sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Bernardinho revela tumor maligno e pedido de demissão em 2013

O escândalo de corrupção envolvendo os chefes da Confederação Brasileira de Vôlei tem afetado o técnico da seleção masculina, Bernardo Rezende. Dono de seis medalhas olímpicas, Bernardinho, de 55 anos, fez uma revelação forte nesta semana: em entrevista à revista Veja, ele admitiu que retirou, há três meses, um tumor maligno no rim. "Extirpei o tumor e estou aparentemente bem. A cirurgia completou três meses. Fico ruminando essa história, porque há um ano e dez meses não tinha problema de saúde. Mas a irresponsabilidade vai te maltratando e maltratando", disse o técnico. Bernardinho também admitiu que chegou a pedir demissão em 2013, quando soube de problemas de corrupção. Ficou no cargo, mas triste com a situação. E ainda disse, pela primeira vez, que se arrepende da briga com os jogadores pela premiação no Pan de 2007, no Rio de Janeiro: "Achei que não era correto e defendi a instituição, imaginando que realmente não houvesse como atender. Hoje eu peço desculpas publicamente porque fui enganado. Havia dinheiro, sim". A crise em 2007 fez o levantador Ricardinho ser cortado da equipe brasileira.

Na época, era tido como um dos melhores jogadores do mundo e era ainda o capitão da seleção. Bruninho, filho de Bernardinho, acabou sendo convocado para o seu lugar. Eu me sinto traído, isso sim. As pessoas dizem que estou por trás dessas acusações. Não estou por trás de nada. Primeiro, porque, se tiver de fazer algo, faço pela frente. Muito mais que revoltado, hoje estou triste. Foi só em outubro de 2013 que eu soube de um problema que tinha acontecido em Volta Redonda. A equipe da cidade havia sido impedida de disputar a Superliga. Existe uma norma segundo a qual o time que estiver inadimplente não pode participar do campeonato, e era esse o caso. Ao que consta, houve uma chantagem por parte dos dirigentes do Volta Redonda. Se fosse vetada a participação deles na competição, tornariam público uma operação irregular realizada junto com os dirigentes da CBV. Pensei: "Não é possível que vão ceder a uma chantagem dessa natureza". Voltei a Saquarema (RJ), a sede da confederação, e comuniquei a minha insatisfação: "Eu sei disto aqui e, se vocês não consertarem, amanhã sou demissionário e vou dizer por que estou saindo". Aquilo me fez muito mal, apesar de garantirem que estavam cancelando os contratos sob suspeita. Não sabia se iria ao Japão para disputar a Copa dos Campeões. Acabei viajando, mas visivelmente triste, incomodado. Não queria representar aquelas pessoas. (Não deixei a seleção) Pelos rapazes, pelos atletas. Ao contrário do que muitos dizem, não tenho essa relação patológica com o poder. Se pudesse ficar só com a equipe feminina da Unilever, ficaria. Não vou deixá-los agora, pela relação de cumplicidade. Ainda não sei que desdobramento vai ter, mas faço aqui uma revelação. Cheguei do Mundial na Polônia e num exame de rotina descobri um tumor no rim direito. Nele havia células malignas. Extirpei o tumor e estou aparentemente bem. A cirurgia completou três meses. Fico ruminando essa história, porque há um ano e dez meses não tinha problema de saúde. Mas a irresponsabilidade vai te maltratando e maltratando. O médico do Hospital Sírio-Libanês que me atendeu disse assim: "O que tirei do seu corpo é uma metáfora do que deve ser ex­traído do país". A sensação que tenho hoje é essa mesmo: tudo o que está acontecendo com o vôlei é uma pequena célula doente de um organismo. Pode haver mais.

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