quinta-feira, 21 de junho de 2012

Marisa Monte estreia turnê paulistana e fala à Folha com exclusividade

ADRIANA FERREIRA SILVA
DE SÃO PAULO
RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"
A uma semana de completar 45 anos (em 1º/7, num dos shows da turnê paulistana, que começa hoje), Marisa Monte diz que se sente fechando ciclos. Neste ano, encerra o contrato que mantém com a gravadora EMI. "Não faço a menor ideia do rumo que vou tomar. Mas não me preocupo", disse em entrevista à Folha, a primeira em seis anos.
Desde então, foi mãe pela segunda vez (o que a levou à terapia) e lançou um CD recebido com ressalvas por parte da crítica, mas de forte apelo popular. "Sei que a minha música às vezes é tachada de fácil, mas quero que as canções sejam claras, que as pessoas entendam o que canto, mesmo quando falo de temas complexos."
Ela conta ainda como se vale das novas tecnologias para saciar seu interesse por coisas antigas. Discos garimpados em sebos dividem espaço com downloads e streaming. "Gasto um bom tempo pesquisando canções até o período pré-bossa nova, no acervo do Instituto Moreira Salles".
A intérprete surgida para a MPB em 1989, com um álbum ao vivo que agradou crítica e público, afirma que acompanha a atual cena musical do país -inclusive a leva incessante de novas cantoras que a têm como referência, nas quais diz não se enxergar. E opina sobre política partidária e ativismo social, que a interessam sobremaneira.
Esguia e com a discreta vaidade denunciada pelo batom vermelho e as unhas muito bem feitas -"num salãozinho de bairro da Gávea"-, Marisa falou à Folha dois dias antes de começar a sequência de shows que vendeu quase 50 mil ingressos antecipados em São Paulo.

Leonardo Aversa/Divulgação
Marisa Monte (foto) faz 16 shows da turnê "Verdade Uma Ilusão" em São Paulo
Marisa Monte (foto) faz 16 shows da turnê "Verdade Uma Ilusão" em São Paulo
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Como é a sua vida fora dos palcos?
Para o público, se você sumiu do palco, não está fazendo nada. Mas eu lancei dois discos de conceitos diferentes em 2006, com 27 músicas inéditas, fiz uma turnê de dois anos, um documentário sobre essa turnê e me envolvi na produção do filme "Mistério do Samba". Depois eu tive uma filha, que é uma produção. Entre uma coisa e outra eu já estava compondo, produzindo material para esse disco novo.
Algumas coisas mudaram desde então no modo de lançar discos.
Agora você não lança mais um disco, você lança um projeto que inclui um novo website, com muitos vídeos, conteúdo de texto etc.. De um trabalho para o outro, você tem que rever todas as ferramentas. Não existia essa profusão de redes sociais, por exemplo.
No seu penúltimo lançamento, a EMI usou um dispositivo que tentava impedir a pirataria...
Eu não tive nada a ver com isso, era uma política internacional da gravadora. Como o meu foi o primeiro grande lançamento, chamou a atenção. Mas tinha a ver com a EMI. E era uma política inútil. Havia milhares de receitas na internet explicando o passo a passo de como baixar. Só gerou antipatia.
Então você é a favor do download ilegal?
Acho que tudo tem os dois lados. As pessoas copiam, não pagam, mas, por outro lado, eu vou fazer show na China e todo mundo conhece minhas músicas. Se eu dependesse do disco físico, eu não estaria naquele espaço. A internet te dá um acesso para o mundo todo que é muito libertador.
Como vai se resolver essa equação entre a industria da música e os novos modos de consumir e produzir música?
Isso tudo acontece muito mais rápido do que a regulamentação. O meio de produção ficou muito mais barato, mais democrático. Quando eu comecei, há 20 e poucos anos, você precisava de uma pessoa que financiasse. Hoje você não precisa mais de uma empresa nem para gravar, nem para lançar. E acho que isso é revolucionário. Consumir música vai ser muito mais um serviço do que um produto no futuro, as pessoas vão assinar serviços de streaming como se fosse uma TV a cabo. É um momento de transformação/experimentação que é ótimo. Como é em toda crise.
A gravadora se anulou?
Ela está se transformando. No meu caso, como meu contrato é antigo, ainda é regido por algumas premissas antigas. Tem investimento em divulgação e algumas contrapartidas que eu nem sei se para eles hoje é interessante, porque o produto físico está encolhendo, o digital está crescendo.
Quando termina o contrato com a EMI?
Daqui a poucos meses. Só tenho de fazer mais um disco para eles, que no contrato está descrito como uma coletânea, que não tenho nenhuma. Mas não acho que faça sentido fazer uma coletânea.
Você se sente desprotegida sem o aparato da gravadora?
