Do UOL, em São Paulo
- ReproduçãoTim Maia durante show de inauguração do novo teatro Bandeirantes, em São Paulo, em 1974
Em entrevista exclusiva para o UOL, seu filho Léo Maia comentou sobre a carreira do pai e sua contribuição para a música. “Quando ele surgiu não existia um cenário black. Meu pai propôs algo totalmente novo, um novo tipo de melodia, de harmonia. Tanto que foi uma ruptura no país quando o som dele bateu de verdade”, conta ele.
- Tim Maia durante o início da carreira, em 1970
Em 1959 Tim Maia embarcaria sozinho para os EUA, aos 17 anos de idade, onde permaneceria por quatro anos. “Ele viu toda a efervescência e o nascimento da cultura black lá”. Nos EUA Tim formou a banda The Ideals, que gravou um compacto, “Yes I Love”. Segundo Léo, Tim havia sugerido que o baterista incorporasse uma levada de bossa nova nas gravações, que teria ficado receoso. “Meu pai disse ‘como é negão, qual é pô, vamos fazer um som, levar pra frente essa porra’. Aí o cara relaxou e fez a gravação”, brinca ele. Após quatro anos, Tim Maia acabou sendo deportado de volta para o Brasil por posse de maconha, crime considerado grave na época. “Por nada, como dizia ele, por causa de um baseadinho”, explica Léo.
- O cantor em apresentação da época em que aderiu à seita Universo em Desencanto
No meio dos anos 70 Tim entrou para a seita Universo em Desencanto e gravou dois discos considerados clássicos da soul music mundial. Por causa do seu rompimento com os integrantes do culto, os discos ficariam fora de catálogo por décadas até serem relançados em CD pela gravadora Trama a partir de 2006. “Na verdade ele execrou esses discos, até queimou os tapes. Não sei quem achou isso, nem onde, o material estava perdido. Para ele, esse disco deveria ser relançado”. Segundo Léo, os discos hoje em dia são cultuados até em Israel, onde são bastante tocados por DJs de black music.
- Tim Maia durante show em casa noturna carioca em 1982
Se a relação de Tim com figurões e celebridades não era das mais fáceis, o artista tinha verdadeira veneração por sua plateia. “Vi tantas vezes meu pai separar em sua agenda um espaço para fazer um show de graça, do tipo ‘paga a banda, me dá um negócio aí e convida 2 meninas’”. Segundo ele, uma apresentação assim seria a melhor homenagem que seu pai poderia querer. “Tenho certeza absoluta que meu pai amaria que organizassem algo de graça para o povão, principalmente em São Paulo, que ele tanto amava. E gostaria também de ver os amigos dele indo lá e cantando uma música para ele”, diz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário