segunda-feira, 30 de maio de 2011

EDUCAÇÃO FALIDA:Ensino de ponta-cabeça

AGORA SP

Em matéria de ensino, as coisas mais esquisitas acontecem no Brasil. Já se conhecia bem o caso dos alunos que passam de ano sem saber ler. Há também os professores que gazeteiam aula enquanto os alunos esperam na classe. Existem os alunos que batem nos professores. Muitas escolas não têm biblioteca. Professores não recebem o suficiente para suas necessidades mais básicas. Mas há sempre novidades para mostrar o absurdo da situação. Um novo fenômeno ocorre numa escola pública de São Paulo. Como existem professores que faltam demais, a diretoria da Escola Estadual Padre José de Anchieta, no Brás, tomou a decisão extrema: agora, os alunos é que vão dar aulas.
Pelo menos, foram testados numa "peneira", de modo que só os melhores passam a assumir a tarefa de ensinar. Claro, não recebem nada pelo trabalho. Ana Carolina Armelin, 18 anos, nem por isso está descontente. Sente-se, com razão, orgulhosa de dar aulas às crianças do fundamental.
Nota dez para ela. Nota zero para as autoridades. Depois de muito esforço para reduzir o absenteísmo dos professores, o quadro permanece longe de uma solução. E continuará, enquanto não houver mais cobrança do governo sobre os profissionais do ensino, por um lado, e condições melhores de trabalho e remuneração para quem se dedica à tarefa de ensinar. Por ironia, o nome da escola homenageia o Padre José de Anchieta. O jesuíta se dedicou a ensinar e a catequizar os índios lá pelos idos de 1500.
A cidade de São Paulo começou com um colégio. Parece ter se esquecido disso. Quem sabe, uma hora dessas, o espírito do padre aparece por lá e ajuda os alunos a dar uma aulinha.
Preguiça e drogas lideram a evasão escolar

Adriana Ferraz
do Agora
O trabalho deixou de ser o vilão da evasão escolar no Estado. O avanço do consumo de drogas e mesmo a preguiça passaram a liderar os motivos que ainda tiram crianças e jovens das salas de aula.
Há duas explicações para essa mudança: a popularização dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Família --que atrela a manutenção do benefício à frequência do aluno--, e a progressão continuada, modelo no qual o aluno progride sem repetir de ano.
Ambos fixam o jovem na escola, mas exigem que ele não trabalhe. O primeiro convence pelo pagamento em dinheiro; o segundo, pela chance de progredir sem o risco da repetência (desde que o aluno não falte muito).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...