sábado, 7 de julho de 2012

Parada Gay de Londres tem balada ao ar livre, protesto e organização

Extravagância do público é uma atração à parte na festa. Foto: Marcelo Pereira/Terra
Extravagância do público é uma atração à parte na festa
Foto: Marcelo Pereira/Terra

Marina Novaes
Direto de Londres
O clima festivo tomou conta de Londres neste sábado, quando acontece a Parada Gay londrina - ou "Pride London" -, uma das maiores do mundo, que espera atrair ao menos 1 milhão de pessoas para das ruas. Faltando apenas 20 dias para as Olimpíadas, o estilo britânico de organização já chama atenção e dá sinais do que vem por aí: a Trafalgar Square, o ponto de encontro dos militantes, foi toda rodeada com grades de segurança e, para entrar, guardas uniformizados revizam as bolsas de todos os visitantes.
Na praça onde um palco enorme recebe 27 shows ao longo do dia, entre bandas e DJs, foi criada uma "área vip" exclusiva para cadeirantes, bem no ponto mais alto das escadas em frente ao palco, para garantir que todos consigam curtir as apresentações sem problemas. A área também é cercada e os "bicões" são expulsos por guardas, que só permitem a entrada de acompanhantes dos cadeirantes.
A festa começou por volta das 11h (horário local) e seguirá até o fim do dia. Além dos 27 shows de bandas locais e DJs que se apresentam na praça, ativistas e militantes LGBT se revezam no palco e também levantam o público quando gritam palavras de ordem e pregam o fim da homofobia, do preconceito contra gays no ambiente de trabalho e pela igualdade de direitos entre casais homossexuais. E o público é uma atração à parte, como em São Paulo, não faltam militantes caprichadamente vestidos de drag queens, fantasias de super heróis e afins, roupas extravagantes (ou a ausência delas, em visuais semi-nus), e pintados das cores da bandeira LGBT (arco-íris). Para os participantes, festa e luta por igualdade caminham juntas, e esse é o clima que se vê, entre um show e outro.Para garantir uma festa sem imprevistos, foram acionados "homens-ambulância", que ficam rodeando a praça e as ruas por onde a parada passa com um mochilão de primeiros socorros nas costas, prontos para atender quem passar mal. Embora haja ambulâncias em vários pontos da região, uma "mulher-ambulância" da equipe explica que isso garante agilidade em casos mais graves, sendo que o uniforme verde dos pés à cabeça (que lembra uma "tartaruga ninja"), torna quase impossível não encontrar um socorrista por perto.E até quem quer se manifestar contra ou a favor de qualquer coisa não precisa se preocupar com espaço: uma área com vários stands dedicada exclusivamente às organizações não-governamentais que lutam por direitos iguais e contra a discriminação a gays contorna a Trafalgar Square. Neste ano, o tema central dos protestos é a crise econômica, e há vários banners espalhados pela área criticando as medidas de austeridade fiscal. "O governo está cortando gastos com várias áreas sociais, e a comunidade gay tem força para lutar contra isso", disse o militante Ben, de Manchester, que distribuía livretos pedindo mobilização.
Na praça, havia a preocupação de não danificar a fonte histórica do local e, além das plaquinhas de "proibido nadar", guardas foram posicionados dentro da água para evitar a baderna. Isso porque, embora os ingleses sejam organizados, assim como no Brasil, eles também sabem festar e sempre há alguém disposto a se banhar nesses grandes eventos.
Um dos pontos falhos da organização da Pride London foi em relação ao lixo. Ao menos na Trafalgar Square, era bem difícil encontrar caçambas para jogar copos e papéis, sendo que os lixos foram improvisados em sacos plásticos amarrados no corrimão da escada, e havia muito lixo no chão, molhado após várias pancadas de chuva. Por outro lado, fora da área de shows, uma multidão de varredores começou a limpar as ruas de Londres no meio do evento, em um sinal de que os entulhos não devem amanhecer na cidade.
Apesar da nossa fama de barulhentos, apenas uma bandeira do Brasil diferenciou o grupo de 47 estudantes brasileiros dos demais jovens que curtiam a parada. Mas a curtição foi rapidinha: eles estavam apenas de passagem pela região e logo seguiram para um tour pelo restante de Londres.

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