segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Documento confirma que Rubens Paiva foi levado por militares

Um documento que até agora era desconhecido pelas autoridades deve ajudar a esclarecer as circunstâncias do desaparecimento do deputado Rubens Paiva durante o período da ditadura militar. O jornal Folha de S. Paulo teve acesso ao Informe nº 70 do DOI-Codi do Rio de Janeiro, de 25 de janeiro de 1971, que relata como Rubens Paiva foi levado de casa por agentes do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa, órgão já extinto). Os papéis afirmam que o deputado "foi localizado, detido e levado para o QG da 3ª Zona Aérea" e, depois, para o DOI-Codi carioca - esta é a primeira vez que um documento oficial confirma que Rubens Paiva esteve em uma unidade do Exército. Antes, a única prova de que o deputado havia sido levado a um QG militar era a lista dos pertences dele - emitida no momento de sua entrada do DOI-Codi -, que foi encontrada em novembro de 2012, na casa de um ex-militar que havia sido assassinado em Porto Alegre.

O documento inédito, encontrado no Arquivo Nacional, em Brasília, seria entregue à Agência Rio de Janeiro do Serviço Nacional de Informações (ARJ/SNI), responsável pela espionagem no Estado do Rio de Janeiro. Segundo o informe, o Cisa havia recebido ordens para revistar um avião da Varig vindo de Santiago, no Chile, que chegaria ao Aeroporto do Galeão, no Rio, à meia-noite do dia 20 de janeiro de 1971. As passageiras Cecília Viveiros de Castro e Marilene de Lima Corona, mãe e cunhada do brasileiro exilado Luiz Rodolfo Viveiros de Castro, foram detidas, e os militares encontraram cartas que elas levavam de exilados políticos em Santiago. Marilene entregou ao Exército o número de telefone que usaria para contatar Rubens Paiva, a partir do qual os agentes descobriram o endereço dele. "Através de levantamento, foi apurado que o aparelho nº 227-5362 está instalado à av. Delfim Moreira nº 80, em nome de Rubens Beyrodt Paiva", diz o documento, que tem selo de confidencial. O então deputado foi capturado no mesmo dia e levado ao DOI-Codi com Marilene e Cecília. As circunstâncias da morte de Rubens Paiva, porém, ainda não foram esclarecidas.

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