domingo, 13 de fevereiro de 2011

Emissoras apostam na união de efeitos mecânicos e virtuais

Emissoras apostam na união de efeitos mecânicos e virtuais para criação de cenas mais convincentes. Foto: Afonso Carlos/Carta Z/Divulgação Emissoras apostam na união de efeitos para criar cenas mais convincentes
Foto: Afonso Carlos/Carta Z/Divulgação


Geraldo Bessa /TERRA
A teledramaturgia brasileira investe cada vez mais alto em tecnologia. Por conta disso, cenas inimagináveis de serem feitas no passado tomam forma pelas mãos dos criadores de efeitos especiais. Se antes tudo era realizado de forma mecânica, agora os diretores das séries e das novelas têm no computador o principal aliado para garantir os efeitos visuais de uma cena.
"Hoje em dia, os efeitos especiais e visuais são fundamentais para dar veracidade ou magia à história", acredita Dennis Carvalho, diretor-geral de Insensato Coração. A novela das nove da Globo, apesar de ainda não ter decolado no ibope, tem a aviação como pano de fundo. Por conta disso, a emissora bancou a compra de um avião cenográfico para dar mais realidade às cenas, que na edição, aparece no céu de forma virtual. Dennis acompanha o processo de perto, e fica de olho na qualidade dos elementos que são inseridos por computador. "Sou muito crítico. Qualquer coisa que fique meio falsa me incomoda", confessa.
Na Globo, o departamento de efeitos é dividido em dois setores: o virtual e o físico ou mecânico. O primeiro é responsável por qualquer criação computadorizada. Já o segundo cuida da composição real das cenas que vão ao ar. "Desde uma chuva de estúdio, até tempestades em externas. Também fazemos as explosões, lutas, levitações e movimentos de objetos, carros, barcos e cenários. Basicamente cenas de ação que precisam parecer reais", esclarece Cláudio Sampaio, produtor de efeitos especiais físicos da emissora.
No entanto, em se tratando dos folhetins atuais, qualquer trabalho passa por um rigoroso processo de pós-produção. "Os setores andam juntos. O trabalho físico é muito importante e os detalhes ficam para a computação", revela Cláudio. Das principais emissoras brasileiras, a Globo sempre liderou a importação e a pesquisa de novos efeitos para suas produções. Porém, de 2007 para cá, a Record vem chamando atenção pelo projeto de uma dramaturgia diversificada, apostando em sinopses tradicionais e em histórias que exigem mais investimentos tecnológicos. O primeiro exemplo disso foi a saga de Caminhos do Coração, dirigida por Alexandre Avancini. "As cenas com os mutantes eram muito trabalhosas e exigiam alto grau de planejamento. É necessário ter 'takes' de vários ângulos e os atores precisam refazer tudo várias vezes", detalha Alexandre. O último projeto da emissora que utilizou em larga escala os efeitos especiais foi a minissérie Sansão e Dalila. "Fomos para Los Angeles aprender técnicas usadas nos filmes de Hollywood", conta Hiran Silveira, diretor de dramaturgia. Para contar a história bíblica, a Record anunciou o valor de cerca de R$ 800 mil por episódio. A série abusava de efeitos virtuais em três dimensões. Inclusive, uma das cenas mais esperadas foi a da luta do protagonista com um leão. "É necessário uma composição de imagens para chegar ao melhor resultado. Fazemos a cena do ator com fundo verde, ele interage com a cabeça de um leão, e o fundo digital é inserido posteriormente", explica o técnico de efeitos Gustavo Dominguez. O animal foi modelado em 3D pela equipe de videografismo, que vai desenhando e criando todos os aspectos para ele ser inserido na cena. Ribeirão do Tempo também faz uso de muitas imagens com tecnologia 3D. A cena do acidente de avião que culminou na morte de Sílvio, de Rodrigo Phavanello, utilizou um avião virtual. "Não poderíamos pegar essa aeronave e explodir. Usamos uma carcaça só do corpo do avião. É tudo feito em fundo verde. A colagem de cenas é que dá vida a essa sequência", avalia Vicente Barcellos, diretor da cena.
Questão climática
Juntar efeitos mecânicos e digitais à atuação dos atores é uma tarefa que exige tempo e paciência. A longa sequência do sequestro de avião do capítulo inicial de Insensato Coração demorou sete dias para ser gravada. "Foi uma cena trabalhosa e grandiosa, especialmente porque estávamos estreando o avião cenário", justifica Dennis Carvalho, diretor acostumado a cenas complicadas e que gosta de inovações.
Em 2008, na novela Três Irmãs, Dennis levava dias para gravar as cenas de surfe. "Usavámos surfistas como dublês e depois inseríamos o rosto dos atores por computador. Mas nem tudo pode ser virtual. Ficávamos dependendo do clima para gravar", relembra Dennis. Acompanhar a meteorologia é fundamental para cenas mais complexas e o mau tempo pode duplicar o trabalho da equipe de efeitos. A cena do acidente de avião da Record demorou 15 dias para ficar pronta, já que o cenário de um avião virtual precisa ser todo formatado pela equipe de videografismo. Além disso, a equipe teve complicações por causa do céu fechado. "Isso aumentou trabalho da computação gráfica. Tivemos de trocar as nuvens pelo céu azul. É um presente a mais para eles. Mas a equipe tira de letra, já que é a mesma de Caminhos do Coração, brinca Vicente Barcellos.
Instantâneas
Dennis Carvalho foi o responsável pela compra do avião cenográfico. Ele viu algo parecido em uma feira de tecnologia de Los Angeles. Apesar do alto investimento, alguns efeitos especiais de Sansão e Dalila foram duramente criticados pela imprensa. Caminhos do Coração tinha um dinossauro entre seus personagens. O velociraptor era feito em um programa chamado Inferno e demorou um mês para ficar pronto. Os dinossauros voltam à dramaturgia nacional este ano em Morde e Assopra, próxima novela das sete. A trama de Walcyr Carrasco vai falar sobre paleontologia e novas tecnologias. A emissora não dá detalhes, mas está investindo alto nos efeitos visuais do folhetim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...