ASSISTA ABAIXO,NA ÍNTEGRA, A ENTREVISTA DE NEY NO RODA VIVA COM MARÍLIA GABRIELA
Ney de Souza Pereira
1/8/1941 Bela Vista, MS
BIOGRAFIA
Filho de militar, morou no Recife, em Salvador, no Rio de Janeiro e em Campo Grande. Aos 17 anos de idade, deixou a casa de sua família, decidido a ingressar na Aeronáutica. Trabalhou no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília.
Mais tarde, passou a fazer recreação com crianças. Integrou, nessa época, um quarteto vocal, com o qual participou de um festival universitário e chegou a atuar em um programa de televisão. Em 1966 viajou para o Rio de Janeiro, decidido a ser ator. Para se manter, trabalhou com confecção e venda de peças de artesanato em couro. Adepto da filosofia hippie, viveu, nesse período, entre o Rio, São Paulo e Brasília, até conhecer João Ricardo, que procurava um cantor de voz aguda para formar um conjunto musical.
CARREIRA
Em 1971, mudou-se para São Paulo e passou a integrar, juntamente com João Ricardo e Gerson Conrad, o Secos e Molhados. Adotando o nome artístico de Ney Matogrosso, ensaiou durante um ano com o grupo, com o qual estreou profissionalmente em 1973, realizou diversos shows e gravou dois LPs com muito sucesso. Com a dissolução dos Secos e Molhados, no ano seguinte, iniciou carreira solo.
Em 1975, gravou seu primeiro LP como artista solista, "Ney Matogrosso", com destaque para a canção "América do Sul" (Paulo Machado). Em seguida, apresentou-se no Rio e em São Paulo, singularizando-se no cenário artístico por sua voz aguda e por sua performance em palco, apresentando-se maquiado e fantasiado. Trabalhou em Milão com Astor Piazzolla, com quem gravou um compacto duplo.
Lançou, em 1976, o LP "Bandido", obtendo sucesso com a faixa "Bandido corazón" (Rita Lee), e, no ano seguinte, o LP "Pecado", contendo "Da cor do pecado" (Bororó), "Tigresa" (Caetano Veloso), "San Vicente" (Milton Nascimento e Fernando Brant) e "Sangue latino" (João Ricardo e Paulinho Mendonça), entre outras canções.
Em 1978, gravou o LP "Feitiço", com destaque para as canções "Bandolero" (Luli e Lucina) e "Não existe pecado ao sul do Equador" (Ruy Guerra e Chico Buarque).
No ano seguinte, apresentou o show "Seu tipo", lançando LP homônimo, no qual registrou a faixa-título (Luiz Carlos Goes e Eduardo Dusek), "Dor medonha" e "Rosa de Hiroshima" (Gerson Conrad e Vinicius de Moraes), entre outras.
Em 1980, gravou o LP "Sujeito estranho", incluindo as faixas "Ando meio desligado" (Sergio Dias, Arnaldo Baptista e Rita Lee), "Um índio" (Caetano Veloso) e "Doce vampiro" (Rita Lee), entre outras.
No ano seguinte, sua interpretação de "Homem com H" (Antônio Barros), registrada no LP "Ney Matogrosso", obteve muita repercussão. O disco incluiu ainda a faixa "Cubanakan" (Moisés Simon, Sauvat e Champfleury), entre outras.
Em 1981, a Continental lançou um LP contendo a gravação do espetáculo realizado em 1974 com o grupo Secos e Molhados no Maracanãzinho.Em 1982, apresentou-se no Canecão (RJ), com o show "Matogrosso", lançando LP homônimo, com destaque para as canções "Por debaixo dos panos" (Cecéu), "Deixar você" (Gilberto Gil) e "Tanto mar" (Chico Buarque).
Completando dez anos de sua estréia no cenário artístico e já tendo recebido dois Discos de Platina e dois Discos de Ouro, realizou, em 1983, sua primeira turnê pela Europa, com destaque para sua apresentação, ao lado de Alceu Valença, Milton Nascimento e Wagner Tiso, na Noite Brasileira do Festival de Montreux (Suíça), registrada em disco. Ainda nesse ano, gravou o LP "Pois é", contendo um pout-pourri com sucessos de sua carreira, além das canções "Coração civil" (Milton Nascimento e Fernando Brant), "Babalu" (Margarita Lecuona) e "Pro dia nascer feliz" (Roberto Frejat e Cazuza), entre outras.
