Medo provocado por quadro levou estudante a deixar república.
Imagem que mostra uma criança tocando piano é considerada demoníaca.
No próximo dia 31 de outubro é quando comemora-se o Halloween, também chamado de “Dia das Bruxas” e mais recentemente, no Brasil, de Dia do Saci.
O G1 preparou uma série de reportagens sobre o tema já que a data evoca festas, eventos, o lema das ‘travessuras ou gostosuras’ e as lendas urbanas, onde fatos sobrenaturais relatados ganham repercussão e são propagados ao longo dos anos.
O misterioso quadro da Juliana
É possível a existência de um quadro, com a imagem de uma criança sentada próxima a um piano, causar medo, visões, atrair vultos e fazer até mesmo o som desligar sem ser acionado?
Em Santa Rita do Sapucaí (MG), uma história real que aconteceu em 2008 tornou-se uma lenda urbana na região. Ela envolve um quadro que mostra um bebê tocando um piano e estudantes que viviam em repúblicas e tiveram as vidas afetadas pela existência da imagem, que foi considerada amaldiçoada por provocar terror em duas casas na cidade. Apesar do relato engraçado e curioso da história, há quem diga que a república onde ele foi abrigado nunca mais foi a mesma. Um dos jovens se mudou e faleceu algum tempo depois, e os que continuaram no local relatam o mais interessante. “Parece que a casa foi modificada. Quem está lá dentro não consegue escutar nada do que se passa do lado de fora. É como se a casa tivesse ouvidos e eles fossem tapados o tempo todo”, comentou o dono do quadro em uma postagem no blog que mantém na internet.
Quando o quadro foi encontrado
“Essa aí é a Juliana, não queremos esse quadro não, pode sumir com esse trem daqui”. Esta foi a primeira frase ouvida por Thompson Vangller de Araújo, quando encontrou o quadro encostado em um muro no Centro da cidade. Ela foi dita por duas garotas de cerca de 10 anos, quando questionadas se a imagem pertencia a elas.
Um dos jovens que vivia na casa ficou aterrorizado ao acordar e deparar-se com a imagem ao lado da cama dele, tanto que o atirou em um terreno baldio. Por conta disso, o objeto teve que ser levado para a república Desesperômetro, onde viviam amigos de Araújo. Na nova casa, a existência do quadro causou visões e novamente, muito medo.Nunca tive medo da Juliana, pois ela é apenas um bebê alegre, que está tocando um piano. "-Thompson Araújo-dono do quadro
O curioso é que ao chegar à nova república, um dos jovens, apelidado de Bozo, assustou-se ao botar os olhos na imagem. “Ele era médium e espírita e ao ver o quadro, pediu que eu o levasse embora da casa, mas como os outros moradores da república gostaram de ver o Bozo com medo, me pediram para deixar o quadro e eu deixei apenas como brincadeira”, relata Araújo.
A graça durou pouco tempo. Semanas depois, o telefone de Araújo denunciava o medo causado pelo quadro na república. “Eu estava no meio de uma aula e ele me ligou pedindo para que eu buscasse o quadro na república Desesperômetero, porque ele estava vendo coisas, como vultos e ouvindo coisas, como o som ser desligado involuntariamente. Na ocasião ele me disse que estava muito assustado e que em um único dia, viu um vulto duas vezes. No começo eu achei graça, mas a partir daí, ele começou a ter crises de pânico, dizendo que mataria alguém. A mãe dele, que também é espírita, disse para ele jogar o quadro em um rio, ou deixá-lo em cemitério, com uma cruz por cima”, relata Araújo, que se afeiçoou à imagem e mesmo depois de todo medo que ela provocou, não deixou que se desfizessem dela e a levou novamente para a república em que vivia.
