Mas o sinal mais eloqüente de que algo grave ocorre na Record foi a exibição, no domingo, 13, de uma reportagem de 39 minutos sobre um fenômeno religioso, encontrado em diferentes práticas neopentecostais, que o “Domingo Espetacular” ironizou chamando de “cai-cai”.O apelido maldoso deve-se ao fato de que, tocados de leve por um pastor durante os cultos, os fiéis desfalecem, como que por mágica.
Na prática, a reportagem foi um ataque impiedoso aos pastores que fazem apologia desta prática, com o objetivo de alertar eventuais fiéis de que o “cai-cai” é, na verdade, charlatanismo ou obra do demônio. Contrariando uma regra elementar do bom jornalismo, a Record não ouviu nenhuma voz em defesa dos religiosos atacados ao longo dos intermináveis 39 minutos da matéria.
Dentro da emissora, o ataque ao “cair no espírito”, como também é conhecida a prática, foi visto como uma vitória de setores da Igreja Universal do Reino de Deus que defendem a utilização da Record no ataque aos adversários religiosos e, também, no esforço de recuperar o número de fiéis, que estaria em queda.A reportagem exibida no “Domingo Espetacular”, de fato, contraria a essência de todo discurso sempre defendido pelos principais nomes da emissora nos últimos anos, de que existe uma separação total entre a IURD e a Record.Este tem sido o tom das raras manifestações públicas tanto de Edir Macedo, fundador da igreja e presidente da emissora, quanto de seus principais executivos, como Honorilton Gonçalves, vice-presidente artístico e de programação, e Douglas Tavolaro, vice-presidente de jornalismo.
Procurada para comentar a reportagem do “Domingo Espetacular” e a queda a audiência do “Jornal da Record”, a emissora informou que a abordagem sobre o “cair no espírito” foi “jornalística” e que o telejornal sofre “oscilações” normais no Ibope, mas continua com vice-líder no horário.
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