domingo, 8 de julho de 2012

Aos 50 anos,líder do RPM vê rock fora do topo, elogia Teló e busca novo 'Olhar 43'

Paulo Ricardo fala sobre fase da banda, política e indústria fonográfica.
Show 'Elektra' será apresentado ao lado de Sinfônica, em Jaguariúna (SP).

Fernando PacíficoDo G1 Campinas e Região

Paulo Ricardo no show do RPM na Virada Cultural (Foto: Flavio Moraes/G1)Paulo Ricardo durante show da banda RPM na Virada Cultural, em São Paulo (Foto: Flavio Moraes / G1)
O desafio de justificar em poucas palavras o hiato de quase dez anos entre os integrantes da banda RPM inspira humor e poesia na fala do vocalista Paulo Ricardo. Ao reservar a emoção para os shows, ele pondera quando discute sobre política, a música brasileira e quem merece seu "Olhar 43". Com formação original, o grupo se apresenta dia 20, acompanhado pela Sinfônica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Red Eventos, em Jaguariúna (SP).
"Neste período de separação fomos um fantasma camarada para o público, enquanto que agora somos 'a volta dos que não foram'", cita a metáfora aos risos. Em seguida, completa a diferença entre a atual fase e a última retomada, quando o RPM produziu um trabalho ao vivo, em parceria com a MTV. "Houve um reencontro entre corpo e alma. A banda é mais forte do que os projetos individuais e as diferenças foram superadas", explica o carioca que irá completar 50 anos no mês de setembro.
Durante bate-papo com o G1, Paulo Ricardo avalia 'Elektra', primeiro trabalho de músicas inéditas em 18 anos, sem deixar de lado a pergunta sobre o auge da banda ter ocorrido na década 80 ou se ainda está por vir. "O artista é uma 'Polaroid' do seu tempo, é preciso considerar a influência de cada época. Hoje nos sentimos na melhor fase, pois estamos sadios de forma física, artística e espiritual... Há muito para acontecer", conta. Integram a banda Luiz Schiavon (teclado), Fernando Deluqui (guitarra e vocal) e Paulo P.A. (bateria). Quando deixa implícita a margem de crescimento para a turnê que leva ao público os novos hits 'Dois Olhos Verdes' e 'Ninfa', apresentadas como "dançantes e pra cima" pelos músicos, sem deixar de relembrar sucessos contemporâneos como 'Rádio Pirata', 'Alvorada Voraz' e 'Juvenília', o vocalista diz que hoje a política é tratada pelos músicos com mais reflexão e sinismo.
Eu tiro o chapéu para o Michel Teló"
Paulo Ricardo
"A gente veio de uma ditadura, havia censura e tudo era maquiavélico. Hoje é preciso mais sutileza e auto-crítica na construção das letras, sem deixar de lado um pouco de fantasia", explica Paulo Ricardo em bom humor, antes de falar sobre a expectativa para as eleições de outubro. "Quanto menos falar, melhor. Gosto de resultado, discrição, pessoas que fazem", define. A apresentação do RPM ao lado Sinfônica terá renda revertida para o Centro Infantil Boldrini, especializado no tratamento de câncer. Os ingressos estão à venda e custam entre R$ 30 e R$ 80 (inteira).

Rock em baixa
Ao lembrar da geração que cresceu ao som da Legião Urbana, Capital Inicial e Os Paralamas do Sucesso, Paulo Ricardo não titubeia em dizer que hoje o rock não ocupa o lugar de maior destaque na música brasileira.
Grupo RPM, que vai fazer show com renda revertida para o Boldrini (Foto: Divulgação)Renda de show em Jaguariúna será revertida para
hospital (Foto: Divulgação / Site Oficial)
"Não vejo epicentro criativo ou comercial. A música é cíclica, não é sempre que o rock está no topo", reflete. Na sequência, não poupa elogios ao sucesso mundial alcançado por Michel Teló e refuta que o trabalho dele seja superficial. "Eu tiro o chapéu para ele, nada é por acaso. 'Ai se eu te pego' traz referência daquele acordeon usado em música de raiz no interior do Rio Grande do Sul [dá palinha]. Ela mostra o valor da música popular, que chega a todo mundo e independe de cultura ou classe social... Todo mundo ganha", afirma o vocalista. Sem a pretensão de gravar outros grandes sucessos da música mundial, como o fez com 'Imagine', de John Lennon, o vocalista do RPM demonstra apreço pelo trabalho que fez junto ao compositor Toquinho, ao cantar Vinícius de Moraes. "Eu fiquei muito feliz, mas uma das condições para o retorno da banda era deixar os projetos individuais de lado", afirma.

Download e 'Olhar 43'Paulo Ricardo diz que não se importa quando fãs de música obtém as músicas do RPM pela internet. "É irreversível. Considero uma divulgação, pois o fã de verdade, se quiser, vai querer comprar até cueca autografada pelo artista", conta aos risos. Por outro lado, refuta a pirataria. "Isso ajudou a quebrar a indústria e quase sempre está atrelada a outros crimes", diz o vocalista. Ao ponderar que 'Olhar 43' é visto por muitos como o hino do grupo, o músico afirma que gostaria de produzir "meia dúzia" de canções que marcam e resistem ao tempo. "É um desafio conseguir essa aceitação. O interessante é que ela é cheia de referências históricas, não possui refrão e as pessoas sabem de cabo a rabo", avalia. Sobre a continuidade da fama de galã, o vocalista elege com entusiasmo para quem dedica a expressão que deu origem à música. "Meu olhar 43 é para a Isabela", diz sobre a segunda filha que nasceu em 20 de junho.

Serviço:
O quê: RPM & Sinfônica da Unicamp
Quando: 20 de julho, às 22h
Onde: Red Eventos - Avenida Antarctica, 1.530, às margens da SP-340, em Jaguariúna (SP)
Ingressos: entre R$ 30 e R$ 80 (inteira)
Informações: (19) 3867-7001
RPM fechou a 3 ª edição da Virada Cultural de Manaus (Foto: Mônica Dias/G1)
 
Paulo Ricardo diz que 'Olhar 43' é dedicado à filha Isabela, que vai nascer (Foto: Mônica Dias/G1)

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