sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Oscar indicou nove títulos para melhor filme; veja quem poderia ocupar 10ª vaga

Chico Fireman Do UOL, em São Paulo


"Os Vingadores", "O Mestre" e "Moonrise Kingdom", três filmes esnobados pelo Oscar Desde 2012, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood determinou uma mudança no número de indicados ao prêmio de melhor filme. Os candidatos escolhidos podem variar de no mínimo cinco e no máximo dez títulos. Mas, pelo segundo ano consecutivo, abriu mão do que seria a “última” indicação na categoria.

Será que faltaram filmes que merecessem a vaga ou esse negócio de manter dez concorrentes se provou um plano furado? O fato é que Hollywood poderia, se quisesse, ter apontado um candidato final para o Oscar de melhor filme, mas não se esforçou muito para isso. “Moonrise Kingdom”, de Wes Anderson, o filme hipster do ano, foi lembrado em várias listas de apostas e nas previsões de especialistas no assunto, mas terminou com uma solitária indicação pelo roteiro original. “O Mestre”, de Paul Thomas Anderson, já estava meio desacreditado, mas, com tantos defensores, poderia facilmente ter aparecido para completar a lista. Ou, já que a decisão de aumentar o número finalistas tem fins comerciais (mais indicados, mais visibilidade), “Os Vingadores”, o hit do circuito de 2012, poderia arredondar o número de candidatos. Não foi o caso.
E a falta de um décimo indicado a melhor filme foi a menor das surpresas reveladas no anúncio desta quinta-feira (9). Esta edição do Oscar tem tudo para ser lembrada como o ano em que mais caíram favoritos antes mesmo da cerimônia acontecer. Pré-candidatos que vinham de um rastro de prêmios, indicações e apostas tão sólido que sua ausência abalou fortemente a corrida.
Para se ter uma ideia, esta é a primeira vez em que apenas dois dos cineastas indicados ao prêmio anual do Sindicato dos Diretores são finalistas ao Oscar. “Argo” teve 7 indicações, “A Hora Mais Escura”, 5, mas seus comandantes, Ben Affleck e Kathryn Bigelow, respectivamente, foram esquecidos na categoria de direção. E o mais impressionante: as vagas que teoricamente seriam deles foram entregues a um cineasta estrangeiro (Michael Haneke, por “Amor”, 5 indicações) e a um diretor de uma comédia, resumindo bem o complexo --e bem dirigido-- “O Lado Bom da Vida”, 8 indicações. Se Affleck e Bigelow eram duas possibilidades fortes para ganhar o Oscar nesta categoria, agora a disputa parece centrada em Steven Spielberg, por “Lincoln”, e Ang Lee, de “As Aventuras de Pi”, justamente os dois filmes campeões de indicações (12 para o primeiro, 11 para o segundo). Outro diretor esquecido pela Academia foi Tom Hooper, que capitaneou o ambicioso musical “Os Miseráveis”, dono de 7 indicações, mas também ficou de fora de roteiro adaptado. Bigelow e Hooper podem ter sofrido com a proximidade de suas últimas vitórias (em 2010 e 2011), mas o Oscar sempre resolveu isso não premiando em vez de não indicando. A ausência de Affleck é ainda mais estranha, já que a Academia costuma celebrar galãs que passam para o outro lado das câmeras, como Clint Eastwood, Kevin Costner e Mel Gibson. Os três podem ter sofrido pela antecipação do anúncio dos indicados e de todo o processo de votação. Explicando: até dois anos atrás, as indicações ao Oscar aconteciam depois que quase todos os prêmios importantes da crítica (Globo de Ouro, Critics Choice, associações de Nova York e Los Angeles) e dos sindicatos (diretores, produtores, atores, roteiristas) tinham seus vencedores revelados. Ou seja, os acadêmicos podiam votar com base nos resultados dessas premiações. A mudança nos prazos fez com que os membros da Academia tivessem que correr atrás dos filmes e montar suas listas com a ajuda do que já tinha sido divulgado até ali. A entrega do Globo de Ouro, por exemplo, acontece apenas neste domingo (13). O impacto desta transformação mal foi sentido no ano passado, mas parece ter influenciado bastante o negócio neste ano. Um caso notório é o de Marion Cotillard, estrela do francês “Ferrugem e Osso”.
Apesar da interpretação em língua estrangeira, a atriz foi indicada aos prêmios do Critics Choice, entregue pelos críticos de TV; SAG, sindicato dos atores; Globo de Ouro e Bafta, o Oscar da Inglaterra. A indicação ao Oscar era dada como certa por nove em cada dez especialistas, considerando ainda que ela foi oscarizada falando em francês. Resultado: Marion não é finalista, mas sua conterrânea, a veterana Emmanuelle Riva, de “Amor”, ganhou sua primeira indicação ao Oscar e pode ser uma zebra na competição, aos 84 anos. Cotillard também foi preterida em relação à menina Quvenzhané Wallis, de 7 anos, que se tornou a mais jovem atriz indicada ao Oscar. Seu filme, “Indomável Sonhadora”, que teve 5 indicações, também foi uma surpresa na categoria de direção. E, se muita gente duvidava da indicação de Joaquin Phoenix como melhor ator por “O Mestre”, foi outro quase “favorito” que ficou de fora da corrida. Em “As Sessões”, John Hawkes interpreta um personagem que só se movimenta do pescoço pra cima, o que se chama de “Oscar bait”, isca pro Oscar. Foi ignorado. O Wolverine Hugh Jackman e o astro de “Se Beber Não Case” Bradley Cooper estão na disputa. Christoph Waltz garantiu sua vaga entre os coadjuvantes, deixando seu colega em “Django Livre”, Leonardo DiCaprio, e o vilão de “007 – Operação Skyfall”, Javier Bardem, sem indicações. A veterana Jackie Weaver foi lembrada na ala feminina, derrubando uma das queridas da Academia, Maggie Smith, de “O Exótico Hotel Marigold”. Uma das ausências mais inexplicáveis é a de “Intocáveis” entre os filmes estrangeiros. Além de ser o longa francês de maior bilheteria fora da França, a história real – e de superação – parecia cair perfeitamente nas preferências da Academia e aparecia em todas as listas de apostas. Todas. Algumas pessoas acreditavam que “Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge” seria a oportunidade do Oscar fazer as pazes com Christopher Nolan. Fica pra próxima. O filme não foi indicado numa categoria sequer. Talvez sejam as datas, talvez seja uma mudança de perfil, talvez seja só coincidência mesmo. O fato é que o Oscar deste ano está um pouco diferente e, por isso mesmo, mais interessante.

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