Em 1984, alugou a lona do Circo Tihany e montou o espetáculo "Destino de aventureiro", que permaneceu em cartaz durante cinco meses no Rio e seguiu em turnê pelo Brasil. Nesse mesmo ano, gravou LP homônimo, contendo as canções "Por que a gente é assim" (Roberto Frejat, Ezequiel Neves e Cazuza) e "Vereda tropical" (G. Curriel), entre outras. Por esse trabalho, foi contemplado com um Disco de Ouro e um Disco de Platina.
Em 1986, lançou o LP "Bugre", registrando suas composições "Dívidas de amor" (c/ Leoni) e "Vertigem" (c/ RPM), além de "Balada do louco" (Arnaldo Baptista) e "Las muchachas de Copacabana" (Chico Buarque), entre outras.
No ano seguinte, apresentou-se pela primeira vez sem maquiagem e fantasias, no show "Pescador de pérolas", gravado ao vivo. No repertório, canções como "O mundo é um moinho" (Cartola), "Segredo" (Marino Pinto e Herivelto Martins) e "Dora" (Dorival Caymmi), entre outras.
Em 1988, gravou o LP "Quem não vive tem medo da morte", contendo as faixas "Felicidade zen" (Tavinho Paes e Arnaldo Brandão), "Dama do cassino" (Caetano Veloso) e "Todo sentimento" (Chico Buarque e Cristóvão Bastos), entre outras. Ainda nesse ano, lançou, com Wagner Tiso e João Carlos Assis Brasil, o LP "A Floresta do Amazonas - Villa-Lobos".
Em 1989, lançou o LP "Ney Matogrosso ao vivo".
Apresentou-se com o violonista Raphael Rabello, com quem gravou, em 1990, o disco "À Flor da pele", contendo "Modinha" (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), "Retrato em preto e branco" (Chico Buarque e Tom Jobim), "Molambo" (Jayme Florence e Augusto Mesquita), "No rancho fundo" (Ary Barroso e Lamartine Babo) e "O mundo é um moinho" (Cartola), entre outras.
Em 1993, lançou, com o grupo Aquarela Carioca, o CD "As aparências enganam" e dirigiu o Prêmio Sharp, que nessa edição homenageou os cantores Cauby Peixoto e Ângela Maria. Ainda nesse ano, foi publicada a biografia "Ney Matogrosso - um cara meio estranho" de autoria de Denise Pires Vaz.
Em 1994, lançou o CD "Estava escrito", interpretando canções do repertório de Ângela Maria, como "Desejo" (Paulo Marques e Othon Russo), "Balada triste" (Esdras Silva e Dalton Vogeler) e "Amendoim torradinho" (Henrique Beltrão).No ano seguinte, realizou turnê de shows pelo Brasil, com as músicas do disco "Estava escrito".
Homenageou Chico Buarque, registrando obras do compositor no disco "Um brasileiro", lançado em 1996.
Em 1997, lançou o CD "O cair da tarde", contendo exclusivamente composições de Villa-Lobos e de Tom Jobim. Realizou shows de lançamento do disco ao lado de Leandro Braga e do grupo Uákti.
Em 1999, gravou o CD "Olhos de farol", com músicas de Pedro Luís ("Miséria no Japão"), Paulinho Moska ("Gotas de tempo puro") e Luis Tatit ("Depois melhora"), entre outros. Apresentou-se no Canecão (RJ), realizando show homônimo, no qual interpretou o repertório do disco e sucessos dos Secos & Molhados, como "O vira", "Rosa de Hiroshima", "Sangue latino" e "Mulher barriguda". O show foi gravado ao vivo.
Em 2000, lançou o CD "Vivo", comemorativo dos 25 anos de carreira solo, contendo a gravação do show realizado em 1999 no Canecão. Ainda em 2000, voltou a apresentar-se nessa casa de espetáculos, com show de lançamento do CD "Vivo". Nesse mesmo ano, atuou, ao lado do grupo Nó em Pingo D'Água, em shows realizados no Sesc Pompéia (SP). Ainda em 2000, participou do projeto "Pão Music", que teve como tema os 500 anos do descobrimento do Brasil, dividindo o palco armado na Praia de Ipanema com o angolano Filipe Mukenga.
