quinta-feira, 1 de setembro de 2011

RETROCESSO-Final feliz de casal gay de Bauru está adiado

Cristiano Zanardi/Agência BOM DIA Charles e Cauê mostram as alianças no dia em que entregaram os documentos para oficializar casamento Charles e Cauê mostram as alianças no dia em que entregaram os documentos para oficializar casamento

Cristina CamargoAgência BOM DIA

Quatro dias antes da festa, a decepção. Abalado e chorando, o estudante de direito Charles Bulhões Trevisan da Silva, 24 anos, deu a notícia no início da noite desta quarta-feira (31): a Justiça teria negado a união homoafetiva entre ele e o namorado, Cauê de Oliveira Sena Ricarte, 19. Os dois seriam o primeiro casal homossexual de Bauru a registrar o casamento. Baseados em decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), que equiparou a união homossexual à heterossexual, há um mês, os dois procuraram o Oficial de 1º Registro Civil para oficializar a união.
Avisaram as famílias, contrataram um bufê e distribuíram convites. Não imaginavam a resposta negativa.  
“Não tenho culpa de ter nascido assim”, afirmou Charles, ainda sem saber o que fazer com a festa organizada. Ele foi orientado pelo advogado a manter a comemoração e, no próprio evento, recolher assinaturas de apoio à união com Cauê. Os dois já estão decididos a recorrer. 
O BOM DIA não conseguiu contato com a responsável pela suposta decisão nesta quarta-feira (31) à noite.
Charles e Cauê devem ir ao cartório nesta quinta-feira (01) de manhã para serem comunicados oficialmente sobre a negativa.
Recurso /A ABD (Associação Bauru pela Diversidade)  já se colocou à disposição do casal e vai analisar com cuidado a decisão judicial.
Se for o caso, após a avaliação do caso poderá entrar com o recurso por meio de seu departamento jurídico.Em outras cidades em que juízes negaram a união homoafetiva, os argumentos usados são o conceito de família (formada pela união entre um homem e uma mulher) estabelecido na Constituição e o fato de a decisão do STF dar margem a uma dupla interpretação pelos magistrados.

De acordo com alguns juízes, a decisão do Supremo Tribunal Federal  não obrigaria  a conversão de uma união estável em casamento.
CRONOLOGIA
4 de agosto
Charles e Cauê procuram o cartório para registrar a união homoafetiva. São informados que a certidão de casamento passará pela análise da Justiça, mas já programam a festa para famílias e amigos
15 de agosto
A recepcionista  Érica Oliveira dos Santos e a dona de casa Crislaine Maurício Lindo também entregam documentos para casar
31 de agosto
Charles é informado que seu pedido foi negado

Casal gay tem pedido de casamento civil negado por juíza no Ceará

Casal foi primeiro a assinar contrato de união estável homoafetiva no Ceará.Pedido de casamento civil será levado para Tribunal de Justiça do Ceará.

Gabriela Alves Do G1 CE
Casal realizou cerimônia religiosa para celebrar união em janeiro de 2011 (Foto: Leonardo Praxedes / Colaboração)Cerimônia religiosa celebrou união do casal em
janeiro (Foto: Leonardo Praxedes / Arquivo pessoal)
Depois de fazer o primeiro contrato de união homoafetiva estável do Ceará em maio deste ano, Leonardo de Carvalho Praxedes, 36, e José Irapuã Mendes Brandão, 35, resolveram converter a união em casamento civil e tiveram o pedido negado por uma juíza da 18º Vara de Família. O casal que está junto há sete anos disse que não vai desistir de se tornar oficialmente casado e recorrerá da decisão no Tribunal de Justiça (TJ-CE). "Vamos até o fim. Se o TJ negar, vamos até o Supremo Tribunal Federal (STF)", afirma Praxedes.
De acordo com o auxiliar administrativo, a juíza que negou o pedido de conversão de união estável para registro civil se baseou em uma questão de gênero. “A juíza alegou que casamento é entre homem e mulher". O casal resolveu pedir o registro civil depois que José Irapuã tentou incluir o companheiro como dependente em um plano de saúde e teve a solicitação negada pela decisão do STF ser "nova demais" e a Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) não ter nenhuma norma sobre o tema.
“Com o registro civil, eles teriam a obrigação de me tornar dependente já que seríamos casados", diz Praxedes. Segundo o auxiliar administrativo, antes da decisão do STF, qualquer união estável poderia ser convertida em registro civil.  Em Brasília e no interior de São Paulo, a Justiça já converteu a união estável homoafetiva em casamento civil.O STF reconheceu a união estável de homossexuais no dia 4 de maio de 2011. No dia 11 do mesmo mês, Leonardo e José Irapuã oficializaram a relação em um cartório de Fortaleza. Antes disso, o casal já tinha realizado, em janeiro, uma cerimônia religiosa para celebrar o “casamento”. De acordo com Praxedes, ainda na tarde desta quarta-feira, o advogado do casal deve dar entrada no TJ com o documento que pede a conversão da união estável para registro civil.
"Uns casam e outros não"
O juiz Sérgio Parente, coordenador das varas de Família do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, lembra a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, relator dos dois casos que levaram ao reconhecimento da união homoafetiva no STF.Parente explica que o ministro do STF afirmou que a decisão proferida teria efeitos que só seriam  conhecidos com o passar do tempo. "Estes efeitos estão variando conforme a interpretação dos operadores, com a aplicação de princípios, porque não há ainda legislação que regulamente a questão do chamado casamento entre os homossexuais", afirma o coordenador das Varas de Família.Segundo o juiz do Ceará, alguns entendem que o STF não somente interpretou a legislação, mas praticamente a reescreveu quando reconheceu a união homossexual como entidade familiar, não criando limites para a aplicação de sua decisão."Os mais comedidos interpretam que o STF somente estendeu à união homoafetiva os direitos da união estável", diz Parente, alegando que não caberia ao poder judiciário a modificação da norma que atribui o casamento aos casais heterossexuais. "Até que se defina a questão nos tribunais, ou que diga o legislativo, uns casam e outros não", conclui o juiz.

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