"O que que eu vi da vida?", perguntou-se o apresentador. "Nada. Espero viver mais uns cinquenta anos pra ver se eu consigo ver alguma coisa!", afirmou Jô Soares. "Eu já tô confirmando compromissos para daqui a trinta anos! Então não dá pra parar antes", concluiu o humorista.
Quando se fala em morte, Jô desconversa: "eu sou um hipocondríaco de doenças exóticas. 'Beri-beri' - eu nem sei o que é, mas tenho pavor de pegar isso!". "Agora, medo da morte é um sentimento inútil - você vai morrer mesmo! De que adianta você ficar com medo?", argumenta o comediante. "Eu tenho medo é de não ser produtivo".
Jô Soares deu início ao seu depoimento confessando a sua grande vaidade. "Eu sou muito vaidoso, claro. Nunca escondi isso, aliás! Qual é o artista que não é vaidoso? Todos", acrescentou. "É uma profissão de vitrine. Você nasce querendo seduzir o mundo".
Suas maiores lembranças da infância são de quando estudava no colégio interno, ainda no Brasil. "Eu era uma coisa assim...excessiva, sabe? Eu era de uma sensibilidade quase gay!". Jô conta que chorava muito. E, sendo já gordo, tinha o apelido de 'poeta', o que para ele era uma vitória. Os próprios professores o sacaneavam. "Diziam: 'chora aí, poeta!', e eu chorava".
Letícia Moreira - 20.out.2011/Folhapress | ||
"Eu era muito, muito exibido!", disse Jô |
Filho único, quando nasceu sua mãe já estava com 40 anos de idade - "então, tudo o que eu fazia já era aprovado de cara", confessa Jô, que pelo fato de sempre ser gordo, preferia ser conhecido pelo espírito e não pelo físico. "Eu era muito, muito exibido!", declara o autor de "O Xangô de Baker Street".
Sempre muito bem relacionado --era amigo de infância de Walter Clark, diretor da TV Rio, com 20 anos começou a participar de programas dessa emissora. Logo depois, veio a São Paulo passar 12 dias e ficou 12 anos seguidos. Foi quando surgiu a ideia de fazer 'A Família Trapo' (TV Record), em 1966: "eu acho que esse foi o primeiro grande sucesso nacional da televisão brasileira", afirma Jô Soares.
Em 1970, Jô assina contrato com a TV Globo, onde tinha o seu amigo Walter Clark e o Boni (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho), que nesse período já tornara-se também seu amigo. "Eu fiz mais de duzentos personagens...do Max Nunes, do Hilton Marques, do Haroldo Barbosa e muitos meus", conta o apresentador.
"O Capitão Gay fui eu que criei", lembra Jô. "Acordei no meio da noite e pensei: por que é que não tem nenhum herói de gibi 'viado', meu Deus do céu? Tem de tudo, não tem um gay?! Então levantei da cama e fui escrever o Capitão Gay".
Sobre a sua saída da Globo o apresentador foi suscinto. "Quando eu tive a proposta da outra emissora (SBT), o fator decisivo foi a possibilidade de fazer o talk-show. Não era nem uma questão salarial, era que eu queria abrir a porta para um estilo de programa que eu queria fazer", confessa Jô. "E foi o Silvio (Santos), com sua intuição de tigre, que sugeriu que fosse diário". "Isso aqui só uma vez por semana não emplaca!", afirmara o 'homem do baú'.
"Saudade? Eu não sou uma pessoa saudosista, nem um pouco, sabe?!", declara o apresentador do "Programa do Jô" (Rede Globo). "Eu estou fazendo o que eu gosto, o que eu quero fazer".
RENATO KRAMER-Natural de Porto Alegre, formou-se em Estudos Sociais pela PUC/RS. Começou a fazer teatro ainda no sul. Veio para São Paulo e ingressou na Escola de Arte Dramática (USP), formando-se ator. Escreveu, dirigiu e atuou em diversos espetáculos teatrais. Fez algumas colaborações para a Ilustrada e, sempre a convite, assinou a coluna Antena, da "Contigo". Nesse meio tempo, fez crítica de teatro para o "Jornal da Tarde" e na rádio Eldorado AM. Mais recentemente foi colunista da Folha.com, comentando o BBB11. Atualmente, além de atuar, cursa Filosofia.
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