O protagonista do caso, Araújo, de 22 anos, hoje vive fora da cidade, mas na época – no início de 2008 – era estudante e foi a partir do quadro encontrado que ele passou a aterrorizar os amigos, mesmo que involuntariamente. “Quando eu quis pegá-lo, os três amigos que estavam comigo disseram para eu jogá-lo fora, mas mesmo assim eu quis levá-lo e deixar na parede do quarto onde eu dormia, até porque já tinha pôsteres, cartazes e outros quadros. Ele ficou bastante tempo no meu quarto e nada aconteceu comigo. Apesar da república Desesperômetro nunca mais ter sido a mesma, eu nunca tive medo da Juliana, pois ela é apenas um bebê alegre, que está tocando um piano. É um bebê bem meigo e carinhoso, que não quer nada, apenas tocar um piano e isso é tudo”, acrescenta.
A imagem foi deixada na república em que ele vivia, há mais de três anos e desde então não se sabe o que foi feito dela. Tampouco histórias curiosas acerca do quadro foram ouvidas. “Eu nunca soube se o nome do bebê do quadro é mesmo Juliana, mas como ela foi chamada assim pelas garotas que me pediram para levá-lo embora, ficou. Mas, particularmente, nunca tive medo, mas é uma história curiosa”, finaliza Araújo.
Lenda relacionada
Apesar de mostrar uma criança sorrindo, as histórias criadas em torno do quadro lembram a lenda urbana dos quadros das crianças que choram. Dizem as histórias que as pinturas que mostram os pequenos com lágrimas nos olhos são amaldiçoados e que trazem desgraçadas para as casas que os abrigam.De acordo com o site Cetiscismo Aberto, que trata do tema, a história começou com um incêndio, real, na cidade de Rotherham, na Inglaterra em 1985 com o incêndio de uma casa e se tornou conhecida após a repercussão de matérias publicadas em um jornal da cidade e posteriormente, na internet.
A didática exposição acima, que recomendamos fortemente, deixa contudo de apresentar a maldição dos quadros das crianças que choram em si mesma. Reza a praga que como fruto de um pacto com o diabo, os quadros causam incêndios espontâneos, reduzindo domicílios a cinzas – mas os retratos em si mesmos saem intactos das chamas, para espalhar mais destruição aleatória. As crianças que choram riem por último. Continue para mais sobre este enigma misterioso do desconhecido.
Há tempos recebemos vários pedidos para que publiquemos um esclarecimento sobre esta maldição, e a revista Fortean Times deste mês acaba de publicar um artigo de David Clarke que detalha as origens desta que é em verdade apenas uma lenda urbana.O G1 preparou uma série de reportagens sobre o tema já que a data evoca festas, eventos, o lema das ‘travessuras ou gostosuras’ e as lendas urbanas, onde fatos sobrenaturais relatados ganham repercussão e são propagados ao longo dos anos.
O misterioso quadro da Juliana
É possível a existência de um quadro, com a imagem de uma criança sentada próxima a um piano, causar medo, visões, atrair vultos e fazer até mesmo o som desligar sem ser acionado?
Em Santa Rita do Sapucaí (MG), uma história real que aconteceu em 2008 tornou-se uma lenda urbana na região. Ela envolve um quadro que mostra um bebê tocando um piano e estudantes que viviam em repúblicas e tiveram as vidas afetadas pela existência da imagem, que foi considerada amaldiçoada por provocar terror em duas casas na cidade. Apesar do relato engraçado e curioso da história, há quem diga que a república onde ele foi abrigado nunca mais foi a mesma. Um dos jovens se mudou e faleceu algum tempo depois, e os que continuaram no local relatam o mais interessante. “Parece que a casa foi modificada. Quem está lá dentro não consegue escutar nada do que se passa do lado de fora. É como se a casa tivesse ouvidos e eles fossem tapados o tempo todo”, comentou o dono do quadro em uma postagem no blog que mantém na internet.
Quando o quadro foi encontrado
“Essa aí é a Juliana, não queremos esse quadro não, pode sumir com esse trem daqui”. Esta foi a primeira frase ouvida por Thompson Vangller de Araújo, quando encontrou o quadro encostado em um muro no Centro da cidade. Ela foi dita por duas garotas de cerca de 10 anos, quando questionadas se a imagem pertencia a elas.
