Nesses 20 anos depois da morte de Renato Russo (1960-1996), as músicas da Legião Urbana têm sido tocadas incessantemente. Do carinha arranhando o violão desafinado na escadaria da faculdade a homenagens de artistas profissionais, muito foi feito para diluir a força poética e musical do grupo.
Por isso, escutar uma versão (bem) remasterizada do álbum de estreia, "Legião Urbana", serve para restabelecer a relevância do repertório inicial do grupo brasilense. Somado a um segundo CD com faixas bônus de material gravado na mesma época, o álbum duplo "Legião Urbana - 30 Anos" se transforma em peça obrigatória da arqueologia roqueira do país.
A memória afetiva é despertada logo na primeira faixa, "Será", a música que as pessoas ouviam nas rádios e pensavam que Jerry Adriani tinha sido inoculado com doses fartas de rock inglês.
Apesar de sucessos que se destacaram na época, como "Soldados", "Ainda É Cedo", "Por Enquanto" (depois regravada por Cássia Eller), "A Dança" e o quase hino "Geração Coca-Cola", não dá para descartar nenhuma canção do álbum.
"Legião Urbana" é caso raro de disco sem gorduras, no qual tudo é relevante. Provavelmente o melhor álbum de estreia da história do rock nacional depois do lendário "Secos & Molhados" (1973).
Fã que é fã vai amar cada faixa extra, até aquelas que não passam de declarações soltas de Renato, sem contexto –e sem importância. Mas tem coisa legal nos bônus.
Três registros amadores de 1983 trazem "Geração Coca-Cola", "Ainda É Cedo" e "A Dança", esta com Herbert Vianna colaborando no estúdio. "Química", que só entraria no terceiro álbum oficial da banda, também aparece em gravação, digamos, tosca.
A Legião não começou exatamente como uma reunião de músicos virtuosos, é um fato. Então essas versões são mesmo cruas, na linha "mais vontade do que técnica".
O álbum traz também sete "takes" alternativos, versões diferentes de músicas que acabaram entrando na edição final. Vale a brincadeira de comparar as versões oferecidas de "Ainda É Cedo" e tentar entender como a banda chegou àquela celebrizada no álbum.
Remixes assinados por Mario Caldato e Liminha são plenamente dispensáveis.
Numa análise rigorosa, o álbum oficial concentra realmente a força da Legião Urbana e mostra porque o grupo se tornaria um dos mais influentes e cultuados do rock nacional.
O material bônus é mais um mimo para fãs incondicionais de Renato, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos –além do baixista Renato Rocha, que deixaria a banda quatro anos depois.
Vale muito pelo livrinho com recortes de jornais e fanzines da época. Um item de colecionador bem atraente.
LEGIÃO URBANA - 30 ANOS
ARTISTA Legião Urbana
GRAVADORA: Universal
QUANTO: R$ 40 (CD duplo)
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