Alex Carvalho/TV Globo | ||
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Rodrigo Lombardi está deliciosamente péssimo no papel de Herculano Quintanilha |
Muito da diversão deriva da história destrambelhada de Janete Clair, que se mostra envelhecida mesmo com o botox da adaptação. A verdadeira fundadora do estilo brasileiro de fazer novela nunca ligou para a verossimilhança, no que é louvada até hoje pelos autores contemporâneos - muitos deles seus discípulos.
Mas algumas das situações que ela criou parecem agora muito ingênuas, quase tolas. Socialite que frequenta show de mágica? Herdeiro milionário desapegado dos bens materiais? Oi? Em que século estamos?
Talvez seja por isto que o público vem rejeitando a "nova novela das 11". A audiência caiu quase pela metade desde a estreia. De nada vêm adiantando as chamadas quilométricas que a emissora transmite todos os dias, com os próprios atores narrando o desenrolar da história. São resumos tão completos que servem para quem dorme cedo acompanhar a trama sem ter que assistir a um único capítulo.
É uma pena. "O Astro" é um exercício kitsch, um retorno à emoção descabelada e sem compromisso com a realidade. Quem sabe o assassinato de Salomão Hayalla, ocorrido ontem de maneira espetacular, atice o interesse do público.
Mas duvido. Mesmo que o assassino não seja mais o mesmo de antes - desta vez Felipe Cerqueira nem chegou à cena do crime, tendo ficado num quiosque no Recreio dos Bandeirantes. Salomão está morto e enterrado, e ninguém mais dá a menor bola. "O Astro" está mal das pernas. E o culpado somos nós, os espectadores, que o atingimos com a nossa indiferença.

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