FELIPE BÄCHTOLD
ENVIADO ESPECIAL A BOM PRINCÍPIO (RS)
NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO
A família de um garoto autista de 14 anos se diz vítima de preconceito
por parte de um padre, que se negou a dar a primeira comunhão a ele.
ENVIADO ESPECIAL A BOM PRINCÍPIO (RS)
NATÁLIA CANCIAN
DE SÃO PAULO
O caso aconteceu no domingo, em Bom Princípio, cidade gaúcha de 12 mil habitantes a 68 km de Porto Alegre.
Editoria de arte/Folhapress |
Antes da celebração, porém, o padre Pedro Ritter, 45, avisou que Cássio não poderia ir ao altar para receber a hóstia -que representa, para os católicos, o corpo de Cristo.
O religioso argumenta que, em um ensaio, semanas antes, o garoto havia se recusado a abrir a boca, e que tomou a atitude para preservar a família de constrangimentos.
REAÇÃO
Os Maldaner dizem que foram surpreendidos. Vizinhos e amigos também se indignaram. "Simplesmente ele chegou no dia e disse que não iria fazer a primeira comunhão. As catequistas ficaram chocadas", afirma o pai.
Ritter nega preconceito e diz que deixou claro, duas semanas antes, que não podia dar o sacramento ao garoto. "Não posso abrir a boca à força para alguém receber a hóstia."
Cássio, que frequenta uma escola para crianças com necessidades especiais, não passou pelo curso preparatório de dois anos para a primeira comunhão. O padre orientou a mãe para que ensinasse o significado do ritual ao filho.
Dom Paulo de Conto, bispo da Diocese de Montenegro, à qual a paróquia pertence, diz que vai analisar o caso. Segundo ele, o garoto deve receber a comunhão em breve, mediante "preparo especial".
"A pessoa tem que ter um pouco de consciência [do que está acontecendo]", diz.
Ele nega que tenha havido algum tipo de veto. "A eucaristia nunca foi negada, mas sim adiada."
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