Em 2001, lançou o CD "Batuque", registrando obras dos anos 1920, 1930 e 1940, como "De papo pro ar" (Joubert de Carvalho e Olegário Mariano), "Tico-tico no fubá" (Zequinha de Abreu) e "O que é que a baiana tem?" (Dorival Caymmi). O disco contou com a participação do conjunto Nó em Pingo D’Água, além de Leandro Braga, Ricardo Silveira, Marcio Montarroyos, Marcos Suzano, João Lyra, Marcelo Gonçalves, Zé da Velha e Jorge Helder.
Em 2002, gravou o CD "Ney Matogrosso interpreta Cartola", registrando obras do compositor da Mangueira, como "O sol nascerá (A sorrir)" (c/ Elton Medeiros), "Corra e olhe o céu" (c/ Dalmo Castello), "As rosas não falam", "Acontece" e "Tive sim", entre outras.
Ao longo de sua carreira, apresentou-se diversas vezes no exterior, realizando turnês nos Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Europa e Israel, tendo sido contemplado com vários prêmios. Assinou, também, a iluminação de vários espetáculos, com destaque para o show "Paratodos", de Chico Buarque.
Lançou, em 2004, o CD "Vagabundo", em parceria com Pedro Luís e A Parede. Apresentou-se com o grupo, nesse mesmo ano, no Canecão (RJ) e no Claro Hall (RJ).
Em 2005, voltou ao Canecão, apresentando-se ao lado de Pedro Luís e A Parede. Nesse mesmo ano, lançou, em CD e DVD, "Canto em qualquer canto", acompanhado por um quarteto de cordas formado por Marcelo Gonçalves (violão de 7 cordas), Pedro Jóia (alaúde e violão), Ricardo Silveira (guitarra e violão) e Zé Paulo Becker (viola e violão). No repertório, as canções "Ardente" (Joyce), "Amendoim torradinho" (Henrique Beltrão), "Bamboleô" (André Filho), "Dos Cruces" (Carmelo Larrea), "Retrato marrom" (Rodger Rogério e Fausto Nilo), "Oriente" (Gilberto Gil), "Bandolero" (Luli e Lucina), "O doce e o amargo" (João Ricardo e Paulinho Mendonça), "Lábios de mel" (Waldir Rocha), "Tanto amar" (Chico Buarque), "Já te falei" (Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown, Marisa Monte e Dadi Carvalho) e a faixa-título (Itamar Assumpção e Ná Ozzeti), além das inéditas "Uma canção por acaso" e "Duas nuvens", ambas de Pedro Jóia e Tiago Torres da Silva). A produção musical foi assinada por João Mário Linhares.
Em 2006, lançou, com Pedro Luís & A Parede, o CD "Vagabundo - ao vivo". Nesse mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio Tim de Melhor Cantor, na categoria MPB.
Em 2007, estreou no Citibank Hall (SP) o show "Inclassificáveis", acompanhado por Carlinhos Noronha (baixo), Júnior Meirelles (guitarra e violão), Sérgio Machado (bateria), DJ Tubarão (percussão e pick-up) e Felipe Roseno (percussão), além do antigo companheiro do grupo Secos & Molhados Emilio Carrera (piano, teclado e direção musical), com figurinos de Ocimar Versolato e cenário de Milton Cunha, e iluminação assinada em parceria com Juarez Farinon. No repertório, canções de Cazuza (“O tempo não pára”, com Arnaldo Brandão; Por que a gente é assim, com Ezequiel Neves e Frejat; e “Pro dia nascer feliz”, com Frejat), além de “Veja bem, meu bem” (Marcelo Camelo), “Mal necessário” (Mauro Kwitko), “Cavaleiro de Aruanda” (Tony Osanah), “Ode aos ratos” (Edu Lobo e Chico Buarque), “Sea” (Jorge Drexler), “Coisas da vida” (Alzira Espíndola e Itamar Assumpção), “Mente, mente” (Robinson Borba), “Lema” (Lokua Kanza), “Simples desejo” (Daniel Carlomagno e Jair de Oliveira) e a canção que dá título ao espetáculo, de autoria de Arnaldo Antunes, entre outras.
No início de 2008, apresentou o espetáculo “Inclassificáveis” no Canecão (RJ). Nesse mesmo ano, lançou CD homônimo com o registro do show.
Atuou no curta-metragem “Depois de tudo” (2008), dirigido por Rafael Saar, e no filme “Luz nas trevas” (2009), dirigido por Helena Ignez, com roteiro de Rogério Sganzerla.