Não porque eu sempre fui muito independente. Levo o disco para eles pronto; apresento o produtor, o repertório, o diretor do clipe, dos shows. É como eu acho que tem que ser. Essa é uma função do artista, e não da gravadora. Sempre cheguei pronta e eles adoram.
Como essas novas tecnologias se refletem na produção de um disco?
Desde a época em que trabalhava com o Arto [Lindsay], nossos discos eram feitos entre o Brasil e os Estados Unidos, mas era uma loucura, porque tínhamos de viajar com as fitas. Era uma operação de guerra. Hoje eu viajo com um HD e os músicos me enviam os trabalhos pela internet. Fizemos sessões de gravações acompanhadas via Skype pelo arranjador. Eu achei o máximo.
Mas essa independência não é uma regra. Foi galgada com o tempo, não?
Fiquei famosa com show antes de ter qualquer contato com gravadora. Eu tinha 19 anos e desde os 16 todas me procuravam. Passei dois anos estudando na Itália e, quando voltei, o Nelson [Motta] sugeriu que eu continuasse no palco, o que me deu segurança. Foi por isso que quando cheguei na gravadora já tinha a minha turma. Tenho minhas escolhas, para fazer as coisas do meu jeito. Acho que essa é a relação perfeita entre o artista e a gravadora.
Você comentou sobre o impacto das redes sociais na divulgação do disco. Você as usa?
Fiz uma conta de Facebook que durou dez minutos. Queria ficar amiga do meu marido e criei uma conta. Em um minuto, 700 pessoas pediram para ser meus amigos e decidi fechar. Mas uso meu profissional e adoro. Olho direto, de vez em quando eu posto alguma coisa. Eventualmente se tem um recado para mim no Twitter, de alguém carinhoso, eu respondo.
Seus shows sempre tiveram uma preocupação estética exacerbada.
Minha relação com o público ganhou solidez com o contato direto, que é o palco que dá. Agora estou mais mansa, porque tenho filhos. Mas com 20 e poucos anos eu fazia turnês de 180 shows em um ano. Já fiz 38 apresentações na Europa e nos Estados Unidos em 55 dias. Desde antes de ter disco, eu já tinha cenário. Sempre pensei neste diálogo com a produção de arte contemporânea brasileira. Isso também aconteceu nas capas dos discos.
O aparato tecnológico do show atual diminuiu, mas ele continua pomposo.
Eu queria uma coisa mais lo-tech, que acho mais mágico. Só tem projeção mesmo, e eu queria que todas as imagens fossem feitas a partir de imagens de artistas plásticos brasileiros contemporâneos. O resultado é retrato sonoro e visual de sentimentos comuns, mas em manifestações artísticas diferentes.
Você tem três músicos da Nação Zumbi, que faz um gênero completamente distinto do seu, na banda. Desde quando rolava esse "flerte"?
Eu os conheço desde a época do Chico [Science], sempre fui fã. Quando fui gravar, queria uma sonoridade de banda, mas não queria isso em separado, por isso eu os convidei para participar. Com o Pupillo eu já tinha gravado no disco anterior.
Você leva os filhos às turnês?
Ia começar a ensaiar em janeiro, mas resolvi salvar as férias das crianças. Elas não podem perder a escola. Talvez eu os traga uma semana para São Paulo, tenho amigos aqui. Mas há cidades em que não conheço ninguém, então, não tem muita graça para eles.
O que você costuma cantar para nina-los?
Para eles eu gosto de mostrar canções singelas, como [canta] "eu vivo a vida cantando, hi Lili, hi lili, hi lo". Do disco novo, minha filha [Helena] gosta de "Hoje Eu Não Saio Não".
Como você organiza as ideias que mais adiante vão se transformar em música?
Pode acontecer a qualquer momento, pode ser na rua, no carro, no meio do banho. Vou gravando e, quando encontro com os parceiros, a gente brinca, a gente gosta de fazer música juntos. Em casa, eu tenho uma garagem, que é um estúdio, como hoje em dia todo mundo tem, porque um estúdio é um computador. Ali a gente fica meio blindado, sem incomodar quem está em casa e sem ser incomodado. Eu também costumo vir para São Paulo, gravar com o Arnaldo [Antunes]. Mas o melhor de tudo é quando a gente consegue viajar juntos, porque a gente fica 24 horas em contato e sai música todo dia. O Dadi mora do outro lado da rua, sempre vem em casa. A gente sempre está tocando violão juntos.
Desde o disco "Cor de Rosa e Carvão", revelou-se uma espécie de garimpagem de referências e canções em seus trabalhos. Como você faz essa pesquisa?
