terça-feira, 15 de novembro de 2011

Teatro-CABARET “Cabaret” tem coreografias repaginadas e atuação brilhante de Jarbas Homem de Mello


A montagem brasileira de “CABARET” é de altíssima qualidade. Claudia Raia foi atrás da viabilização do projeto e com muito bom senso e inteligência associou-se a grandes profissionais para trazer ao palco a história da prostituta-dançarina-niilista Sally Bowles, sob a sombra terrível do nazismo em plena Berlim prestes a entrar na Segunda Guerra. Um dos grandes acertos da montagem são as coreografias de ALONSO BARROS, que repaginou e modernizou todo os passos e gingado original do bailado de Bob Fosse e deu um novo fôlego a muitos números. “Mein Herr”, por exemplo, ficou muito mais contagiante na versão de Alonso do que originalmente. As cadeiras de Fosse continuam lá, mas a energia dos bailarinos está mais explosiva, mais atualizada. Destaque para Rodrigo Negrini (de “Hairspray”), como Wolf e Alberto Goya (de “Gaiola das Loucas”), como a Mulher-Gorila.
Outro grande trunfo é a luz de Paulo César Medeiros, criando a ambientação mágica de um cabaret escapista. O teatro Procópio Ferreira foi todo remodelado para a montagem. As laterais foram cobertas por cortinas de veludo pretas, o palco avança um pouco à frente no proscênio. Cadeiras foram adicionadas ao palco lateralmente, onde parte do público assiste ao espetáculo. O figurino  é de FÁBIO NAMATAME. Lingeries, rendas parcialmente rasgadas e ombreiras modernas, misturadas ao vintage clássico. Em “Two Ladies”, por exemplo, evita-se o figurino alemão-camponês dos personagens. O visagismo também está excelente: maquiagem e cortes de cabelo que exalam sensualidade. Apesar do glamour reluzente de alguns figurinos fugirem um pouco do que seria um cabaret decadente na Alemanha pré-nazismo, o trabalho de Namatame é muito competente.

A direção de José Possi Neto é ótima. Ele consegue superar por exemplo a falta de ritmo de alguns momentos do bom “New York, New York”, seu musical anterior. Os melhores musicais montados no Brasil ainda pertecem aos magos Charles Moeller & Claudio Botelho, mas Possi tem feito um bom trabalho, assim como Jorge Takla (“Evita”).  As letras das canções foram versionadas por Miguel Falabella, que fez um trabalho superior ao dos fracos “Os Produtores” e “Gaiola das Loucas”.
O surpreendente JARBAS HOMEM DE MELLO tem alguns musicais no currículo, mas nunca esteve tão brilhante como agora. Na pele de MC, o mestre de cerimônias que abre, fecha e permeia todo o musical narrando passagens, ele soube desenhar e dosar seu personagem com o lado clownesco misturado ao cruel, envolvendo uma sexualização que não existia originalmente na criação de Joel Grey (da primeira montagem e do filme). O MC de Grey, nos anos 60, era mais chapliniano, sem quase nenhuma dosagem sexual. A montagem da Broadway de Sam Mendes, dos anos 90, no estúdio 54, trouxe o esplêndido Alan Cumming no papel, com uma volúpia e uma ferocidade adicionadas que lhe deram prêmios. A excelente composição de Jarbas para MC segue a linha de Cumming. Não me recordo de ter visto Jarbas tão bem em nenhum outro espetáculo. Por merecimento deveria ser indicado e ganhar vários prêmios.Marcos Tumura e Liane Maya estão corretos, não chegam a arrebatar, até porque seus personagens são mais contidos e doloridos que o restante do elenco.
O novato GUILHERME MAGON (que estava em “Mamma Mia”), como o escritor que se apaixona por Sally, está muito bem e seguro. Com apenas 25 anos, demonstra certa maturidade no palco, em meio a tanta gente escolada e com anos e anos de musicais no currículo. No final, quando ele canta um trechinho de “Wilkommen” ao lado de Jarbas, percebe-se que além da boa atuação, Guilherme também tem uma boa voz e afinação.Claudia Raia soube criar uma Sally Bowles com ironia e competência. O timing cômico da atriz rende bons momentos. Sally Bowles já foi interpretada por atrizes cujas vozes são soberbas como Judi Dench, Liza Minelli, Jane Horrocks. Vocalmente, Raia não chega a fazer feio, mas derrapa em algumas notas de “Mein Herr” e “Life is a Cabaret”, o que não compromete nem um pouco um musical vistoso e deslumbrante como este. O público sai maravilhado do teatro. Imperdível.

Claudia Raia arrasa em Cabaret e faz o musical mais gay de 2011

Com Cabaret, Claudia Raia reafirma seus vários talentos e seu título de mulher viado 

Ninguém mais duvida que Claudia Raia é a mulher mais viado do Brasil, e só ela mesma para fazer o musical mais gay do ano em terras brasileiras. Se “Cabaret” já é um ícone gay há anos, Claudia (capa da Junior #27) traz ao Brasil uma leitura ousada com direito a beijo gay em uma versão do texto original de 1966 de Joe Masteroff, feita por ninguém menos do que Miguel Falabella. No palco, a diva canta, dança e atua – tudo muito bem, com um corpaço e casa lotada em São Paulo, no Teatro Procópio Ferreira.
Em cartaz de quinta a domingo, no 10º musical de sua carreira ela vive sob a direção de José Possi Neto (“New York, New York”) a dançarina e cantora de cabaré Sally Bowles, estrela máxima do Kit Kat Club de Berlim em 1931. No Ano Novo, ela conhece o recém-chegado aspirante a escritor Cliff Bradshaw (Guilherme Magon), homossexual meio enrustido que também se envolve com Sally. O segredo dele é revelado pelo dançarino Wolf, que já conhecia o rapaz do bar Rouxinóis de Londres, um lugar onde quem vai já diz o que gosta.É entre os dois que rola o beijo cheio de desejo em um dos cantos menos movimentado do Kit Kat Club, um lugar onde as meninas são bem safadinhas e têm habilidades inusitadas (e gostosas) e os meninos usam salto alto, jogam cabelão, arrasam na coreô e não dispensam uma boa meia-arrastão. O grande destaque entre eles é o Mestre-de-Cerimônias (MC), em uma interpretação enérgica (confira vídeos abaixo) de Jarbas Homem de Mello em trajes deliciosamente sumários cobrindo um corpo musculoso esculpido.

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