Noite, moda, arte, música, entre outros temas, estarão em pauta, afirma o blogueiro. Segundo ele, a ideia para o blog surgiu no início de 2010.
"Quando começou o 'Big Brother Brasil 10', vi uma reação de um monte de gente tida como 'moderninha' apoiando veemente o Marcelo Dourado e aquilo me assustou", conta.
"Essa 'modernidade' no fundo estava dando aval para os ataques homofóbicos que ocorreriam mais tarde na avenida Paulista", afirma o novo blogueiro da Folha.
Ele promete que o blog irá dialogar com "héteros, homossexuais, fashionistas, intelectuais, baladeiros, artistas, politicamente incorretos e minorias em geral".
O blog terá, além de colunas e pensatas do autor, entrevistas com personalidades.
Vitor Angelo foi um dos titulares da coluna GLS da extinta Revista da Folha.
João Sal - 5.jul.2006/Folhapress | ||
O jornalista Vitor Angelo, que vai passar a assinar um blog sobre héteros e gays na Folha.com |
Muita gente acha que bicha surge assim, de um tubo de purpurina no Carnaval ou de um esquete de humor da TV aberta. E assim como surge, logo desaparece, levando junto o riso que possivelmente despertou.
Mas a história é outra e os homossexuais tiveram e têm um longo percurso. Esse blog não é fruto do acaso. Ele é uma das sementes que foi plantada por homens e mulheres que ousaram dizer o nome de seu amor. Sem as ações do grupo Somos, nos anos 1970, ou do jornal O Lampião da Esquina, ou ainda do Grupo Gay da Bahia e de Luiz Mott nada disso seria possível. Sem as projeções do Festival Mix Brasil, sem a gama de sites e revistas surgidas desde a década de 90 voltada para o público gay, sem a atitude até agora – infelizmente – única na grande mídia brasileira do jornal Folha de São Paulo ao criar em sua Revista uma seção chamada GLS que durou até o ano passado, e sem a ação positiva - em relação aos homossexuais - de uma parte da sociedade heterossexual, esse espaço não existiria.Não podemos esquecer dos rostos (que ficaram anônimos pelas estátisticas) massacrados por sua orientação sexual nesse país que bateu o recorde em assassinatos de homossexuais em 2010, foram 250 casos. Não podemos esquecer das quá-quás que levaram bullying na escola, e das bees que ergueram seus cartazes de protesto em alguma parada gay do país.Os homossexuais do Brasil têm um longo caminho com muitas personagens e pra todos eles devemos deitar o cabelo. Mas gostaria de explicitar minha homenagem ao escritor, cineasta e dramaturgo João Silvério Trevisan e o seu “Devassos no Paraíso”, uma espécie de levantamento histórico da vida gay nestes trópicos.Podemos claramente chamar o projeto de Trevisan como nosso livro de formação e nele tem um trecho que muito me interessa: “No Brasil é arriscado referir-se a uma ‘comunidade guei’ tal como se pode fazer nos Estados Unidos, por exemplo. Nossas expressões de homossexualidades são tantas, e com tal diversidade, que chegam a ser conflitantes. Nessa mesma categorização tendem a se misturar discrepantemente homossexuais de todas as classes, profissões e estilos, desde profissionais de renome até pessoas à margem de tudo. Assim, temos um campeão de corrida com barreiras, Walmes Rangel [... ] e um jogador de vôlei como Lilico (Luis Cláudio Alves da Silva) [...] Num outro extremo [...] temos a figura mítica de Madame Satã [...] que foi um representante legítimo da verdadeira contracultura brasileira, segundo Paulo Francis”.E é nessa diversidade que esse blog pretende se orientar, convidando héteros e quem mais quiser para um reflexão sobre sexualidade, sociedade e liberdade.Que Carmen Miranda nos guie! Chica chica bum!
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