Tenho várias fontes. Tenho muitas coleções de LP, tipo "Colectors", "Revivendo". Nos intervalos da minha primeira amamentação, eu ia sempre ao Instituto Moreira Sales e ficava ali sozinha, ouvindo músicas desde 1900 até a pré-bossa nova. Agora tudo isso está on-line. Quando eu comecei, não tinha disco nem da Carmen Miranda nas lojas. Os álbuns saiam de cartaz e você não encontrava mais. O que me criou foi a coleção Abril, que era vendida em bancas do jornal. Por que você acha eu cantava "Ensaboa" aos 18 anos? Eram coisas da minha infância. Sempre gostei de música brasileira, que acho que é a minha especialização. Isso acabou se aprofundando no meu trabalho com a velha-guarda da Portela.
Eles têm a dimensão de que a mãe é uma supercantora?
O Mano tem, mas a pequenininha não. O Mano viu a última turnê, mas ele tinha apenas cinco anos. Hoje ele está mais consciente. A fama deve ser chato quando você é conhecido por uma coisa ruim, sei lá, por ser um assassino, um ladrão. No meu caso, eu sou muito querida, então, isso se reflete na vida dele de uma forma que tranquila, gostosa. Mas isso é uma coisa que ele ainda está percebendo.

Tom Munro/Divulgação
Marisa Monte (foto) faz temporada de shows no HSBC Brasil (zona oeste de São Paulo), a partir de 21 de junho
Marisa Monte (foto) faz temporada de shows no HSBC Brasil (zona oeste de São Paulo), a partir de 21 de junho
Ele se envolve com música de alguma forma?
Não. O lance dele é o traço. A família dele por parte de pai é de arquitetos, então, acho que ele pegou o traço. Ele gosta de desenhar. Essa é a viagem dele, pelo menos por enquanto.
Você é vaidosa?
Acho legal mulher bem cuidada. Acho que a mulher não precisa ser bonita, precisa ser bem cuidada. Faça as coisas normais: faço ginástica, faço a unha. Nunca mexi em nada. To aceitando também, porque acho digno, acho bonito envelhecer. Não chamo isso de velho, chamo de vivência. Mas me cuido, boto uma basesinha, uma sombrinha, a meia nunca está furada. Acho que eu até decepciono quando passo na rua totalmente sem maquiagem, mas acho legal que as pessoas vejam isso. Não quero que as pessoas pensem que eu acordo sempre linda, que eu estou sempre maquiada, numa banheira de espuma, bebendo champanhe e que eu nasci com um dom. Eu ralo, dou duro. Minha vida de vez em quando é dormir em ônibus. É uma vida igual a de todo mundo. Eu estou aqui para me comunicar com as pessoas. E sou um ser como todo mundo, não um ser incrível.
Sua vida pessoal é muito resguardada. Não é difícil conseguir isso morando no Rio, uma cidade que alimenta a cultura de celebridade?
Eu não me resguardo, levo uma vida normal. O lance é que os paparazzi são bem sem criatividade. Eles ficam sempre na mesma área. Se você quiser encontrar um basta ir na rua Dias Ferreira, no Leblon, ou na orla de Ipanema. Eu só não circulo por essas áreas. Minha rotina é de ir à padaria, comprar as frutas, fazer a unha num salãozinho simples. No colégio eu sou a mãe dos meus filhos, vou em reunião.
Você está prestes a completar 45 anos. Isso trouxe alguma crise?
Sempre ouvi falar de crises de idade. Me avisavam que "na adolescência vai ter crise". Depois nos 20 e poucos anos. Eu estou seguindo. Meus 40 passaram felizes. Acho que as crises que eu tive ou os momentos mais difíceis foram ligados a momentos pontuais da vida. Não tem dia e hora para ter crise.
Há alguns anos você declarou voto e já participou de campanhas contra a violência. Você é engajada?
Falo em quem eu votei, mas não em quem eu vou votar. Hoje [noite da última terça], particularmente, é um dia triste, porque teve esta história do Lula aceitando o apoio do [Paulo] Maluf, a Erundina desistindo de ser candidata a vice. Acho que a gente vive um momento ético bem complicado. A gente tinha uma ilusão de que tinha uma alternância no poder, que o pessoal da esquerda iria entrar, seria mais honesto. Mas, no que você entra, as forças viciantes são tão fortes que todo mundo sucumbe. Eu não quero ser esquerda nem de esquerda, eu quero ser honesta. As instituições políticas vivem uma época de desmascaramento dessas práticas. A informação hoje circula muito mais, as pessoas gravam a propina rolando, fica muito difícil o cara dizer que não fez nada. Por outro lado, há uma articulação da sociedade que eu acho que são as coisas mais legais que estão acontecendo no Brasil, que são apartidários, mobilização de núcleos e setores da sociedade que vão desde a Parada Gay até marcha pelas mulheres que querem filho em casa. As pessoas estão muito conectadas por meio da internet e estão conseguindo se mobilizar como nunca antes. Acho que isso pode ser revolucionário. Eu faço show de música, e você sabe que tem pessoas afinadas e desafinadas mas, quando uma multidão canta, sempre fica afinado, e isso me dá fé na humanidade. Eu acredito que a maioria das pessoas quer ser feliz, quer um mundo melhor, quer um país rico e educado, e essas pessoas tem poder de se articular hoje.
