quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O (pequeno) avanço do voto para os LGBTs e contra a homofobia

POR Vitor Angelo
Qual foi o resultado dos LGBTs nas urnas destas eleições de 2012? Dez candidatos, sendo quatro gays, quatro transgêneros e duas lésbicas, se elegeram em todo o Brasil para o legislativo de seus municípios.
Olhando assim, percebemos uma catástrofe dentro do que poderia ser chamado de um voto pró-gays. Mas se comparada às eleições de 2008, foi um avanço, quando apenas seis candidatos a vereador foram eleitos.
“Gay não vota em gay”, disse o candidato derrotado e militante LGBT Toninho Lopes, do PSB de Vitória, para o jornal “A Gazeta”. Esta pode ser uma verdade patente. Mas por que a recusa deste tipo de voto? Seria uma homofobia introjetada que não acredita no potencial político dos homossexuais? Ou uma vontade de sair do gueto e pertencer ao mundo? Uma desconfiança ou um desprezo?
Não podemos mesurar o que acontece com o chamado voto dos gays para gays e/ou contra a homofobia. Mas podemos perceber claramente que diferente de outros segmentos sociais, os LGBTs não votam em bloco e prezam por demais a sua própria individualidade, a sua vontade própria, nada de ser comandado seja por algum líder religioso ou de partido. Talvez esta seja uma possível chave para se pensar para as próximas campanhas.
Mesmo com uma performance melhor que 2008, mas não deixando de ser medíocre, dentro do voto gay temos o excepcional caso de Tiago Silva que foi o vereador mais votado de Florianópolis. Ele venceu diversos preconceitos pois é gay, negro e morou em favela.
Tiago Silva, vereador eleito em Florianópolis (Divulgação)
Se por um lado temos esta vitória interessantíssima na capital de Santa Catarina, aconteceu uma amarga derrota em São Paulo – a cidade da Parada Gay por excelência. Lá, dos seis candidatos LGBTs do PSOL (o maior número de concorrentes em um partido), nenhum se elegeu.
Um adendo importante: não é porque o candidato é gay, trans ou lésbica que ele automaticamente é contra a homofobia. Muitas vezes, ele acaba contribuindo mais para o preconceito que outra coisa, caso clássico do costureiro Clodovil Hernandez.
Dos 65 candidatos (não necessariamente gays) que assinaram o termo de compromisso da campanha “Voto Contra a Homofobia, Defendo a Cidadania”, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais, 13 foram eleitos. É um avanço, pequeno.
A lista dos candidatos LGBTs eleitos:
Carla Ziper (PDT), Presidente Venceslau, São Paulo – transgênero
Dra. Fabíola Mansur (PSB), Salvador, Bahia – lésbica
Everlei Martins (PSB), Cruz Alta, Rio Grande do Sul – gay
Jucinério Félix (PTB), Cajazeiras, Paraíba – gay
Madalena (PSDB), Piracicaba, São Paulo – transgênero
Markinho da Diversidade (PMDB), Bauru. São Paulo – gay
Moa (PR), Nova Venécia, Espírito Santo – transgênero
Shirley Costa (PP), Pilar, Paraíba – transgênero
Tiago Silva (PDT), Florianópolis, Santa Catarina – gay
Verônica Lima (PT ), Niterói, Rio de Janeiro – lésbica

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