domingo, 13 de julho de 2014

40 anos depois, O Rebu volta em versão curta, luxuosa e careta

Mesmo com a liberdade de expressão atual e o horário das 23h a seu favor, a Globo resolveu encaretar, pelo menos em um aspecto, a versão de O Rebu que coloca no ar nesta segunda-feira. Na novela de 1974, assinada por Bráulio Pedroso, em plena ditadura militar, havia a insinuação de um romance homossexual entre o poderoso banqueiro Conrad Mahler (Ziembinski) e seu protegido Cauê (Buza Ferraz). Em 2014, quando o relacionamento poderia ser escancarado, nada de casal gay. A dupla de personagens principais será substituída por Angela Mahler (Patrícia Pillar) e Duda (Sophie Charlotte), que serão mãe e filha adotiva. Segundo George Moura, que assina o remake com Sergio Goldenberg, o amor entre as duas será apenas maternal, mas a relação terá um quê de mistério.

De acordo com o autor, a troca de gênero dos protagonistas teve como objetivo atualizar a trama. “Hoje a mulher está no poder. Nada melhor do que mostrar o mundo contemporâneo por meio disso. Por conta dessa mudança, outros personagens serão também afetados", fala Moura. Outra pitada de contemporaneidade será dada à trama pela exibição, em um site de verdade, de fotos tiradas na festa, palco do crime que conduz a história. As imagens, feitas pelos convidados da comemoração e postadas em redes sociais, serão mostradas ao público e ajudarão na investigação policial conduzida na ficção. O Rebu terá três tempos dramáticos: dia da festa, dia da investigação e os flashbacks, e se passará em 24 horas. "Em relação à primeira versão, acho que a mudança mais substancial seja o ritmo”, explica Moura sobre a novela, que foi reduzida de 112 para 36 capítulos. À frente do remake está o mesmo grupo que trabalhou na bem-sucedida minissérie Amores Roubados (Globo). Além de Moura e Goldenberg, no roteiro, estão José Luiz Villamarim, na direção geral, e Walter Carvalho, diretor de fotografia. Se não há romance gay, sobrará sensualidade nos relacionamentos héteros.

"Vivemos em um país sensual. Precisamos explorar isso, mas exploraremos com elegância. Teremos sensualidade, sim, e isso é uma das qualidades brasileiras", adianta Moura. Um dos personagens a dar esse tom à história será a fogosa Maria Angélica (Camila Morgado), que vai se envolver com alguns homens durante a festa, inclusive com o penetra Alain (Jesuíta Barbosa). O Rebu se passa nos dias atuais, na região serrana do Rio de Janeiro. A história começa quando a poderosa empreiteira Ângela Mahler promove uma festa para celebrar a realização de um importante negócio com o também empreiteiro Carlos Braga (Tony Ramos), parceiro com o qual tem uma relação de interesse e velada hostilidade. Angela tem um passado triste. Ela assume o controle da empresa após a morte do marido e dos filhos gêmeos em um acidente de helicóptero. Mesmo fragilizada, a empresária promove várias mudanças no negócio, e conta com o apoio da advogada Gilda Rezende (Cássia Kis Magro). Tudo parece perfeito na comemoração até a chegada do misterioso Bruno Ferraz (Daniel de Oliveira), que sabe de informações secretas sobre a empreiteira de Angela. Se não bastasse esse mistério, ele é amante de Gilda e também se envolve com Duda. Um grito de pavor da promoter Roberta (Mariana Lima) interrompe a comemoração. Um corpo é encontrado boiando na piscina da mansão. Todos passam a ser suspeitos do assassinato. Eis o "rebu". Na trama original, assassinado e assassino foram motivo de suspense. O primeiro, Silvia (Bete Mendes), só foi conhecido no capítulo 50. O autor do crime, o próprio anfitrião da festa, Conrad, foi revelado no fim.

A mulher era ex-namorada de Cauê, por quem o empresário nutria um ciúme obsessivo. Dessa vez, o morto será conhecido logo na estreia. A Globo faz mistério, mas há um zum-zum-zum de que seria o personagem de Daniel de Oliveira. Na trama atual, a investigação do crime será conduzida pelo delegado Nuno Pedroso (Marcos Palmeira), sempre acompanhado de sua fiel assistente Rosa (Dira Paes). Para concretizar a fachada opulenta imaginada para a mansão de Angela Mahler, algumas gravações aconteceram no Palácio Sans Souci, em Buenos Aires. O imóvel tem como inspiração a arquitetura francesa, referência para toda a cenografia da novela. Um painel de LED com cem metros quadrados, instalado no jardim, ajudou a aliar modernidade à locação. As gravações, que vão até setembro, estão sendo finalizadas no Cine Pólo de Cinema, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

No complexo de estúdios, reproduziu-se o salão da casa da empresária em uma área de 620 metros quadrados. No espaço, os cenários foram montados de maneira inteira e fixa, permitindo muitos planos-sequência (recurso comum no cinema, mas não na TV, no qual a ação é registrada sem cortes). Outro destaque da cenografia é a sala das flores, na qual os convidados da festa da empreiteira são recebidos. As paredes desse ambiente foram revestidas por 15 mil pequenas flores de tecido dourado. Em função de a história se passar em 24 horas, os figurinos se resumirão, basicamente, às roupas usadas na festa, mas, mesmo assim, foram providenciadas para cada personagem, pelo menos, duas peças do modelo usado.

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