Acompanha a política carioca mais amiúde?
Não tem como não viver isso porque acontece na rua do meu bairro, você conversa com a manicure, que mora na Rocinha, e você sabe o que acontece lá dentro. Claro que o tráfico não vai deixar de existir, porque existe no mundo inteiro. Eu fiz show no Alemão na época em que o Exército cercava o bairro para não deixar que os bondes de traficantes saíssem de lá, porque as ruas eram patrulhadas pelo tráfico. Não entrava nem bombeiro no Alemão. Era uma coisa inconcebível, inadmissível. Não quer dizer que a UPP resolveu tudo. Isso só vai melhorar por meio da educação, da conscientização. A gente distribui a riqueza por meio da educação. As escolas do Rio são fracas. O ensino não é legal. Acho que isso tudo tem que acontecer além da força policial. Foram muitos anos de muitos governos não alinhados com governo federal e muito fracos.
Há um movimento de apoio crescente de artistas à candidatura do deputado Marcelo Freiro (PSOL) à prefeitura do Rio.
Tive um encontro com ele e o achei ideologicamente perfeito. Ele parecer ser honesto. Todos os princípios que a gente acredita, ele também acredita. Ele quer dar novo significado para o espaço público. As pessoas hoje em dia não só não se apropriam da rua, como ainda desprezam, jogam lixo, passam com carro em cima. Acho que ele é uma pessoa maneira, legal, mas, por outro lado, acho que se ele se eleger --que eu acho difícil no Rio--, é difícil uma ruptura brusca no Rio, romper com as empresas de ônibus, as milícias. Mas ele representa um desejo, que a gente vê transparente nele, de muitas outras pessoas.
Você se engajaria na campanha dele?
Me incomoda a ideia que alguém vai votar em alguém porque eu vou votar. Eu posso dizer várias coisas que não é em quem eu vou votar que ajudem as pessoas a chegarem ao mesmo lugar, com mais reflexão, sem dar o pensamento pronto. Já disse para ele inclusive que não declaro meu voto. Nunca declarei. Prefiro me engajar em campanhas apolíticas, apartidárias. Mas isso é totalmente pessoal. Tudo o que eu falei sobre o que acho, penso, diz muito. Posso dizer que eu votei na Marina [Silva], em 2010, e isso também diz muito. Me incomoda porque tem que partir de uma reflexão individual e eu não gostaria de entregar nada pronto para ninguém. Acho que as pessoas têm de aprender a pensar. Está todo dia no jornal. Nós temos um histórico de desarticulação. Eu cresci num mundo que não tinha eleição, associação de bairro, grêmio. Isso deixou de existir. Esse processo teve de ser reformulado.
Você acompanha a nova geração da música brasileira, especialmente a leva de cantoras -deve ser a segunda geração- que surgiu depois de você?
Gosto do Cícero [cantor carioca], acho legal porque é autor, ou o próprio André Carvalho, que é filho do Dadi e é super compositor. Outro dia vi um show do Emicida, que é uma graça total, assisti ao Criolo também. O disco da Mallu [Magalhães], "Pitanga", é lindo. A Tulipa tem um trabalho bonito. A Céu eu adoro, tem coisas lindas. Já vi a Karina [Buhr], participando de uma apresentação do Arnaldo, mas já me disseram, que o show dela é incrível. Vi a Gaby Amarantos, que tem personalidade, é uma pessoa exuberante. A figura dela, o jeito dela, sua auto-estima, tudo isso é muito legal. Me lembra um pouco Alcione, tem uma vibração bacana, é astral. Ela fala "você já viu alguma mulher na periferia ficar triste porque não entra num jeans 36?". Isso precisa ser dito. Ela é autêntica.
Você é uma referência --assumida ou não-- para essas cantoras que surgiram. Você se enxerga nelas?
Não... eu me enxergo mais nas minhas referências. É difícil dizer que você é referência para alguém. Cada uma tem suas nuances, suas peculiaridades.
O que você tem lido?
Estou numa fase Brasil imperial. Tinha lido "Titília e o Demonão" [de Paulo Rezzutti], vi que tinha saído um romance do Javier Moro, e é muito bom. Li também "História da Intimidade", da Mary del Priore, e vi que ela tinha lançado um livro sobre o triângulo Domitila, Dom Pedro, Leopoldina, que estou lendo agora. E já tinho lido também "Chalaça" [de José Roberto Torero]. Adoro história do Brasil, li muito Darcy Ribeiro.
Reprodução

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