sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sucesso 'O Rei do Gado' completa 15 anos; relembre

Patrícia Pillar era uma bóia-fria, herdeira da família Berdinazzi, que perdeu a memória. Foto: Divulgação Patrícia Pillar era uma das protagonistas de 'O Rei do Gado'
Foto: Divulgação

Geraldo Bessa /TERRA

Em meados dos anos 90, Benedito Ruy Barbosa já era considerado um autor do primeiro escalão da Globo. Depois do êxito conquistado por Pantanal, na extinta Manchete, em 1990, e a repercussão de Renascer, de 1993, - primeira novela do autor no horário nobre global -, Benedito juntou-se novamente ao diretor Luiz Fernando Carvalho para criar uma de suas obras mais lembradas, O Rei do Gado, de 1996, que atualmente é exibida pelo canal pago Viva.
"Foi um trabalho muito feliz. O texto ultrapassa a temática rural e a imigração italiana. Fala sobre questões fundamentais para o Brasil daquela época", avalia Edmara Barbosa, filha do autor e uma das colaboradoras da trama. Dividida em duas fases, o folhetim teve os primeiros sete capítulos ambientados no interior de São Paulo dos anos 40. E contava a história de guerra por dominação territorial entre as famílias dos imigrantes italianos Giuseppe Berdinazzi, de Tarcísio Meira, e Antônio Mezenga, de Antônio Fagundes. "Eram pessoas sofridas. E conseguiram enriquecer com muito esforço. Por isso, defendiam seus interesses de forma passional", explica Edilene Barbosa, também filha e colaboradora de Benedito neste trabalho.
O ponto em comum entre os clãs surge do amor "shakespeariano" protagonizado por Giovanna Berdinazzi, de Letícia Spiller, e Henrico Mezenga, de Leonardo Brício. "Era um romance puro. Só participei dos primeiros capítulos, mas é um trabalho muito importante na minha formação de atriz. Fizemos um laboratório intenso e a direção do Luiz foi muito profunda", elogia Letícia, referindo-se ao cuidadoso processo de gravação da novela. Luiz Fernando Carvalho tratou minuciosamente de cada detalhe. Desde a densa preparação dos atores principais, até a luz especial usada nas cenas da primeira fase do folhetim, que ganharam tons cinematográficos com a fotografia de Walter Carvalho, prestigiado fotógrafo de cinema. "Dirigi esses capítulos sozinho. Os pintores italianos românticos foram referências para essa fase do trabalho. A luz do set tinha de captar aquela atmosfera", filosofa Luiz Fernando. A ponte para a segunda fase da novela é o nascimento de Bruno, de Antônio Fagundes - único ator presente nas duas fases -, filho de Giovanna e Henrico. O jovem casal fugiu dos conflitos entre suas famílias. E aos poucos conquistou terras e rebanhos de gado, fazendo de Bruno, o único herdeiro. "O Bruno era muito bem-sucedido, mas era triste e solitário", define Fagundes. Ambientada na cidade de Ribeirão Preto, a segunda parte de O Rei do Gado mostrava o desenvolvimento do interior paulista nas figuras de Bruno, alto empresário da agropecuária, e Jeremias Berdinazzi, tio de Bruno, e considerado o rei da cafeicultura e da produção de leite na região, interpretado por Raul Cortez. Jeremias ficou rico depois de dar um golpe na família e procura, a todo custo, a filha de seu irmão Giácomo, de Manoel Boucinhas, para se redimir da traição.

A procura de Jeremias parecia ter fim com a chegada de Marieta, de Glória Pires, que se dizia filha de Giácomo. No entanto, a verdadeira herdeira surge na pele da inocente bóia-fria Luana, de Patrícia Pillar. A personagem perdeu a memória depois de sobreviver a um acidente que vitimou toda sua família. Com isso, se juntou a um grupo de sem-terra organizados por Regino, de Jackson Antunes.
Luana é outro ponto de encontro entre as famílias, já que em uma das invasões do grupo, se apaixona por Bruno, seu primo, e ainda se descobre sobrinha de Jeremias. "Ela tinha tudo e nada ao mesmo tempo. Estava em busca da sua história, se apaixonou, e ainda ajudou a falar sobre a reforma agrária", relembra Patrícia. Uma das bandeiras sociais da trama, inclusive, eram os conflitos entre grandes proprietários e o Movimento dos Sem Terra - MST, o que chegou a incomodar alguns congressistas latifundiários. Na novela, no meio desta briga estava o Senador Roberto Caxias, de Carlos Vereza, um político honesto e defensor das minorias, que luta até ser assassinado em uma emboscada dentro de um acampamento dos sem-terra.
"Era a realidade dos esquecidos. A novela foi contundente e o personagem marcou minha carreira. Até hoje, quando assisto, sinto muito orgulho daquelas cenas ", valoriza Vereza.

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