Em 2009, lançou o CD “Beijo bandido”, contendo as canções “As ilhas” (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro), “Tango para Teresa (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), “De cigarro em cigarro” (Luiz Bonfá), “A bela e a fera” (Edu Lobo e Chico Buarque) e “Mulher sem razão” (Cazuza, Dé Palmeira e Bebel Gilberto), além da inédita “A cor do desejo” (Júnior Almeida e Ricardo Guima), entre outras. Ainda em 2009, recebeu o Prêmio Shell de Música pelo conjunto da obra.
Em 2010, apresentou-se no Canecão, em show de lançamento do CD “Beijo bandido”, acompanhado dos músicos Leandro Braga (piano), Lui Coimbra (cello e violão), Ricardo Amado (violino e bandolim) e Felipe Roseno (percussão). Nesse mesmo ano, foi lançado pela Biscoito Fino o DVD “Ensaio – Ney Matogrosso”, registro do programa exibido pela TV Cultura em 1990, no qual o cantor concede entrevista a Fernando Faro e interpreta, acompanhado por Raphael Rabello (violão) e Don Chacal (percussão), as seguintes canções: “Sangue latino” (João Ricardo e Paulinho Mendonça), “O tic-tac do meu coração” (Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva), “Da cor do pecado” (Bororó), “Rosa de Hiroshima” (Vinicius de Moraes e Gerson Conrad), “Balada do louco” (Arnaldo Baptista e Rita Lee), “Dos cruces” (Carmela Larrea), “Vereda tropical” (Gonzalo Curivel), “Alma Llanera” (Pedro Elias Gutierrez), “A lua girou” (domínio público), “O mundo é um moinho” (Cartola), “Molambo” (Jayme Florence e Augusto Mesquita), “Segredo” (Herivelto Martins e Marino Pinto) e “Oh! Lua” (Alfredo Gregório).
Em 2011, lançou o DVD e CD “Beijo bandido” - registro do show homônimo gravado no ano anterior no Teatro Municipal do Rio de Janeiro -, com show no espaço Vivo Rio (RJ). O espetáculo teve arranjos e direção musical de Leandro Braga. No repertório, “Bicho de sete cabeças” (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha), “Medo de amar” (Vinicius de Moraes), “Tango para Teresa” (Evaldo Gouveia e Jair Amorim), “De cigarro em cigarro” (Luiz Bonfá), “Segredo” (Herivelto Martins e Marino Pinto), “Mulher sem razão” (Cazuza, Dé e Bebel Gilberto), “Nada por mim” (Herbert Vianna e Paula Toller), “As ilhas” (AstorPiazolla e Geraldo Carneiro), “Doce de coco” (Hermínio de Carvalho), “Invento” (Vitor Ramil), “A distância” (Erasmo Carlos e Roberto Carlos) e ainda “Fascinação” (versão de Armando Louzada). Mais uma vez, os figurinos foram assinados por Ocimar Versolato. Assinou a direção teatral do monólogo “Dentro da noite”, em segunda temporada carioca no teatro da Casa de Cultura Laura Alvim.
DISCOGRAFIA
- (2011) Beijo Bandido (Ney Matogrosso) – EMI Music - DVD
- (2010) Ensaio – Ney Matogrosso (Ney Matogrosso) • Biscoito Fino
- (2009) Beijo bandido (Ney Matogrosso) • EMI
- (2008) Inclassificáveis (Ney Matogrosso) • EMI • CD
- (2006) Vagabundo ao vivo (Ney Matogrosso e Pedro Luís & A Parede) • Universal Music • DVD
- (2006) Vagabundo - ao vivo (Ney Matogrosso) • Universal • CD
- (2005) Canto em qualquer canto (Ney Matogrosso) • Universal Music
- (2004) Vagabundo (Ney Matogrosso e Pedro Luís & A Parede) • Universal Music
- (2002) Ney Matogrosso interpreta Cartola (Ney Matogrosso) • Universal Music • CD
- (2001) Batuque (Ney Matogrosso) • Universal Music • CD
- (1999) Olhos de farol (Ney Matogrosso) • PolyGram • CD
- (1999) Vivo (Ney Matogrosso) • Universal • CD
