Governo quer criar um superabono para a classe média

O governo quer criar um superabono salarial para garantir a renda da classe C , a classe média. O objetivo é tentar evitar que essas pessoas percam o padrão de consumo que conseguiram com a melhoria nos rendimentos nos últimos anos, sobretudo diante da crise financeira internacional. A exemplo do que foi feito com o Bolsa Família, a medida poderá incluir sob uma mesma marca benefícios já pagos a trabalhadores de baixa renda, como o salário-família e ainda o abono do PIS (Programa de Integração Social) e o Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público).
Para o governo, a medida poderá estimular a formalização, uma vez que só receberão os benefícios trabalhadores com carteira assinada. De acordo com o ministro Moreira Franco (Secretaria de Assuntos Estratégicos), as ideias serão debatidas com os ministérios da Fazenda, Trabalho e Previdência. Ontem, o assunto foi tema de seminário que ocorreu em Brasília.
Classe média
Perfil elaborado pela SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência revelou que a nova classe média brasileira, formada por 95 milhões de pessoas, tem maioria de mulheres (48,4 milhões) e branca (49,4 milhões) e é adulta, com mais de 25 anos (59,8 milhões).
Segundo a Agência Brasil, os dados são da Pnad (Pesquisa de Amostra Domiciliar) de 1999, feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) antes do Censo 2010. Segundo a SAE, a última década registrou o ingresso de 31 milhões de pessoas na classe média. A renda familiar da classe média varia de R$ 1.000 a R$ 4.000 mensais. O risco que o surgimento da nova classe C impõe ao governo foi tema de debate da SAE.
Eduardo Gianetti, professor do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), destacou a necessidade de o governo incentivar a educação financeira. "Crédito é um produto perigoso. É fácil algo benéfico se tornar algo ruim se mal utilizado."