Fotografia do quadro tirada pelo antigo dono (Foto: Thompson Araújo)
Atualmente o paradeiro da imagem é desconhecido e restam aos amigos apenas as lembranças e a sensação de medo que preencheu as duas repúblicas para onde o quadro foi levado.Um dos jovens que vivia na casa ficou aterrorizado ao acordar e deparar-se com a imagem ao lado da cama dele, tanto que o atirou em um terreno baldio. Por conta disso, o objeto teve que ser levado para a república Desesperômetro, onde viviam amigos de Araújo. Na nova casa, a existência do quadro causou visões e novamente, muito medo.Nunca tive medo da Juliana, pois ela é apenas um bebê alegre, que está tocando um piano. "-Thompson Araújo-dono do quadro
O curioso é que ao chegar à nova república, um dos jovens, apelidado de Bozo, assustou-se ao botar os olhos na imagem. “Ele era médium e espírita e ao ver o quadro, pediu que eu o levasse embora da casa, mas como os outros moradores da república gostaram de ver o Bozo com medo, me pediram para deixar o quadro e eu deixei apenas como brincadeira”, relata Araújo.
A graça durou pouco tempo. Semanas depois, o telefone de Araújo denunciava o medo causado pelo quadro na república. “Eu estava no meio de uma aula e ele me ligou pedindo para que eu buscasse o quadro na república Desesperômetero, porque ele estava vendo coisas, como vultos e ouvindo coisas, como o som ser desligado involuntariamente. Na ocasião ele me disse que estava muito assustado e que em um único dia, viu um vulto duas vezes. No começo eu achei graça, mas a partir daí, ele começou a ter crises de pânico, dizendo que mataria alguém. A mãe dele, que também é espírita, disse para ele jogar o quadro em um rio, ou deixá-lo em cemitério, com uma cruz por cima”, relata Araújo, que se afeiçoou à imagem e mesmo depois de todo medo que ela provocou, não deixou que se desfizessem dela e a levou novamente para a república em que vivia.
O protagonista do caso, Araújo, de 22 anos, hoje vive fora da cidade, mas na época – no início de 2008 – era estudante e foi a partir do quadro encontrado que ele passou a aterrorizar os amigos, mesmo que involuntariamente. “Quando eu quis pegá-lo, os três amigos que estavam comigo disseram para eu jogá-lo fora, mas mesmo assim eu quis levá-lo e deixar na parede do quarto onde eu dormia, até porque já tinha pôsteres, cartazes e outros quadros. Ele ficou bastante tempo no meu quarto e nada aconteceu comigo. Apesar da república Desesperômetro nunca mais ter sido a mesma, eu nunca tive medo da Juliana, pois ela é apenas um bebê alegre, que está tocando um piano. É um bebê bem meigo e carinhoso, que não quer nada, apenas tocar um piano e isso é tudo”, acrescenta.
A imagem foi deixada na república em que ele vivia, há mais de três anos e desde então não se sabe o que foi feito dela. Tampouco histórias curiosas acerca do quadro foram ouvidas. “Eu nunca soube se o nome do bebê do quadro é mesmo Juliana, mas como ela foi chamada assim pelas garotas que me pediram para levá-lo embora, ficou. Mas, particularmente, nunca tive medo, mas é uma história curiosa”, finaliza Araújo.
Lenda relacionada
Apesar de mostrar uma criança sorrindo, as histórias criadas em torno do quadro lembram a lenda urbana dos quadros das crianças que choram. Dizem as histórias que as pinturas que mostram os pequenos com lágrimas nos olhos são amaldiçoados e que trazem desgraçadas para as casas que os abrigam.De acordo com o site Cetiscismo Aberto, que trata do tema, a história começou com um incêndio, real, na cidade de Rotherham, na Inglaterra em 1985 com o incêndio de uma casa e se tornou conhecida após a repercussão de matérias publicadas em um jornal da cidade e posteriormente, na internet.
