domingo, 23 de março de 2014

Em SP,Bibi Ferreira: Minhas Histórias e Minhas Canções

Não sei se consegui descrever abaixo o que, mais do que vi, eu vivi. É uma honra para todos nós sermos contemporâneos de Bibi Ferreira, e uma honra maior ainda ter a oportunidade de vê-la nos palcos, ao vivo. Eu ainda tive o prazer de conversar com ela pessoalmente! Quanta honra. Só tenho a agradecer por isso. Abaixo está o texto onde tento descrever o que presenciei. Não creio ser possível, mas eu tentei: Bibi Ferreira: Minhas Histórias e Minhas Canções

Não sou muito de frases prontas, mas o “faça aqui e agora” é um pouco o meu lema. Se há possibilidade de fazer, ainda que mínima, faça, ou pelo menos tente fazer. Assistir Bibi Ferreira cantando ao vivo era um sonho antigo, até desacreditado. Até que fiquei sabendo da nova turnê e resolvi: tenho que ir. Não podia ter decidido melhor. O show “Bibi – Histórias e Canções” soma grandiosidades: Bibi Ferreira aos 90 anos de idade comemora 70 anos de uma irretocável carreira, e o Theatro NET Rio reabre as portas do antigo Terezão. O teatro foi reformado de maneira primorosa. Atenção a todos os detalhes, tudo muito bonito, temático. Do uniforme estilo anos 70 à decoração do banheiro, voltamos no tempo em uma visita a era de ouro do teatro carioca. Depois de ter a felicidade de trocarem meus lugares, que eram no balcão, para a platéia, bem próximo ao palco, eu estava feito criança esperando o Papai Noel: A cortina vermelha estava ali, à minha frente. O canhão de luz iluminava o centro do palco: Bibi estava chegando! A cortina se abre e a orquestra a postos executa a música Flor da Idade, de Chico Buarque, depois Malandragem, de Cazuza. Quando Bibi entra no palco a energia do local vai a mil. Os aplausos são tão constantes durante o show quanto sua voz e o som da orquestra. Bibi recebe o público, mostra sua simplicidade de sempre agradecendo a todos pela presença e começa brincando, como faz por todo o show, falando sobre seu amor por Hollywood e entoa By a Waterfall, com uma voz que impressiona. Uma animada Bibi preenche o palco todo em sua grandeza. É impressionante vê-la, aos 90 anos, tão disposta, animada e divertida. Engraçadíssima, nos faz rir o show inteiro. Brinca com os esquecimentos: quando erra alguma letra, fala “A culpa é sempre do maestro, não minha”. Faz piada de sua idade “vocês já perceberam que nas minhas histórias sempre se fala em décadas, mas o que há de se fazer?”. E assim, nos fazendo rir e chorar, ela segue cantando e contando histórias do teatro brasileiro, e de sua própria vida. Feliz, ela comemora: “Meu empresário fechou um contrato.

Faremos um show em Nova York em Novembro deste ano. Vamos mostrar que aqui fazemos coisa boa.” Sobre os musicais, revela que há aqueles que ainda quer fazer “Ainda não fiz alguns musicais. Ainda. Pois a esperança é a última que morre”. No repertório, destacam-se músicas como Alô, Dolly!, do musical homônimo que Bibi montou quando jovem; Nossos Momentos, famosa na voz de Elizete Cardoso; Eu Sei que Vou te Amar, que encerra um pout-porri romântico que leva todos às lágrimas. Canta também tangos, entre eles Cuesta Abajo, de Gardel. O momento mais divertido do espetáculo (e o mais espantoso, quando se observa a potência da voz de Bibi) é quando ela canta o Brinde da Traviata e a Cavatina de Fígaro – O Barbeiro de Sevilha, porém com letras de sambas brasileiros, o que resulta em O Teu cabelo Não Nega, Palpite Infeliz e Nega do Cabelo Duro cantadas ao som de músicas de Rossini e Verdi. Tudo maravilhosamente executado pela orquestra do espetáculo. Destaca-se também a execução de Samba de Uma Nota Só, mas com letra da Canção do Exílio. Minha Palhoça e Conversa de Botequim, quando Bibi convida a todos (e aceitamos) a cantar com ela. Ponteio, de Edu Lobo, ganha versão emocionante em sua poderosa voz. O ponto alto do espetáculo então, finalmente, chega: Bibi Ferreira canta, no mesmo palco onde cantou décadas atrás, Gota D’água, com direito a solilóquio, trecho da peça e Basta Um Dia para encerrar. Impossível não chorar e aplaudir com mais vigor ainda. Relembrando sua maior glória na carreira Bibi nos leva ao final do espetáculo cantando Piaf.

Ela brinca que em todo show a platéia pede Piaf neste exato momento, e que dessa vez ela resolveu logo incluir. Começa por La Vie Em Rose, onde todos cantamos com ela, e canta também Hymme à L’Amour, encerrando com Je Regrette Rien de maneira forte e emocionante. No bis, quando já estamos pesarosos pelo final, e boquiabertos pela grandiosidade que presenciamos Bibi da um show de bom humor. Cantando Nem às Paredes Confesso, de Amália Rodrigues, brinca que esqueceu a letra, para a de cantar e pede ajuda da platéia. Começa novamente, e todos cantam com ela sorrindo “de quem eu gosto nem às paredes confesso…”. Pois eu, Bibi, confesso ao mundo inteiro de quem eu gosto: de você! Muito obrigado por nos brindar sempre com seu talento.

Blog La Critique-César Augusto

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