quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Lulu Santos lança disco dançante e diz que pop-rock não tem mais alcance

"O que é a música pop hoje em dia? É o R&B, é a música para dançar... São essas novas variantes que têm algo para dizer atualmente. O pop-rock não tem mais esse alcance". Aos 61 anos, Lulu Santos vive em tempos modernos. Sua visão sobre a música pop contemporânea, explícita na declaração, se reflete em sua obra desde os anos 90, quando abraçou a música dançante e não largou mais. E continua viva em "Luiz Maurício", 25º disco de sua carreira, que acaba de sair em CD. O cantor recebeu a reportagem do UOL na tarde desta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, para um bate-papo sobre o novo trabalho. Muito à vontade, Lulu Santos parecia um estreante lançando o primeiro disco de sua banda. Compreensível, afinal, lá se vão cinco anos desde o último álbum de inéditas. Para ele, porém, atualmente, cinco anos é uma boa distância entre um disco e outro. Ele lembra que artistas atuais, especialmente os que surfam na mesma onda dançante que ele, como o duo francês Daft Punk, também demoram em torno de cinco anos concebendo um novo trabalho. Musicalmente, o disco mantém a mistura de essência pop com roupagem eletrônica. A maior novidade são as parcerias, um pouco diferentes das anteriores.

É o caso, por exemplo, do baixista Dadi Carvalho, velho conhecido do mundo pop e da MPB desde os tempos de Novos Baianos. "O Dadi me mandou essa levada, da música 'SDV (Segue de Volta)' há alguns anos, e eu coloquei a letra", conta o músico. Outras parcerias conferem ao disco a diversidade buscada por Lulu Santos. Estão lá os DJs Sanny Pitbull e Batutinha, que assinam o remix de "Sócio do Amor". A faixa "Michê" é uma versão para "Chega de Longe", composta em parceria com Jorge Ailton e Alexandre Vaz, e que contou com a participação do funkeiro carioca Mr. Catra na gravação. "A intervenção do Catra oxigena a faixa e simboliza bem a dinâmica do disco. Sua presença no disco representa meu gosto legítimo pelo funk. Eu amo funk", confessa Lulu. Por outro lado, a parceria com Lincoln Olivetti, fera dos teclados de sonoridade tecnopop dos anos 80, resgata um pouco da fase mais pop de Lulu Santos, na instrumental "Drones". Mas a dupla que não poderia faltar é a formada com o DJ Marcello Mansur, o Memê, com quem Lulu enveredou pela música dançante, há 20 anos. A intervenção do Catra oxigena a faixa e simboliza bem a dinâmica do disco. Sua presença no disco representa meu gosto legítimo pelo funk. Eu amo funk "A parceria com o Memê é antiga. Nós já fomos, já voltamos, já brigamos, já fizemos as pazes de novo. Mas ele já sabe o que eu quero. Eu às vezes mando uma música pra ele e falo: 'O que você acha? O que você faria de diferente?'. E ele me devolve a música totalmente diferente, com outra abordagem. Ele tem uma sensibilidade, uma coisa do DJ, percebe o que a música pode causar às pessoas", justifica Lulu. No novo álbum, a dupla atuou junta na faixa-título. Lulu compôs a música, fez a sua mixagem e mandou para Memê dar a sua própria interpretação. "Quando ele me mandou a música de volta, a versão dele já começava no refrão. Porque, para ele, era esse o entendimento. Era importante começar daquele ponto da música", revela o compositor. Apesar de ser lançado cinco anos depois do último trabalho do cantor, "Luiz Maurício" já estava praticamente pronto há quatro anos. Segundo Lulu, no entanto, ele sentia que faltava alguma coisa ao material, tanto em termos de sonoridade quanto no que diz respeito ao conceito do álbum. Até que uma nova composição apareceu como a peça que faltava no quebra-cabeça. "Essa primeira versão do disco não tinha ainda a música "Sócio do Amor". Quando essa música surgiu, ela me deu um norte. E o próprio Memê concordou. Foi ela quem formatou o álbum como ele é hoje e me deu a certeza de que o material estava completo", recorda.

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