- (1997) O cair da tarde (Ney Matogrosso) • PolyGram • CD
- (1996) Um brasileiro (Ney Matogrosso) • PolyGram • CD
- (1996) Vinte e cinco (Ney Matogrosso) - coletânea • PolyGram • CD
- (1994) Estava escrito (Ney Matogrosso) • Mercury/PolyGram • CD
- (1993) As aparências enganam (Ney Matogrosso e Aquarela Carioca) • PolyGram • CD
- (1990) À flor da pele (Ney Matogrosso e Raphael Rabello) • Som Livre • CD
- (1989) Ney Matogrosso ao vivo (Ney Matogrosso) • CBS • CD
- (1988) Quem não vive tem medo da morte (Ney Matogrosso) • CBS • LP
- (1988) A Floresta do Amazonas - Villa-Lobos (Ney Matogrosso, Wagner Tiso e João Carlos Assis Brasil) • Kuarup
- (1987) Pescador de pérolas (Ney Matogrosso) • CBS
- (1986) Bugre (Ney Matogrosso) • Barclay/PolyGram
- (1984) Destino de aventureiro (Ney Matogrosso) • Barclay
- (1983) Pois é (Ney Matogrosso) • Barclay
- (1983) Brazil Night - Ao vivo em Montreux (Ney Matogrosso, Alceu Valença, Milton Nascimento e Wagner Tiso) • Ariola • LP
- (1982) Mato Grosso (Ney Matogrosso) • Ariola
- (1981) Ney Matogrosso (Ney Matogrosso) • Ariola
- (1980) Sujeito estranho (Ney Matogrosso) • WEA • LP
- (1979) Seu tipo (Ney Matogrosso) • Elektra/WEA
- (1978) Feitiço (Ney Matogrosso) • WEA
- (1977) Pecado (Ney Matogrosso) • Continental • LP
- (1976) Bandido (Ney Matogrosso) • Continental • LP
- (1975) Ney Matogrosso (Ney Matogrosso) • Continental • LP
- (1974) Secos e Molhados (Secos e Molhados) • Continental
- (1973) Secos e Molhados (Secos e Molhados) • Continental
- (1969) Juntos (Ney Matogrosso e Secos & Molhados) - coletânea • Continental • CD
Beijo Bandido. Show de lançamento do DVD – Vivo Rio, Rio de Janeiro (2011)
Beijo bandido. (2010) Canecão, Rio de Janeiro. - Show de lançamento do disco.
Inclassificáveis. (2008) Canecão, Rio de Janeiro.
Inclassificáveis. (2007) Citibank Hall, São Paulo.
Vagabundo. Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede. (2005) Canecão, Rio de Janeiro.
Vagabundo. Ney Matogrosso e Pedro Luís e A Parede. (2004) Canecão, Rio de Janeiro.
Ney Matogrosso, Pedro Luís e a Parede. Claro Hall, Rio de Janeiro. (2004)
Batuque. (2001) ATL Hall. Rio de Janeiro.
Vivo. (2000) Canecão. Rio de Janeiro. - Show de lançamento do disco.
Ney Matogrosso e Nó em Pingo D'água. (2000) Sesc Pompéia. São Paulo.
Ney Matogrosso e Felipe Mukenga. (2000) Praia de Ipanema. Rio de Janeiro. - Projeto Pão Music.
Olhos de Farol. (1999) Canecão. Rio de Janeiro.
O cair da tarde. Ney Matogrosso, Leandro Braga e Uákti. (1997) - Show de lançamento do disco.
Um brasileiro. (1996) Metropolitan. Rio de Janeiro.
Estava Escrito. (1994) Metropolitan. Rio de Janeiro.
As aparências enganam. (1992) Canecão. Rio de Janeiro.
À flor da pele. Ney Matogrosso e Raphael Rabello. (1990) Hotel Nacional. Rio de Janeiro.
Ney Matogrosso ao vivo. (1989) Hotel Nacional. Rio de Janeiro.
Pescador de Pérolas. (1987) Teatro Carlos Gomes. Rio de Janeiro.
Destino de Aventureira. (1984) Lona do Circo Tihany. Rio de Janeiro e outras cidades.
Ney Matogrosso, Alceu Valença, Milton Nascimento e Wagner Tiso. (1983) Noite Brasileira do Festival de Montreux (Suíça)
Matogrosso. (1982) Canecão. Rio de Janeiro.
Homem com H. (1981) Canecão. Rio de Janeiro.
Seu Tipo. (1980) Teatro Carlos Gomes. Rio de Janeiro.
Feitiço. (1978) Teatro Alaska. Rio de Janeiro.
Bandido. (1976) Teatro Ipanema, Rio de Janeiro.
Homem de Nenderthal. (1975) Hotel Nacional. Rio de Janeiro.
