Musical cômico celebra rock 'farofa' dos anos 1980 e tem romance capenga.
Com Alec Baldwin e Catherine Zeta-Jones, filme estreia em 24 de agosto.
O filme não se leva a sério (veja ao lado o trailer), o que é positivo neste caso. Como também não se levam a sério os principais nomes do elenco, a começar por Tom Cruise, que vive o hiperssexualizado Stacee Jaxx, líder da fictícia banda Arsenal. Trata-se de um personagem cuja postura não tem o menor cabimento, o que dá salvo-conduto ao intérprete para ser um canastra em tempo integral.
No cômputo geral, “Rock of ages”, dirigido por Adam Shankman (“Hairspray – Em busca da fama”), salva-se por seu desapego, por evitar o excesso de reverência a um estilo musical que depende tanto das guitarras distorcidas, quanto do laquê. Ao longo da projeção, o filme enfileira sucessos do período, sempre em versões cantadas pelos atores.
Tom Cruise em cena do filme musical 'Rock of ages' (Foto: Divulgação)
Hits como "Paradise city" (Guns N' Roses) e "Don't stop believin" (Journey), por mais que circulem pela memória afetiva da audiência, prestam-se sempre à sátira. As canções trazem versos didáticos como “Eu sou um caubói montado num cavalo de aço / Sou procurado vivo ou morto”, de “Wanted dead or alive”, do Bon Jovi. Tom Cruise dá conta do recado ao cantá-la em cena.
Injustiça com CatherineAlém do roteiro limitado, “Rock of ages”, adaptação de um bem-sucedido musical da Broadway, tem como deficiência central sua porção romântica. Quando o filme começa, estamos em algum ponto do final dos anos 80 e vemos a interiorana Sherrie (Julianne Hough) viajando para Los Angeles, na intenção de ser cantora. Uma vez em Sunset Strip, a rua onde ficam os clubes da cidade, a moça conhece outro jovem com aspirações artísticas, mas que trabalha como ajudante de balconista de bar. Ele é Drew (Diego Boneta).
Se a relação entre os dois resulta prejudicial ao conjunto da obra, é muito por causa da atuação de Julianne e Boneta. Ela é uma espécie de genérica de Christina Aguilera e não parece ter condições de virar estrela. Ele, que atuou na novela “Rebelde”, é uma versão latina e menos talentosa de Aaron Johnson (“Kick-Ass”). Apesar de se disporem a visível esforço, a dupla não dá conta de tornar convincente o aspecto dramático. Nem Julianne nem Boneta demonstram crer nos sentimentos de seus personagens.
Catherine Zeta-Jones dança dentro de uma igreja em cena do filme musical 'Rock of ages' (Foto: Divulgação)
Já seus parceiros, em geral, optam com acerto – e sem vaidades ou medo de constrangimentos – pela mesma atuação afetada de Tom Cruise. Alec Baldwin, por exemplo, vive o dono do falido bar/casa de shows onde se passa boa parte das ações de “Rock of ages”. É claro o seu desconforto na pele do roqueiro veterano, mas ele usa o desajuste a seu favor. Até Russell Brand sai-se dignamente. Acostumado a interpretar sempre a si mesmo, o ex de Katy Perry carrega no sotaque britânico e apela ao nonsense, por vezes ao pastelão. E chega a funcionar.Paul Giamatti é outro que se diverte, fazendo um empresário do ramo da música. Mas quem pede mesmo a atenção é Catherine Zeta-Jones. Como uma suspeitíssima líder de um grupo de mulheres que atribuem o rock aos desígnios de satã, a atriz só perde em eficiência, talvez, para Cruise. Ela merecia mais cenas. Em certo ponto, Catherine é esquecida por quem editou o filme, o que revela a despreocupação de “Rock of ages” com um sentido narrativo.
Sinal de que os produtores preferiram investir em coreografadas cenas de dança e canto, confiando bastante na trilha sonora (tem Def Lepard, Journey, Guns, Extreme...). E no humor decorrente do desempenho de Tom Cruise e cia. A considerar a os objetivos de diversão despretensiosa, compensou.
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