segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Shirley MacLaine receberá prêmio especial do AFI

(Reuters) - O Instituto Americano do Cinema (AFI, na sigla em inglês) anunciou no domingo que concederá à atriz Shirley MacLaine um prêmio especial pela sua carreira.
MacLaine, de 77 anos, receberá o prestigioso Lifetime Achievement Award numa cerimônia em 7 de junho, a ser exibida posteriormente pelo canal TVLand. Ela será a 40a personalidade a receber o prêmio.
'Shirley MacLaine é uma potência em termos de personalidade, que ilumina telonas e telinhas há seis décadas', disse Howard Stringer, presidente do conselho da AFI, em nota.'De ingênua a lenda das telas, Shirley entretém a plateia mundial com o canto, a dança, o riso e as lágrimas, e sua carreira como roteirista, diretora e produtora é uma evidência ainda maior da sua paixão pela forma artística e dos seus talentos aparentemente sem fronteiras.'MacLaine, ganhadora do Oscar de melhor atriz em 1984 por 'Laços de Ternura', também se destaca como ativista, escritora e adepta das crenças na reencarnação e em seres extraterrestres. Suas opiniões atraem bastante respeito, mas também são motivo de gozação.A atriz estreou em Hollywood aos 19 anos, em 'O Terceiro Tiro', de Alfred Hitchcock. Antes de ganhar o Oscar em 1984, ela já havia sido indicada em 1958 (por 'Deus Sabe Quanto Amei'), 1960 ('Se Meu Apartamento Falasse'), 1963 ('Irma La Douce') e 1977 ('Momento de Decisão').
O primeiro ganhador do prêmio honorário da AFI foi o cineasta John Ford, em 1973. Warren Beatty, meio-irmão de MacLaine, ganhou em 2008. O vencedor no ano passado foi Morgan Freeman.
(Reportagem de Chris Michaud)

‘TODOS ESSES FILMES SÃO ESTÚPIDOS’

Triste com a Hollywood atual, a atriz Shirley MacLaine fala sobre suas crenças prediletas: vidas passadas, óvnis e cristais.

Aos 77 anos, com mais de 50 filmes e 13 livros no currículo, Shirley MacLaine está voltada para sua conexão espiritual, o poder dos cristais e o propósito da vida. Indicada seis vezes e vencedora de um Oscar, declara-se desapontada com a Hollywood de hoje que, em sua opinião, usa a violência tecnológica para fisgar o público pelo susto: “Todos esses filmes são estúpidos”.
Shirley esteve no Brasil na semana passada para uma palestra sobre longevidade a convite da Bradesco Seguros. A decepção com os caminhos da indústria do cinema não a impediram de se tornar exemplo de motivação existencial: “Gosto de estar envolvida com a vida. Nunca paro de fazer perguntas. E as respostas sempre trazem novas perguntas”, explica.
Seguidora dos preceitos da Nova Era, uma filosofia de tolerância universal combinada com crenças espiritualistas, Shirley quer mesmo é aparecer em um filme metafísico. Enquanto a oportunidade não surge, esboça anotações para um dia rodar seu próprio longa sobre o tema.
Além disso, a atriz escreve mais um livro – o anterior une relatos de superação com episódios de vidas passadas – e está escalada para dois filmes independentes no ano que vem. Não antecipa detalhes, seleciona perguntas e, evidentemente, fica mais à vontade quando indagada sobre sua crença em óvnis, anjos e reencarnação. E sempre responde a seu modo: prefere deixar questões no ar a isolá-las em definições.
A seguir, os principais trechos da entrevista concedida por telefone.

Que dicas você daria a quem está desencorajado, deprimido, depois dos 70?
Não sei se deveria aconselhar ninguém a viver mais do que gostaria. Às vezes, 70 anos é o suficiente. Mas se você quer viver mais, claro que é preciso fazer exercício, comer corretamente e se manter interessado pela vida, além de olhar muito seriamente para sua conexão espiritual.
Você gosta de meditação?
Sim. É muito importante para a longevidade. Vá para dentro de si mesmo, conecte-se com o seu eu superior, deixe-se conectar com o universo e você será uma pessoa mais feliz.

O que pensa sobre o tempo? Que valor ele tem para alguém que acredita em reencarnação?
Acho que o tempo como o conhecemos pela ciência, e como diz Einstein, não existe. É algo que criamos no planeta. O tempo existe para aprendermos quem somos. É um frame em que experimentamos nosso espírito.
Como é sua rotina?
Acordo, faço exercícios, espreguiço, tomo um pequeno café da manhã com frutas e torradas. Então, caminho com meu cachorro. Se não estou gravando um filme, busco a iluminação, leio as notícias (sou basicamente uma alucinada por notícias, preciso saber o que está acontecendo). E janto com meus amigos. Esta é a descrição de uma segunda-feira mundana.
Houve um momento em que descobriu sua espiritualidade?
Não, nasci assim. Era mística aos 7 anos, bem jovem. Simplesmente sabia que havia outras pessoas no universo, que não estávamos sozinhos no cosmos. E que existiam mais motivos para estarmos vivos do que as razões que eram ensinadas na escola ou na igreja.
Sua família era religiosa?
Eles não eram muito religiosos. Por isso, sou tão aberta. Raramente íamos à igreja. Meu pai era doutor em psicologia e filosofia. Minha mãe era canadense e muito sintonizada com a natureza. Os dois eram professores, intelectuais, mas não particularmente religiosos.
Quando começou a escrever?
Já no colegial, comecei com pequenas histórias. Quando tinha uns 20 ou 30 anos, comecei a viajar e tive muitas experiências. Por ser famosa, as pessoas me deixavam entrar na vida delas. E senti necessidade de partilhar as minhas experiências.
É correto colocar seus livros nas prateleiras dos esotéricos?
Sou uma memorialista. Escrevo memórias das minhas experiências e da minha vida. Não me importo em qual prateleira meus livros são colocados. Gosto que sejam colocados na prateleira ao lado da sua cama.
A senhora acredita em óvnis?
Claro, eles estão em todos os lugares. Não me lembro da primeira vez que vi. Mas uma das experiências mais surpreendentes foi nos Andes, no Peru. Havia muitas naves no céu. Eram jatos luminosos que desciam para a terra e depois voltavam. Foi como uma noite de show de flashes. Todo mundo viu, não fui só eu, inclusive uns cientistas que estavam lá.