A didática exposição acima, que recomendamos fortemente, deixa contudo de apresentar a maldição dos quadros das crianças que choram em si mesma. Reza a praga que como fruto de um pacto com o diabo, os quadros causam incêndios espontâneos, reduzindo domicílios a cinzas – mas os retratos em si mesmos saem intactos das chamas, para espalhar mais destruição aleatória. As crianças que choram riem por último. Continue para mais sobre este enigma misterioso do desconhecido.
Ela começou com um incêndio, real, na cidade de Rotherham, Inglaterra, no verão de 1985. A casa não foi reduzida a cinzas, mas o andar térreo foi sim danificado e – aqui nasce o mito – um quadro de uma criança chorando na parede sobreviveu praticamente intacto. Apesar da estranheza, a história seria esquecida, não fossem duas coincidências.
A primeira era que o irmão do proprietário da casa, Ron Hall, era um bombeiro. E este irmão ouviu de um outro colega que já havia ocorrido vários casos onde essas bizarras pinturas baratas sobreviveram intactas a incêndios.
A segunda casualidade foi que o tablóide Sun, e em particular, seu editor Kelvin MacKenzie, viram nesta história cotidiana uma mina de ouro. E estavam certos. Depois da publicação original de uma pequena nota em 4 de setembro de 1985, bradando a "Flamejante Maldição do Garoto em Lágrimas", alegando que a "pintura é a causa de incêndios", o Sun conseguiu criar um frenesi popular em torno da lenda.
A essas alturas, as autoridades em realidade já condenavam o “golpe de publicidade barato” do tablóide, e estavam sendo inundadas por ligações de cidadãos preocupados com a maldição, fosse ela sobrenatural ou apenas causada por quadros muito inflamáveis.
A realidade, contudo, era justamente o contrário. Os quadros seriam simplesmente impressos em um cartão de alta densidade, “difícil de queimar”, como explicou um oficial dos bombeiros. Reproduzidos em massa, baratos e muito populares, onipresentes como canetas Bic, não seria muito difícil encontrar um deles pendurado em qualquer residência que pegasse fogo em meados dos anos 1980. Não havia incêndios de origens misteriosas, como o tablóide vendia, causas corriqueiras foram descobertas para diversos casos promovidos como fruto da maldição.
Nada disso impediu que o mito criasse vida própria, e mesmo muito depois que os tablóides se esqueceram do tema, com a internet ganhou novas asas. Detalhes sobre as origens das pinturas, o pacto satânico do pintor, mensagens “subliminares”… não é nada difícil pintar algo sinistro em quadros com crianças chorando.
Dizem ainda os rumores pela internet que o pintor, arrependido, chegou mesmo a aparecer em um programa Fantástico nos anos 1980, apelando para que as pessoas jogassem fora suas reproduções. Dado que nada disso foi noticiado na Inglaterra, origem de todo pânico, é duvidoso que isto seja verdade. Mas adoraríamos ver a confissão, se é que existe. O Fantástico sim deve ter noticiado o assunto nos anos 80, o que explicaria como a lenda se tornou tão famosa também por aqui.
Em meio a todas as histórias, sabemos que o pintor, sob o pseudônimo de "G. Bragolin", seria o espanhol Bruno Amadio… ou "Franchot Seville". O fato de não haver dados biográficos certos sobre ele ajuda a alimentar os rumores, porém o detalhe é que vários dos quadros de gosto duvidoso não foram de sua autoria. Outra pintora que criou alguns dos quadros é a escocesa Anna Zinkeisen, muito menos envolta em mistério.
O verdadeiro enigma é como imagens tão questionáveis fizeram tanto sucesso, e não é tanto surpresa que alguns cogitassem assim um pacto com o diabo para explicá-lo. A associação em lendas urbanas de arte popular de gosto duvidoso com terríveis maldições não é incomum: no Brasil, a maldição do bebê de três olhos está atormentando a banda Calypso há anos.
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