequência de disputas com o estúdio produtor, embora tivesse regressado ao papel 20 anos depois numa nova versão que apenas durou uma temporada, e participado na adaptação cinematográfica realizada em 1994 por Richard Donner com Mel Gibson e Jodie Foster.
The Rockford Files (que, curiosamente, nunca foi exibida em Portugal) era assumida como uma variação policial contemporânea sobre Maverick, com Garner como detective privado em vez de jogador; o êxito da série, que daria ainda origem a uma série de telefilmes entre 1994 e 1997, permitir-lhe-ia trabalhar ao seu próprio ritmo e sem ter de fazer concessões aos estúdios.
Garner foi nomeado uma única vez para os Óscares, por O Romance de Murphy (1985), onde Sally Field e o realizador Martin Ritt tiveram de lutar para o impor contra a vontade do estúdio produtor.
Entre outros filmes seus contam-se Grande Prémio (1966), de John Frankenheimer, sobre o circo da Fórmula 1; Marlowe, Detective em Acção (1969), de Paul Bogart, uma das mais curiosas adaptações ao cinema dos romances de Raymond Chandler sobre o detective Philip Marlowe; ou Hollywood 1929 (1988), comédia de Blake Edwards sobre os tempos áureos do cinema mudo. Mas o seu preferido de entre todos os filmes que interpretou era Herói Precisa-se, sátira anti-militarista de 1964 assinada por Arthur Hiller, onde contracenava com Julie Andrews e Melvyn Douglas.
Natural do estado do Oklahoma, Garner não chegou a terminar o liceu, servindo primeiro na Marinha Mercante e depois no exército americano durante a guerra da Coreia (onde foi por duas vezes ferido em combate e condecorado). Caso raro, mesmo em Hollywood, o actor era casado há 58 anos – conheceu a esposa num comício do candidato a presidente Adlai Stevenson em 1956 e deram o nó duas semanas depois. O seu último papel de destaque no cinema foi em O Diário da Nossa Paixão (2004) de Nick Cassavetes e desde 2008 que, na sequência de um AVC, não era visto em público.
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