terça-feira, 26 de abril de 2016

Repost Especial-30 anos depois ,fãs acham que morte de ELIS REGINA é suspeita-Caso Herzog deve ser investigado, diz ministro da Justiça

LUCAS FERRAZ/RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
MARIANA SCHREIBER
DE SÃO PAULO /FOLHA


Para autoridades do governo federal, a Comissão da Verdade deveria convocar para depor Silvaldo Leung Vieira, autor da imagem do jornalista Vladimir Herzog morto numa cela do DOI-Codi, em São Paulo, em 1975. Em reportagem publicada ontem pela Folha, Silvaldo diz ter sido "usado" pela ditadura (1964-85) para forjar a cena de suicídio de Herzog, que, segundo testemunhas, morreu após ser torturado.
O depoimento reforça as contestações da versão oficial feitas por historiadores, parentes e testemunhas.
A comissão, ainda não instalada, foi criada no final de 2011 pela presidente Dilma Rousseff para apurar violações aos direitos humanos cometidas por agentes do Estado entre 1946 e 1988.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ser "absolutamente natural que fatos como esse sejam investigados pela comissão". Segundo o ministro, "a reportagem revela que há muitas coisas ainda a serem descobertas" sobre o período militar. Para o coordenador do projeto do governo federal Direito à Memória e à Verdade, Gilney Amorim Viana, o depoimento de Silvaldo à Comissão da Verdade poderá ajudar a identificar os responsáveis pela morte de Herzog e pela montagem da cena. Para ele, o fotógrafo é "uma testemunha independente", que "pode atestar que aquele cenário foi montado". "Ele quebra toda a versão da repressão", disse.
Tanto Viana como Susana Lisboa, membro da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos pela Ditadura Militar, creem que o caso abre a possibilidade de localizar fotógrafos que tenham registrado mortes semelhantes. Eles citam os casos de Roberto Cietto (1969) e de Milton Soares de Castro (1967), ambos supostos suicidas. Silvaldo pediu em 2008 à Comissão de Anistia, ligada ao Ministério da Justiça, indenização estimada em R$ 908 mil, entre outros pleitos. Ele alega ter sido perseguido por sua atitude "questionadora" ao voltar a ser recrutado para fazer fotos como aquela. Em 1979, partiu para um autoexílio nos EUA.
Seu caso não foi julgado e, segundo Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia, não está entre as prioridades nem tem previsão de ser analisado. "A priori, ele foi um agente que colaborou com a repressão", afirmou. Para Ivo Herzog, filho de Vladimir, a história deve ser investigada pela Comissão da Verdade. "Era um fato [a identidade de Silvaldo] que ninguém nunca tinha parado para pensar e investigar".
"Algumas pessoas ainda sustentavam a versão do suicídio. Essa versão não tem pé nem cabeça, mas acho que a reportagem ajuda a enterrar ainda mais", disse à Folha.
Fãs acham que "explicação" sobre a morte de ELIS REGINA por suicídio é
"suspeita " e rejeitam resultado de laudo da época

Abafadas as polêmicas na época,a morte por cocaína nunca foi "digerida" pelos seus fãs até hoje,30 anos após seu falecimento.
Segundo muitos,Elis nunca teria se suicidado e nem teria motivos prá isso no auge de seu sucesso.As suspeitas começaram por causa de declarações fortes de Elis sobre a ditadura,especialmente sobre o atentado do Rio Centro,seu namoro com o advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo ligado ao DOPS e sua autópsia realizada por Harry Shibata,o mesmo legista que forjou o atestado de Herzog.
Antes que o laudo com a causa da morte se tornasse público, houve uma relutância de alguns amigos da cantora e de seu último namorado, o advogado Samuel Mac Dowell de Figueiredo, em deixar ocorrer a autópsia, argumentando que ela não usava drogas.Sempre muito engajada nas causas políticas,Elis participou ativamente de movimentos contra a ditadura brasileira em uma série de movimentos de renovação política e cultural brasileira, sendo voz ativa da campanha pela Anistia de exilados brasileiros.Ela criticou, por muitas vezes, o regime antidemocrático que perseguiu e exilou muitos músicos em sua época, chegando a declarar em uma entrevista, que o Brasil era governado por gorilas.
Sua fama a salvaria da cadeia, mas não dos gorilas. Foi obrigada pelas autoridades a cantar o hino nacional durante um espetáculo em um estádio, fato que despertou a ira da esquerda brasileira.
Uma de suas interpretações mais famosas foi a da canção O Bêbado e a Equilibrista, de João Bosco e Aldir Blanc, que se transformou no hino da volta do exílio.
Harry Shibata foi um polêmico médico legista.Ele foi considerado conivente com os laudos que elaborou de vítimas do regime militar. Foi acusado de instruir os torturadores a não deixar marcas de suas ações nos corpos dos torturados.Destacou-se por ter sido autor do laudo de Waldimir Herzog e de dirigir o IML quando o corpo de Elis Regina foi levado para lá.
Fiel Filho
Atestou que a causa mortis do operário Manuel Fiel Filho fora suicídio.
Vladimir Herzog
O então legista Harry Shibata em 1975 assinou o laudo sobre a morte do jornalista Vladimir Herzog, declarando-o suicida sem ter visto o corpo remetido ao IML pelo exército, em cujo DOI-CODI ele morrera.
Elis Regina
A médica que recebeu Elis Regina no Hospital das Clínicas constatou que ela havia chegado sem vida .Não forneceu o atestado de óbito por sentir-se impossibilitada de concluir por uma morte natural, o corpo de Elis foi assim remetido para autópsia no Instituto Médico Legal.
O laudo médico foi elaborado por José Luiz Lourenço e Chibly Hada, que atestaram que Elis morreu pela intoxicação combinada de bebidas e cocaína. O diretor do IML era Harry Shibata.
Segundo rumores,familiares de ELIS pediram que não se aprofundassem no caso,visto temerem represálias dos militares.

