As emissoras de TV estão enfrentando dificuldades para digitalizar seus sinais em municípios pequenos e cumprir o cronograma definido pelo governo.
Entre 2019 e 2023, haverá o desligamento do sinal analógico nessas regiões, impactando uma audiência estimada em 77 milhões de pessoas. Os diretores dos principais canais brasileiros já demonstram preocupação com o assunto.
Em conversa com o NaTelinha, o diretor de tecnologia da Globo, Raymundo Barros, defende o compartilhamento de infraestruturas entre as emissoras como um caminho para atingir a meta e evitar que 4244 municípios fiquem sem TV aberta.
"O número de 77 milhões representa o total de habitantes das cidades que serão desligadas entre 2019 e 2023. No caso da Rede Globo, já cobrimos hoje 20 milhões desses habitantes. O grande desafio para a Rede Globo será digitalizar os 57 milhões de habitantes hoje não cobertos e acreditamos que uma forma inteligente e viável de endereçar essa questão é buscar o compartilhamento de infraestrutura entre todas as Redes, não apenas abrigo, torre e energia, mas também com antenas e transmissores modulares. Essa é uma forma de vencer este grande desafio e cumprir a meta", explica o diretor.
Segundo Barros, este é um processo que exige a união de todas as partes. "Essa colaboração é fundamental para acelerar a implantação do sistema e para esclarecimento da população. O Japão, por exemplo, fez um processo de switch off que deve ser seguido. Para que a migração acontecesse de forma satisfatória foram visitados 20 milhões de domicílios".
A Globo atualmente cobre 100% dos habitantes cujos municípios têm o desligamento previsto para o final de 2016, e 97% e 88% dos moradores que passarão pelo mesmo processo em 2017 e 2018, respectivamente, com 547 estações digitais no ar em todo o Brasil.
"Outro fator importante para atingir a meta, além dos investimentos e compartilhamento de infraestruturas, é o processo de ações efetivas de comunicação. A Rede Globo realiza diversas ações voluntárias como campanhas nacionais e treinamentos para o varejo e antenistas. Uma ação muito representativa, por exemplo, é a Patrulha Digital, na qual investimos na formação de multiplicadores nas localidades que estão sendo digitalizadas. Com parceiros locais, capacitamos jovens de cursos técnicos do SENAI para que tirem dúvidas da população e auxiliem na correta instalação dos equipamentos. Além disso, conforme mencionei anteriormente, o compartilhamento de infraestrutura entre as redes é uma das formas de endereçar esse desafio. Muitas dessas retransmissoras estão em municípios pequenos com 10, 15 mil habitantes e são hoje operadas pelas próprias prefeituras. Como já compartilham o mesmo local para todos os canais a cooperação entre as emissoras para a manutenção do site compartilhado e uso de equipamentos comuns tem ganhos significativos", finaliza o executivo da Globo.
Roberto Franco, diretor de redes e afiliadas e assuntos regulatórios do SBT, aponta a crise financeira de algumas prefeituras como outro fator que dificulta a digitalização nestes locais. "O SBT tem tomado todas as providências para que nenhuma cidade fique de fora. Existe uma grande dificuldade, que no passado foi atendida pelas prefeituras, mas que no presente não tem como financiar como fizeram antes. As emissoras e o governo encontrarão uma solução para manter o acesso de todos os brasileiros a esse meio tão importante que é a TV aberta", diz ao NaTelinha.
A Record, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que está investindo em ampliar sua cobertura e tendo que lidar com o desafio de conquistar concessões de outros canais: "A Record está investindo em ampliar a cobertura digital em todo o país. Temos um desafio em algumas cidades que ainda dependem da concessão de novos canais, parcerias com prefeituras e transmissores adequados. Em alguns casos, a recepção que hoje é feita por parabólica, pode passar a receber sinal livre, aberto, gratuito e terrestre".
E também citou a parceria com as prefeituras: "Em várias regiões do país o sinal das emissoras abertas é disponibilizado em parceria com as prefeituras. Nesse modelo é interessante que sejam oferecidos para a população vários sinais de emissoras, democratizando o acesso ao principal veículo de informação, lazer, cultura e prestação de serviços que é a televisão aberta".
Procurada, a assessoria da RedeTV! emitiu a seguinte nota: "A RedeTV! está se capacitando para a substituição de seus transmissores nas retransmissoras do interior do Brasil juntamente com suas afiliadas".
Das cinco grandes redes, a única que não deu retorno sobre o assunto foi a Band.
Já a Entidade Adminstradora da Digitalização (EAD) informou que é responsável em operacionalizar todos os procedimentos na migração do sinal analógico da televisão para o digital até o ano de 2018. Portanto, todos os assuntos referentes à digitalização a partir desta data fica fora da competência do órgão.
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