domingo, 20 de julho de 2014

James Garner (1928-2014): morreu o gangster de Victor/Victoria e o Maverick original

James Garner, falecido na madrugada de domingo em Los Angeles, EUA, aos 86 anos de idade, era mais conhecido dos espectadores americanos pelas séries televisivas que dele fizeram uma estrela: Maverick (1957-1960) e The Rockford Files (1974-1980). Mas lembrar-se-á dele por três dos seus papéis no grande écrã. Em A Grande Evasão (1963), de John Sturges, contracenava com Steve McQueen e Richard Attenborough na história inspirada por factos verídicos de uma fuga de um campo de prisioneiros alemão durante a II Guerra Mundial. Em Victor/Victoria (1982), de Blake Edwards, era ele o gangster de Chicago que, na Paris dos anos 1920, se apaixonava pela cantora lírica (Julie Andrews) que se fazia passar por travesti para obter emprego; em Space Cowboys (2000), de Clint Eastwood, era um dos quatro astronautas frustrados e reformados chamados pela NASA para uma missão de emergência.

No entanto, Garner, falecido na madrugada de domingo em Los Angeles aos 86 anos de idade, está indelevelmente ligado a duas das séries mais populares de sempre da televisão americana, que combinavam em doses iguais comédia e acção. Em Maverick, era um jogador que percorria o velho Oeste; apesar do sucesso da série, abandonou-a em 1960 na sequência de disputas com o estúdio produtor, embora tivesse regressado ao papel 20 anos depois numa nova versão que apenas durou uma temporada, e participado na adaptação cinematográfica realizada em 1994 por Richard Donner com Mel Gibson e Jodie Foster. The Rockford Files (que, curiosamente, nunca foi exibida em Portugal) era assumida como uma variação policial contemporânea sobre Maverick, com Garner como detective privado em vez de jogador; o êxito da série, que daria ainda origem a uma série de telefilmes entre 1994 e 1997, permitir-lhe-ia trabalhar ao seu próprio ritmo e sem ter de fazer concessões aos estúdios. Garner foi nomeado uma única vez para os Óscares, por O Romance de Murphy (1985), onde Sally Field e o realizador Martin Ritt tiveram de lutar para o impor contra a vontade do estúdio produtor.

Entre outros filmes seus contam-se Grande Prémio (1966), de John Frankenheimer, sobre o circo da Fórmula 1; Marlowe, Detective em Acção (1969), de Paul Bogart, uma das mais curiosas adaptações ao cinema dos romances de Raymond Chandler sobre o detective Philip Marlowe; ou Hollywood 1929 (1988), comédia de Blake Edwards sobre os tempos áureos do cinema mudo. Mas o seu preferido de entre todos os filmes que interpretou era Herói Precisa-se, sátira anti-militarista de 1964 assinada por Arthur Hiller, onde contracenava com Julie Andrews e Melvyn Douglas. Natural do estado do Oklahoma, Garner não chegou a terminar o liceu, servindo primeiro na Marinha Mercante e depois no exército americano durante a guerra da Coreia (onde foi por duas vezes ferido em combate e condecorado). Caso raro, mesmo em Hollywood, o actor era casado há 58 anos – conheceu a esposa num comício do candidato a presidente Adlai Stevenson em 1956 e deram o nó duas semanas depois. O seu último papel de destaque no cinema foi em O Diário da Nossa Paixão (2004) de Nick Cassavetes e desde 2008 que, na sequência de um AVC, não era visto em público.

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