'Vou pendurar minhas chuteiras para remakes', diz Colin Farrell

Ator protagoniza refilmagem da ficção científica 'O vingador do futuro'.
Produzido nos anos 90, longa foi estrelado por Arnold Schwarzenegger.

Henrique PortoDo G1, no Rio

As refilmagens parecem ter entrado definitivamente nas planilhas de orçamento dos grandes estúdios de Hollywood. Desde produções estrangeiras mais acanhadas, como filmes de terror asiáticos e filmes europeus independentes, até clássicos do cinema, como "Psicose" e "Planeta dos macacos", os remakes têm se multiplicado nos últimos anos. O caso mais recente é "O vingador do futuro" ("Total recall"), ficção científica dirigida por Paul Verhoeven ("Robocop", "Instinto selvagem") e estrelada por Arnold Schwarzenegger em 1990, que chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira (17).
No novo longa, Colin Farrell substitui Schwarzenegger na pele do operário Douglas Quaid. Uma escolha aparentemente apropriada, levando-se em conta o currículo do ator irlandês: é o terceiro remake da carreira de Farrell — que também estrelou a adaptação para o cinema da série televisiva "Miami vice" e o vampiresco "A hora do espanto", sucesso do gênero "terrir" nos anos 80. "Vou pendurar minhas chuteiras para remakes. Já está de bom tamanho", brinca o ator em entrevista exclusiva ao G1, respondendo à possibilidade de um quarta empreitada nesse terreno.
Baseado no conto "We can remember it for you wholesale", de Philip K. Dick (mesmo autor das histórias que inspiraram "Blade runner" e "Minority report"), "O vingador do futuro" tem no atormentado Quaid seu personagem principal. Frustrado com a própria rotina, ele recorre à empresa Rekall, pensando implantar em sua memória as vivências de um agente secreto. Mas o procedimento dá errado, e Quaid torna-se um homem procurado até pela própria esposa, interpretada pela bela Kate Beckinsale. Ao mesmo tempo, descobre habilidades para lutar e matar. Sua única chance de sobrevivência é a rebelde Melina (Jessica Biel), que integra um núcleo de resistência contra o chanceler e controlador da polícia, Cohaagen (Bryan Cranston).

VALE A PENA VER DE NOVO G1 lista remakes estrelados por Colin Farrell
	'Miami vice' (2006) A adaptação cinematográfica da bem-sucedida série televisiva exibida nos anos 80 levou para a telona a famosa dupla de detetives James ‘Sonny’ Crockett (Colin Farrel) e Ricardo ‘Rico’ Tubbs, encarnado pelo cantor e ator Jamie Foxx.
	'A hora do espanto' (2011) Nesta refilmagem de 2011, Farrell vive o célebre vampiro Jerry, interpretado por Chris Sarandon na versão original. Um garoto descobre que o vizinho é um dentuço chupador de sangue, mas não consegue convencer mais ninguém disso.
	'O vingador do futuro' (2012) Douglas Quaid (Farrell) faz um infeliz implante de memória e, após o procedimento, se vê perseguido pela polícia sem desconfiar do motivo. O ator Arnold Schwarzenegger viveu o mesmo personagem no filme produzido em 1990.

Para quam assistiu ao longa de 1990, as comparações são quase que inevitáveis. Se a tecnologia ajuda no realismo dos cenários futuristas, nas cenas de ação e nas fugas espetaculares do personagem principal, não há mais a ideia fixa de Quaid por Marte, onde parte dos eventos acontecia. Tudo agora se concentra na Terra.
Nem mesmo Colin Farrell foge de uma análise comparativa entre as produções. "Havia uma noção de absurdo no primeiro filme. Por conta disso, havia também muito humor no original. Mas há uma mudança de tom agora. É mais como 'A origem', um tipo de drama com muita ação ao redor da história", explica o ator, que cobre de elogios o desempenho de Schwarzenegger no papel de Quaid.
"Eu adorei. De uma maneira geral eu adorava o trabalho dele quando eu era pequeno, em meados dos anos 80, final dos anos 90. Tudo desde 'Inferno vermelho', 'Predador', 'O sobrevivente'. Ele tem um grande senso de humor, nos filmes e na vida real. Ninguém tem tiradas como as dele. Talvez Bruce Willis chegue perto, mas Schwarzenegger tem mesmo talento com frases de efeito", destaca.
Farrell também defende os novos investimentos em filmes já produzidos, geralmente alvo de críticas dos (fãs e jornalistas especializados) mais conservadores. Ele reconhece que o assunto é delicado, mas sintetiza de maneira pragmática.

Douglas Quaid (Colin Farrell) durante implante de memória na Recall: operário passa a ser perseguido depois do procedimento mal sucedido (Foto: Divulgação)

"O maior desafio é o mesmo dos filmes que você chama de 'originais': fazer um bom filme. Essa é a tarefa mais difícil. Muita gente acha que não faz sentido, falta originalidade. Se uma refilmagem for bem feita, se o diretor tiver algo novo a dizer, se a tecnologia for usada de uma forma inteligente, talvez o sucesso se justifique", ressalta. "Um filme ruim é um filme ruim, independente de ser um remake."