Análise da Letra da Música O Bêbado e a Equilibrista

Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos…

Certamente muito impressionou a mente do psiquiatra, Aldir Blanc, a queda repentina dos 122 metros do elevado da Av. Paulo de Frotin, matando 28 pessoas naquela tarde carioca de 1971.
Em março de 1964, havia se instalado no Brasil uma nova forma de governo, com a mesma marca do inesperado, causando impactos sociais para todos os lados.Como toda matéria a ser publicada passava por uma revisão, entrou nessa música o talento de Aldir, ao falar de uma maneira codificada sua mensagem de protesto. Cada palavra ganhou significado novo, sem perder a beleza e a musicalidade. Por isso esta música até hoje é lembrada em manifestações populares.Desde o cinema mudo, Charles Chaplin encarnou a figura do palhaço, cheio de sonhos e idealismo. Vivendo a personagem do bêbado, ele passa, como marca maior, a irreverência, que caracteriza o artista.Aldir Blanc começa sua música naquela noite enlutada, após o rápido cair de tarde daquele dia de 1971. Ali a população carioca lamentou a dor da perda dos seus mortos. Da mesma forma, os novos rumos do país foram comparados a uma longa noite de vinte anos, onde todos viviam na corda bamba, tateando no escuro cada passo a ser dado, correndo o risco de cair a qualquer momento.

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

Apontaram alguns especialistas a Rede Globo como a figura da lua, que compactuava com o poder, representado pelas estrelas.Eu prefiro dizer que a lua apontava com sua luz o caminho a ser percorrido. Ela iluminava o palco, como um holofote gigantesco, fazendo o povo enxergar o fino fio de esperança que estava sob seus pés.Enquanto o povo seguia o caminho árido, tal qual a provação sofrida pelo povo de Israel no deserto, eles tinham à noite aquele clarão a iluminar o percurso. Nos dois casos, era como um sinal de que Deus não havia se esquecido deles.
Como a mulher, a lua não é indiferente como as estrelas frias, ela tem fases. Enfeita-se no céu para tornar a noite mais interessante, aliviando a sensação lúgubre que ela passa. Se necessário for, ela fará de tudo para fazer a noite mais bonita, inclusive pedindo por empréstimo um pouco mais de luz às estrelas.
E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Prá noite do Brasil.
Meu Brasil!…

No deserto havia também uma nuvem que acompanhava o povo sofrido. Lá no Sinai, servia para fazer sombra, mas aqui é utilizada como mata-borrão, suprimindo os excessos da tinta derramada. Enquanto isso, os mais irreverentes, sem medir consequências, faziam graça na tentativa de arrancar um riso.

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil

foto acima-Clarice Herzog,esposa de Vladmir

Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil…

Betinho partiu para sempre, mas não foi daquela vez, na qual era chorado por sua esposa Maria, junto com Clarice. Sonhavam que seus maridos regressariam um dia para viver de novo no solo brasileiro.
Mas sei que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança…

De novo a esperança, representada pela lua, conclamava para que todos continuassem perseverantes, pois, no fim, tudo teria valido a pena.
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar…

Enquanto se espera, enche-se de esperança e, mesmo que às vezes haja esmorecimento, fazendo bambear na corda bamba, depois o equilíbrio é recobrado. A sombrinha colorida é como o arco-íris – um sinal celestial de uma aliança com o divino.
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar…

A mensagem dos artistas mudou de roupagem, exigindo escaramuças e subterfúgios para enfrentar aqueles tempos de maior rigor, mas não deixou de ser passada como um manifesto, diante do controle necessário para coibir os avanços ideológicos divergentes.

Autor da Análise da Música José Maria Cavalcanti/bollog

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