Você tentou tirar uma foto quando viu as aparições?
Não. Estava mais interessada na experiência do que na prova.
Quando fala desse assunto, como as pessoas reagem?
Mais e mais pessoas começam a entender que não estamos sozinhos. O que você faz com esse entendimento é que é a questão.
Isso não deixa de ter algo a ver com a próxima pergunta. Seu primeiro filme, em 1955, foi O Terceiro Tiro, de Alfred Hitchcock. De que forma isso marcou sua carreira?
Hitchcock era um técnico. Para te falar a verdade, ele não ligava muito para o que estava acontecendo com os atores. Ele se importava com o roteiro e com a primeira pré-estreia. Ele era um homem deliciosamente engraçado, bastante cínico.
Começar sua carreira pelas mãos de Hitchcock teve um significado especial?
Talvez, mas, por outro lado, ninguém foi ver o filme.
Que papel você nunca representou e gostaria de interpretar?
Gostaria de estar num filme metafísico muito sofisticado. Eles são muito difíceis de escrever e de montar. Não é a respeito de um papel, mas do tema em si.
Por que você se interessa por esses filmes metafísicos?
Acho que são entretenimento e são alimento para o pensamento. Fazem as pessoas pensarem sobre quem realmente são e qual o motivo de estarmos vivos. São muito difíceis de fazer, mas estou trabalhando neles. Estou escrevendo sobre isso, fazendo um filme.
Você fez a primeira versão de Onze Homens e um Segredo. O que achou da versão atual?
É estúpida, todos esses filmes são estúpidos. São aventuras travestidas com a máscara glamourosa do humor hollywoodiano. Gosto da atuação de George Clooney. Acho ele incrível, muito talentoso como diretor também.
Gostou da primeira versão, de 1960, de Lewis Milestone?
Sim, mas, por favor, o diretor não sabia a hora em que tinha de chegar para o trabalho. Ele fazia dois shows por noite enquanto filmavam em Las Vegas. Foi basicamente uma brincadeira. Fiz e me rendeu um carro.
Você fez grande sucesso em outra era de Hollywood. Como a compara com a Hollywood atual?
Gosto mais de antes, Hollywood não é mais Hollywood hoje, na minha opinião. É uma corporação comandada por mentes corporativas que não têm visão, que não assumem riscos. Eles não têm senso de humor, estão preocupados com negócios e com filmes lucrativos. Ciclos e ciclos dessa mesma situação. Estão preocupados com tecnologia e em como amedrontar o público por meio da tecnologia. Isso não é fazer filme, para mim. Mas gosto de produtoras independentes. Estou desapontada com o que está acontecendo em Hollywood agora. Você vê um filme, é como se tivesse visto todos. Muita ênfase na violência tecnológica e no tapete vermelho. O senso de contar a história da natureza humana ficou no banco de trás. É muito triste.
O que acha da nova geração? Scarlett Johansson e Angelina Jolie são atrizes completas?
Acho que são muito boas, mas precisam de mais experiência de vida. Gosto especialmente de Anne Hathaway e Emma Stone.
Nos anos 60 você fez A Volta ao Mundo em 80 Dias. Se tivesse de escolher um lugar para passar 80 dias hoje, onde seria?
No Novo México, onde vivo. Quero ficar em paz na minha casa, cansei de viajar. Gosto muito do Brasil, porém. E foram meus amigos brasileiros que me encorajaram a fazer o caminho de Santiago da Compostela. Mas não vou revelar quem são eles, para não expô-los.
Que memórias você guarda do Brasil?
Amo o Brasil. É um de meus lugares prediletos por causa do espírito que há no País. E também os cristais no solo brasileiro. Eles dão um grau elevado de consciência espiritual.

Os cristais?
Sim, porque os cristais amplificam a consciência. É por isso que os astronautas levam os cristais para a nave com eles e os velhos médiuns usam bolas de cristal. Os cristais estão em suas joias. As suas pedras preciosas são cristais.
Como foi conviver com Frank Sinatra?

Fizemos cinco filmes juntos. Tivemos muitos momentos especiais, nem dá para descrever. Era um grande amigo, porque éramos sinceros um com o outro sobre tudo. No final da vida dele, falávamos muito sobre espiritualidade.
Você o ajudou espiritualmente?
Discutíamos essas coisas: reencarnação, óvnis, o propósito da vida. Mas não dá para dizer que eu o ajudei, porque, no fim da vida, você está totalmente sozinho.
PAULA BONELLI

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...