Marcas "recentes e profundas" de corredeiras foram encontradas, pela primeira vez, debaixo do solo de um dos maiores vales de Marte, segundo estudo publicado nesta quinta-feira (7) na revista Science.
O sistema de canais tem mil quilômetros de comprimento, o dobro do previsto, e traz evidências de que ocorreu uma inundação abaixo da planície Elysium, que fica na região de Marte Vallis.
Pesquisadores da Nasa (Agência Espacial Norte-America) e do Instituto Smithsonian afirmam que a descoberta pode ajudar não só a compreender a recente atividade hidrológica, cerca de 500 milhões de anos do planeta vermelho, mas também a determinar se essas cheias foram responsáveis pelas mudanças do clima do nosso vizinho – conhecido por ser desértico a, pelo menos, 2,5 bilhões de anos.
"A fonte das enchentes sugere que elas se originaram em um profundo reservatório de água no subsolo e que foram lançadas [para a superfície] a partir de atividades tectônicas ou vulcânicas locais", explica Gareth Morgan, geólogo do Smithsonian e principal autor do artigo. "Este trabalho demonstra a importância de compreender como a água moldou a superfície de Marte."
O grupo descobriu que o processo de erosão foi subestimado após usar dados do radar a bordo da Mars Reconnaissance Orbiter, sonda da Nasa que orbita Marte desde 2006, para fazer uma reconstrução 3D do planeta. Segundo eles, os canais do subsolo têm o dobro da profundidade prevista anteriormente.
Os cientistas demoraram a encontrar a fonte desse grande sistema de canais devido à intensa atividade vulcânica de Marte. Morgan afirma que a lava encobriu boa parte dos registros geológicos por centenas de milhões de anos, comprometendo as previsões feitas até então.
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