Um abaixo-assinado pedindo a destituição do deputado-pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara já atraiu milhares de signatários. Nesta madrugada, às 4h43, o site da ONG Avaaz registrava a adesão de 137.988 pessoas.
Indicado para o posto pelo Partido Social Cristão, o parlamentar teve seu nome ratificado pela comissão na quinta-feira (7). Dos 18 integrantes do colegiado, seis preferiram se retirar do plenário. Dos 12 que sobraram, 11 votaram a favor da confirmação de Felicano. Houve um voto em branco.
Deve-se a reação a algumas frases de teor racista e homofóbico escritas ou pronunciadas por Feliciano. Ao negar que seja preconceituoso, ele por vezes parece confirmar o contrário. Repare no vídeo lá do alto. Tomado por suas posições, o deputado ganhou na Comissão de Direitos Humanos a aparência de um personagem errado na poltrona equivocada.
Não bastasse o palavreado esquisito, descobriu-se que o deputado-pastor é protagonista de um inquérito por estelionato que corre no STF. Movimento iniciado no Facebook marcou para este sábado (9) manifestações para pedir a saída de Feliciano da comissão.
O Congresso não costuma se sensibilizar com o vozeria das ruas ou a coleta de assinaturas na internet. Repete-se com Feliciano algo que acaba de acontecer com Renan Calheiros (PMDB-AL). No caso de Renan, a petição online que pedia sua saída da presidência do Senado reuniu 1,6 milhão de rubricas. E nada.
Presidente do PSC, o também pastor Everaldo Dias Pereira declara que o irmão Feliciano não deixará. “Ninguém ganha de nós no grito. Ele não vai abandonar em hipótese alguma.”
E quanto aos protestos? “O que se vê é uma coisa descabida. É latente o preconceito e a intolerância de certos grupos. Aquele protesto dos ativistas gays na comissão… Se fossem evangélicos, seríamos massacrados. Com todo o respeito, se quiséssemos, colocaríamos ali, fácil, duzentas, quinhentas mil pessoas para fazer barulho.”
Curiosamente, o pastor Everaldo informa que os Direitos Humanos choveram na horta do PSC por acaso. “Essa comissão veio parar nas nossas mãos porque não cumpriram acordo conosco. Era para continuarmos na presidência da Comissão de Fiscalização e Controle, como foi em 2011 e 2012. Não cumpriram e, no final, sobrou Direitos Humanos ou Comissão de Participação Legislativa. Escolhemos a primeira.” Se o Congresso fosse feito de vidro, talvez houvesse mais cuidado.
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