ENTREVISTA-RODA VIVA COM NEY MATOGROSSO-ELE FALA SOBRE AMORES,HOMOSEXUALIDADE E TUDO MAIS
Ney Matogrosso, aos 70 anos, em plena forma
"Esse menino força muito os agudos. Sua voz não vai aguentar", escreveu, cheio de razão, o crítico de música a respeito do líder da banda Secos & Molhados, sucesso vertiginoso nos anos 1970. O jornalista dava como certa a brevidade da carreira de Ney Matogrosso. Verdade seja dita: nem ele próprio achava que ia muito longe. "Eu não me via rebolando e fazendo tudo o que faço no palco com 50 anos." Ney está perto de completar setentinha e continua fazendo tudo e mais um pouco.
Voltou a trabalhar com teatro (dirige o monólogo Dentro da Noite, estrelado por Marcus Alvisi) e descobriu que sua vocação para cinema não se resume mais a pontas em curtas-metragens. Em junho ele estreia como protagonista na sequência de O Bandido da Luz Vermelha, de Ícaro Martins e Helena Ignez, viúva de Rogério Sganzerla, diretor do primeiro longa, de 1968. Ney está aberto a novos convites, e avisa: gostou de ser vilão.Mesmo com tantas atividades paralelas, não abriu mão do seu maior prazer: a música. Até o fim do ano promete lançar o esperado disco só com canções inéditas de compositores muito admirados por ele, como Jards Macalé, Itamar Assumpção, Sérgio Sampaio, entre outros "malditos" - rótulo que detesta - e de autores novos, como Vítor Pirralho, descoberto por acaso durante uma leitura de jornal em Maceió.
Ney recebeu a reportagem da Revista do Brasil em sua cobertura no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Conversou sobre tudo, com a habitual franqueza. Bem-humorado, falou de sua infância em Mato Grosso e de sua importância como diretor de Cazuza e do grupo RPM. Irritou-se apenas uma vez, quando o repórter quis saber se seu desempenho sexual também continua acompanhando seu desempenho nos palcos. O intérprete respondeu no melhor estilo Ney Matogrosso.
Revista do Brasil: Você faz parte do seleto grupo de intérpretes - ao lado de Maria Bethânia e João Gilberto - que não faz nenhum tipo de concessão na hora de gravar seus discos. Recentemente, anunciou que seu próximo disco fará homenagem aos compositores "malditos", que sempre estiveram à margem do mercado.
Ney Matogrosso: A imprensa é que inventou esse rótulo de maldito. Para mim, existe compositor bom e ruim. Eu disse que quero gravar músicas de Jards Macalé, de Itamar Assumpção, de Sérgio Sampaio. E para mim eles estão entre os melhores. Itamar, por exemplo, não é novidade para mim. Já gravei mais de dez vezes. Não estou fazendo nenhum tipo de caridade ao gravar compositores que a imprensa adora chamar de maldito. Se eles vendem discos ou não, pouco importa para mim. Eu quero sempre gravar coisa boa. E no meu próximo disco terá música de gente nova, também.
Revista do Brasil: Essa é outra característica marcante de sua carreira. Você sempre gravou canções de novos compositores. É um cantor generoso.
Ney: Gravo músicas de novos compositores por necessidade, e não por generosidade. Não componho e a maioria dos grandes compositores grava as próprias canções. Não posso me dar ao luxo de depender apenas de um grupo. Nem quero. É claro que tenho o maior prazer de divulgar o trabalho de alguém que está começando, batalhando, mas meu critério de escolha passa sempre pela qualidade. Eu ouvi, outro dia, um trabalho maravilhoso de um cantor de rap alagoano sensacional.
Revista do Brasil: Qual o nome dele?
Ney: Vítor Pirralho.
Revista do Brasil: Vítor Pirralho?
Ney: Sim. Descobri o menino por acaso. Estava no hotel em Maceió e comecei a ler uma matéria sobre ele no jornal da cidade. É um professor de Literatura que faz rap-repente antropofágico de origem afro-indígena.
Revista do Brasil: Rap-repente antropofágico de origem afro-indígena?
Ney: É (risos). Achei diferente. Primeiro, o rap dele não explora a temática do favelado. Começa por aí. Ele faz rap partindo do ponto de vista do índio, da antropofagia. Achei a ideia genial e pedi ao meu produtor que entrasse em contato com o Vítor. Ele apareceu à tarde no hotel, com seu disco, que também é muito forte musicalmente. Já escolhi uma canção para meu próximo trabalho.
