Edson Valente
Do UOL, em São Paulo
Os transtornos mentais respondem pela terceira causa de afastamento do
trabalho no Brasil, de acordo com levantamentos realizados pela
Previdência Social de 2008 para cá.
Essas doenças perdem apenas para as do sistema orteomuscular, caso da
LER (Lesão por Esforço Repetitivo), e as lesões traumáticas.Muitas vezes as patologias psiquiátricas se desenvolvem a partir do que
se chama de estresse ocupacional. “Ele é ocasionado por vários
fatores”, considera Duílio Antero de Camargo, psiquiatra, médico do
trabalho e coordenador do Grupo de Saúde Mental e Psiquiatria do
Trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Universidade de São Paulo.“Ter de cumprir metas abusivas, por exemplo. Há muita cobrança, muita
competitividade nos ambientes corporativos, e a pressão que se forma
leva às alterações.”
Ansiedade
Vendedores que precisam cumprir metas quase impossíveis; executivos que
tomam decisões vitais para a companhia; policiais, bombeiros e
seguranças, que correm risco iminente de morte; profissionais da saúde,
cuja responsabilidade é salvar vidas. O distúrbio adquire várias
facetas, como a Síndrome do Pânico.Entre os males, o mais comum é a depressão. “Em determinados anos,
responde por mais de 50% dos afastamentos por transtorno mental”,
contabiliza Camargo.Como ela é mais comum entre as mulheres – na proporção de 3 para cada
homem –, diz o médico, sua incidência predomina nas ocupações em que há
mais profissionais do sexo feminino. “É muito verificada entre
professoras”, comenta.E também se relaciona à fase da vida da mulher. “Pode aparecer quando
ela está mais vulnerável, como após o nascimento de um filho ou na
menopausa, períodos em que há várias alterações na parte
endocrinológica.”Segunda colocada no ranking das causas de afastamento por doença
psiquiátrica, a ansiedade pode estar associada a transtornos de estresse
pós-traumático – eles surgem depois de acidentes graves com risco de
morte.Policiais e bombeiros são tradicionalmente os profissionais mais
afetados, mas bancários, bastante sujeitos a assaltos, e caminhoneiros,
que sofrem sequestros relâmpago sobretudo nas madrugadas, entraram para o
grupo de risco.Em terceiro lugar da lista estão as perturbações originadas pelo
consumo de substâncias psicoativas, como álcool, maconha e cocaína. Elas
atacam principalmente quem lida com aspectos sociais que a maioria das
pessoas prefere evitar, caso de lixeiros e coveiros.
10º
Lugar: Policial. De acordo com a Isma-BR (International Stress
Management Association no Brasil), 62% da população brasileira
economicamente ativa sofre de estresse. morgueFile
Esgotamento
Um dos distúrbios característicos do mercado de trabalho atual é o Burnout, uma síndrome de esgotamento profissional.“Acomete pessoas perfeccionistas, que fazem do trabalho uma missão de
vida e, quando não veem resultado ou reconhecimento, não conseguem mais
realizar as tarefas às quais sempre se dedicou”, descreve o psiquiatra
do HC.Nesses casos, mais uma vez os professores são as grandes vítimas.
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