domingo, 16 de setembro de 2012

De volta à TV, Mariana Ximenes evita polêmicas e diz não temer a velhice

Antes de conversar com a coluna em um hotel de São Paulo, a atriz Mariana Ximenes pede para uma assessora avisar: fotos, só depois que seu cabelo estiver arrumado.
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Ela chega de jeans, com uma blusa em formas geométricas preta e marrom, bota de verniz com salto agulha e bolsa preta, ambas Chanel. Pede desculpas à repórter Lígia Mesquita, pois ficará de costas enquanto se maquia.
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São 11h45 de uma quarta e a atriz paulistana de 31 anos está de volta a sua cidade natal para gravar o começo de "Guerra dos Sexos", trama das sete de Silvio de Abreu que estreia em 1º de outubro, na Globo. No remake, será Juliana, papel que coube a Maitê Proença na primeira versão da novela, em 1983.
Mariana Ximenes no set de "Guerra dos Sexos", nova versão de novela da década de 80, que estreia em 1º de outubro na Globo
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Conta que assistiu a algumas cenas da versão original na internet. "Mas não muito. A gente tem que fazer uma coisa nossa, né?" Conversou com Maitê, mas não pediu dicas. "Ela me disse que a novela fez muito sucesso."
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Depois de fazer uma vilã em "Passione" (2010), ela não gosta do carimbo de boa moça do novo papel. "Não tem essa de dizer é mocinha, é vilã. Não tem essa estrutura."
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E explica a caracterização da personagem: "Quero que a Juliana fique com uma cara leve que nem as meninas de Londres, que arrumam o próprio cabelo, colocam um grampo e foi, tá pronto".
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A capital inglesa é citada várias vezes. "É a cidade que mais amo." Aos 16 anos, a atriz fez intercâmbio na Inglaterra. Voltou a Londres em 2011. "Aluguei um apartamento e fiquei quatro meses, estudando teatro, passeando", diz. Gostou de andar de ônibus, de metrô. "Observar mais e ser menos observada."
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Um produtor interrompe a conversa. "Mariana, você precisa se trocar." Ela pede licença e vai para a sala de figurino. Retorna 40 minutos depois com os textos numa sacola Prada. Antes de entrar no carro com o ator Paulo Rocha e a atriz Jesuela Moro, 7, troca um beijo selinho com o diretor Jorge Fernando.
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No elevador do shopping, Rocha dá licença para uma mulher passar e brinca: "Desculpe, deixamos você presa aí no fundo". E recebe uma cantada: "Com você fico presa em qualquer lugar". Risada geral. "Ai, gente, tava distraída. O que foi que eu perdi?", pergunta Mariana.
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No começo da história, a personagem de Mariana se envolve com a de Paulo, que é casado. "Mas ela não vai manter uma situação dessa por muito tempo", avisa.
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Se o assunto é traição, a atriz fica em cima do muro. "É difícil julgar amor, paixão." Ela namora há um ano o publicitário Lucas Melo e foi casada com o produtor Pedro Buarque de Hollanda. Diz que nunca precisou perdoar pulada de cerca. "Graças a Deus. Mas é uma questão. Cada caso é um caso."
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Em "Guerra dos Sexos", seu par romântico voltará a ser Reynaldo Gianecchini. Os dois ficaram amigos na época de "Passione" e ela acompanhou o tratamento do ator contra um câncer. "Ele transborda vida." A história de Gianecchini, afirma com os olhos marejados, a transformou. "A gente fica triste com bobagens. Importante é a saúde. Senão você vive reclamando, com picuinha."
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Ela já deu entrevista para a biografia de "Giane", como o chama, que Guilherme Fiuza está escrevendo. E ganhou do autor o livro "Amazônia 20° Andar".
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"Gosto desse tema ambiental. Meu pai é advogado e perguntei muitas coisas pra ele sobre o projeto do novo Código Florestal. A gente é cidadão, tem que se envolver", diz. Sobre a votação, responde com "Veta, Dilma!".
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Já sobre a amiga Camila Pitanga ter quebrado o protocolo em uma cerimônia com a presidente Dilma Rousseff e pedido para ela vetar o Código, Mariana afirma que achou "ótimo" e "coerente".
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Mas fica em silêncio ao ser questionada se artistas deveriam opinar sobre política. "Se eu me manifesto? Depende. Por exemplo, agora, tem o julgamento do mensalão. Quando posso tô acompanhando. Interessa a todos nós", diz. Se é caso de cadeia, "não sei o que acho, depende das alegações", afirma.
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Gosta da presidente Dilma. "Principalmente da faxina que ela fez nos ministérios." Mas não revela se ela teve o seu voto. "Ah! Hahaha, não vou dizer." E explica por que foge de algumas perguntas. "Minha opinião é minha. E eu quero privacidade. Tem vezes que é bom levantar questões. Gosto de conversar, mas não necessariamente ser categórica numa opinião."
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Ela dá a mão para a menina Jesuela. "Vamos passar o texto. Lembra da deixa?"
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A gravação acaba. Ela corre para o cinema, compra um saco de pipoca e uma água para levar no carro. Não precisa dormir no hotel, porque tem um apartamento na cidade. Mas não diz o bairro.
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"Meu ex-marido foi sequestrado. Vi que isso pode acontecer tão perto. O cara que sequestrou o Pedro era o nosso motorista. Depois que você passa por isso, você fica alerta. Não deixo de sair, de andar, mas essa coisa de as pessoas saberem onde moro, o que faço, me dá nervoso."
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"Ai, tô com frio", diz no carro, pipoca no colo. Busca dentro da bolsa uma echarpe. Tira uma florida da grife Kenzo e se enrola nela. "Gosto de me vestir bem. Grife não é o principal. O importante é ter caimento e conforto", diz.
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Aos 31 anos, acha que o corpo "está OK". Se tivesse que mudar algo, seria acabar com a insônia. Posar nua? "Até agora não tive vontade." Exceto o nu artístico quando foi clicada por Miguel Rio Branco pintada de urucum.
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Artes plásticas, aliás, são sua perdição. "Tenho algumas obras", diz. Tem amigos no meio. "O Nelson Leirner, o Vik Muniz." Da artista Adriana Varejão, atual companheira de seu ex-marido, diz que nunca foi amiga. "Conheço e adoro o trabalho dela. Era amiga do Pedro."
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No hotel, pede um chá de maçã. E divaga sobre envelhecer. "Eu convivi com a Fernanda Montenegro com 80 anos indo gravar, vejo ela em várias peças, superativa. Não dá pra ter medo da velhice [risos]! Tem que viver a vida."
Mônica BergamoMônica Bergamo, jornalista, assina coluna diária publicada na página 2 da versão impressa de "Ilustrada". Traz informações sobre diversas áreas, entre elas, política, moda e coluna social. Está na Folha desde abril de 1999.

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