Daniel Favero/TERRA
Acusado de molestar sexualmente seus próprios filhos, um brasileiro está preso nos Estados Unidos há 27 meses, aguardando julgamento. Ricardo Costa, ex-marido de uma americana com quem teve três filhos, estava detido desde dezembro de 2008 em Sedona, no Estado do Arizona, com fiança estipulada em US$ 75 milhões segundo seu advogado americano, Bruce Griffen.Amigos do brasileiro que vivem no Brasil dizem que a família ainda não se pronunciou sobre o caso com medo de prejudicar o andamento do processo.
A acusação veio à tona durante o processo de divórcio entre Costa e Angela Denise Martin. Ele foi preso durante uma das audiências para a definição da custódia das crianças, acusado de "vários" crimes inafiançáveis, explicou Griffen. No final do ano passado, entretanto, a maioria das acusações foi retirada e hoje ele responde por uma: abuso contínuo infantil, crime passível de fiança, segundo a tese da defesa.Para o advogado americano, o motivo para a determinação de um valor tão alto de fiança tem o objetivo de manter o brasileiro preso. "Ninguém poderia pagar", afirma. Ele diz que, em 30 anos de exercício do direito, nunca viu um caso como esse. Griffen disse ainda que vai recorrer do valor da fiança, mas isso atrasará ainda mais a tramitação do processo. "Esse caso já teve todos os problemas legais conhecidos pelo homem", completa, acrescentando a tentativa da defesa de afastá-lo do caso, em um imbróglio que durou mais de seis meses.
Griffen descarta qualquer motivação racial pelo fato de Costa ser brasileiro. "Eu não acredito que essa é a razão pela qual ele teve todos esses problemas. Em alguns casos, ocorre de haver mais problemas do que em outros, e esse é um daqueles casos que possui vários desafios legais. Deixo para outra pessoa decidir qual a razão para tudo isso. Mas eu não acredito, com base no meu julgamento, que sua descendência brasileira é um problema, não acho que essa é a questão".Para o advogado, a mulher de Costa está muito convicta da culpa do ex-marido e tem pressionado as crianças para relatar os supostos abusos. "Depois de meses de investigação, uma das crianças disse que teve algo. Um ano depois desse depoimento, outra das crianças disse algo, e seis meses depois disso, uma das crianças disse ter testemunhado algo. Foi um lento e evolutivo processo que acreditamos ser sido produto de coerção e pressão", disse. Segundo ele, até o divórcio, não foi feita qualquer denúncia de abuso.Em reportagem divulgada em fevereiro desse ano um jornal local da região, o Sendona Red Rock News pessoas que conviviam com Costa estão se mobilizando para ajudá-lo, pagando a fiança e oferecendo um local para ele viver.A reportagem do Terra tentou entrar em contato, por diversas ocasiões, como o Tribunal Superior do condado de Yavapai, onde Costa está sendo julgado, mas a assistente administrativa do gabinete do procurador, Penny Carmer, não foi encontrada para comentar o caso. O Consulado do Brasil em Los Angeles, responsável por prestar auxílio aos brasileiros naquela região, também disse não ter informações sobre o caso.

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