Revista do Brasil: Você foi até sua cidade (Bela Vista, MS) gravar cenas para o documentário Olho Nu, que o diretor Joel Pizzini prepara em sua homenagem. Como foi gravar na casa em que você passou parte da infância? Quais são as lembranças dessa fase de sua vida?
Ney: São poucas as lembranças. Fui para o Rio com 6 anos. Gravei imagens na casa da minha avó, em que eu nasci. Caiu um vendaval nesse dia, o piso da entrada da casa estava cheio de folhas secas. Foi bonito. Eu me lembro de minha bisavó, que vivia com um chicote enrolado no pescoço para espantar galinhas e outros bichos que apareciam na casa.
Revista do Brasil: Ela nunca precisou usar o chicote em você?
Ney: Não. Eu não dei trabalho nessa fase da minha vida. Ficava com meus irmãos na varanda, olhando as pessoas passar. Uma vez, um homem, uma bicha, passou em frente de casa e as pessoas apontaram para ele, assustadas. Algumas vaiaram, outras xingaram. E ele mantinha o passo e os trejeitos. Afrontava mesmo. Aquilo me marcou muito.
Revista do Brasil: Mas você ainda não sabia que era homossexual...
Ney: Não! Só foi rolar muito mais tarde, na fase adulta.
Revista do Brasil: Você foi para o Rio com 6 anos, mas voltou a morar em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, aos 13. Na época, a distância cultural entre as duas capitais era ainda maior que hoje. Não foi difícil para você esse retorno?
Ney: Sim. Eu não queria ficar lá. Não acontecia absolutamente nada em Campo Grande. Imagine uma cidade de Mato Grosso do Sul nos anos 1950. O máximo de ousadia que a cidade se permitia era uma sessão de cinema, à meia-noite, todo mês, de um filme pornô. Todos os homens da cidade iam. Eu entrei ali uma vez e não achei a menor graça naquilo. Nem excitado fiquei. Achei apenas estranho. Muitos anos depois, já adulto, fui a um cinema em que havia um número de striptease antes do filme erótico. Ficava na Rua Aurora, na chamada Boca do Lixo, em São Paulo. Continuei não sentindo nada, e até hoje não acho a mínima graça.
Revista do Brasil: E com quantos anos você voltou para o Rio?
Ney: Com 17. Não aguentava mais a vida provinciana de Campo Grande.
Revista do Brasil: O Rio do começo dos anos 1960 era muito diferente. Você é saudoso de um Rio que não volta mais?
Ney: Não sou saudoso de nada. Mas é claro que o Rio era muito melhor para morar do que hoje. As mulheres pegavam lotação com pulseira de ouro, com colar de pérolas, e não acontecia nada. Hoje isso é impensável. Outro dia mesmo eu estava andando pelo Leblon e vi uma mulher sendo assaltada por um bando de pivetes. Ela correu na direção da praia, gritando, e os pivetes atrás. Ninguém fez absolutamente nada. Nenhum policial apareceu. A polícia está toda no morro, né? E a gente aqui, como fica?
Revista do Brasil: Em quem você votou na última eleição?
Ney: Não interessa. Não revelo o meu voto. Mas já sinto algo diferente no novo governo. Tem menos conversa-fiada. É um estilo que me agrada mais. Espero que ela (Dilma Rousseff) faça um bom governo, embora esteja cercada de alguns inimigos, do partido dela e dos outros. A gente vai precisar rezar por ela.
Revista do Brasil: Você dirigiu cantores, grupos de rock, elencos enormes no teatro. Agora está em cartaz, como diretor, do monólogo Dentro da Noite, estrelado por Marcus Alvisi. Dirigir é um de seus grandes prazeres?
Ney: Sempre foi. Agora está sendo ainda mais prazeroso porque posso me concentrar num ator só. Dirigir um elenco grande dá muito trabalho (Ney dirigiu 11 atores na peça Somos Irmãs).
Revista do Brasil: Como foi dirigir o RPM, o maior fenômeno do rock nacional de todos os tempos?
Ney: Foi ótimo.
Revista do Brasil: O grupo durou pouco. Houve problemas com drogas e disputas internas, típicos de quem faz sucesso muito rápido. Você já percebia ali um despreparo dos integrantes para a fama repentina?
Ney: Não, que nada. Eles eram meninos ótimos, tímidos até. O (Manoel) Poladian, empresário da área musical, me procurou no começo dos anos 1980. Queria que eu dirigisse uma banda de rock. Falei para ele do RPM, um grupo que ainda não era sucesso, mas estava com algumas músicas na rádio. Parecia muito interessante, mas meio cru ainda. Eu disse ao Poladian que só toparia dirigi-lo se tivesse total liberdade para fazer o que quisesse. Ele concordou, e eu comecei a trabalhar com os meninos.
Revista do Brasil: Qual foi sua principal contribuição como diretor?
Ney: Eles eram muito travados. Até o Paulo Ricardo tinha problemas para se soltar no palco. Um dia, a gente estava ensaiando debaixo de um calor terrível. Eu disse: "Por que vocês não tiram a camisa? Para que tanta roupa?" Eles ficaram se olhando, meio assustados, mas tiraram. Começou por aí (risos).
Revista do Brasil: E dirigir Cazuza, como foi?
Ney: O Cazuza era o contrário do RPM. Eu precisava torná-lo mais econômico no palco, mais introspectivo. Ele fazia aquelas loucuras todas dele: entrava com cotonete enfiado em cada orelha, botava o pau para fora. E já não era um menino e estava doente, muito debilitado fisicamente. Disse a ele para concentrar sua força no pensamento, sua principal qualidade. Fiz um figurino todo branco, bem leve. Mandei colocar uma luz bem tranquila. Ele aceitou, e deu tudo certo.
Revista do Brasil: Você também dirigiu Chico Buarque no show Paratodos. Chico é conhecido por sua timidez crônica. Tentou fazer com que ele se soltasse no palco?
Ney: Não. Chico Buarque é Chico Buarque. Há artistas que a gente não pode ter a pretensão de mudar. Eu apenas organizei as coisas ao redor dele e dei pequenos toques. Com Nelson Gonçalves foi a mesma coisa. O cara tem 50 anos de estrada. Chegou onde chegou sendo ele mesmo. Quem sou eu para dizer o que está certo ou errado?
Revista do Brasil: Como foi encarar o desafio de interpretar o protagonista de O Bandido da Luz Vermelha?
Ney: Eu já havia feito algumas participações em curtas-metragens e no longa Sonho de Valsa, da Ana Carolina. Mas nunca tinha sido convidado para viver o protagonista. Confesso que fiquei inseguro. Não por causa do tamanho do papel, mas pelo fato de a Helena (Ignez, codiretora do filme) ter me pedido para que eu não ensaiasse. Queria que eu fosse o mais espontâneo possível. Mas no fim deu tudo certo.
Revista do Brasil: Já surgiram outros convites para fazer cinema?
Ney: Já, mas nenhum me interessou. Os diretores querem que eu faça papel de veado. Eu não quero. Quero algo que esteja distante do meu universo, que signifique um desafio para mim. Gostaria muito de fazer outro bandido. Quem sabe um psicopata. Não quero ser o mocinho. Gay muito menos.
Revista do Brasil: As manifestações de homofobia aumentaram nos últimos anos. O ator Marco Audino, que o interpretou no especial Por Toda Minha Vida, foi proibido por um pastor de participar dos cultos de sua igreja. Houve o caso da agressão na Avenida Paulista...
Ney: Fiquei surpreso. Achei que o mundo estava melhorando, mas não está. Está ainda muito atrasado. Agora, ainda bem que o ator foi barrado, né? Não precisa mais frequentar a igreja. Vai fazer muito bem a ele.
Revista do Brasil: No dia 1º de agosto você completa 70 anos. Caetano Veloso disse, recentemente, que está curtindo muito seus 68 anos, que está ainda na "infância da velhice".
Ney: Eu não sinto que cheguei à velhice. O único sinal (abaixa a cabeça para mostrar a pequena calvície) é aqui: meus cabelos caíram um pouco. De resto, continuo a mesma coisa. Ainda estou ágil, flexível no palco. O curioso é que eu achava que pararia de cantar aos 50 anos. Que não passaria disso. Os críticos também diziam que a minha voz não iria durar muito, porque eu forçava demais os agudos. Tudo bobagem. Eu não senti a velhice bater ainda. Sei que ela vai chegar, mas não penso nisso.
Revista do Brasil: E sexualmente, também está no auge?
Ney: Está tudo certo.
Revista do Brasil: Nunca tomou Viagra?
Ney: Não.
Revista do Brasil: Nem pretende tomar?
Ney: Nunca tomei e nunca vou tomar. Não preciso. Você quer saber se sobe, é?
Fonte: Rede Brasil Atual
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