A Record estava preparada desde a manhã deste sábado para anunciar a morte de Marcelo Rezende, o que só aconteceu às 19h12, durante o Cidade Alerta. Nos bastidores da emissora, no entanto, muita gente ainda acreditava em um "milagre". Apesar de ter apresentado a falência de órgãos como rins e fígado na sexta (15), os pulmões e coração de Rezende resistiam bravamente durante o dia.
Encarregado de dar a notícia da morte, o apresentador Reinaldo Gottino estava de plantão nos estúdios da Record, em São Paulo, desde as primeiras horas da manhã. O repórter Eduardo Ribeiro também estava a postos para entrar ao vivo a qualquer momento diretamente do Hospital Moriah, onde Rezende estava internado desde a última terça.
A operação da Record mobilizou dezenas de profissionais. Todos ficaram atentos durante todo o dia. No final da tarde, no entanto, chegou a informação de que Rezende tinha apresentado uma sensível melhora, que respirava com mais qualidade do que de manhã. Era o "milagre". Pouco tempo depois, contudo, veio a confirmação da morte.
A Record teve um comportamento discreto, para seus padrões, ao tratar da doença de Rezende. Depois de uma entrevista no Domingo Espetacular, em maio, anunciando o câncer, a doença só foi lembrada em algumas ocasiões. Nos últimos dias, a pedido da família, não noticiou o agravamento do estado de saúde.
Leia a seguir a nota oficial da Record:
A Record TV informa com grande pesar o falecimento de Marcelo Rezende, neste 16 de setembro de 2017, no Hospital Moriah, zona sul de São Paulo. Transmitimos nossas sinceras condolências ao familiares e amigos do jornalista com o qual tivemos a honra e o privilégio de trabalhar e que atuou com tanto brilhantismo em nossa programação.
O apresentador estava afastado do Cidade Alerta desde maio, quando descobriu um câncer no pâncreas e no fígado. Ele estava no comando do programa desde 2012 e ali imprimiu a sua marca, expondo os problemas de segurança pública do país com a coragem que sempre pautou sua trajetória, transformando o Cidade Alerta em um importante canal de denúncias. "Esse jornalismo que eu e alguns companheiros fazemos é o jornalismo que revela as mazelas do país", disse ele.
Com mais de 40 de carreira, Marcelo Rezende deixa um grande legado ao jornalismo do Brasil e da Record TV. Sua trajetória foi sempre guiada pela coragem em tocar em feridas sociais. Do flagrante de abuso policial na Favela Naval, em Diadema (SP), à corrupção no futebol, passando pelos inesquecíveis depoimentos de Francisco Assis Pereira, o Maníaco do Parque, e do ex-goleiro Bruno.
Rezende foi um repórter investigativo de raro talento e um apresentador polêmico que não tinha medo de expor suas opiniões. Alguns dos episódios mais marcantes de sua carreira ele narrou no livro Corta pra Mim, lançado em 2013 pela editora Planeta, que tornou-se rapidamente um best-seller.
Rezende iniciou sua carreira na mídia impressa, aos 17 anos, no Jornal dos Sports, em sua cidade natal, no Rio de Janeiro, e atuou como jornalista esportivo por um longo período. Atuou no jornal O Globo e em seguida na Revista Placar, da editora Abril, até que, por fim ingressou na televisão, em 1988, quando foi trabalhar no Globo Esporte. A carreira sofreu uma guinada quando foi designado para fazer reportagens investigativas. Em 1999, fez parte da equipe de criação do Linha Direta, do qual tornou-se apresentador.
Na Record TV, o jornalista apresentou o Cidade Alerta em duas ocasiões, entre 2004 e 2005, e de 2012 a 2017, além de ter comandado o Repórter Record e o quadro A Grande Reportagem, exibido pelo Domingo Espetacular. Trabalhou também na RedeTV! onde apresentou o Repórter Cidadão e o RedeTV! News. Na Band esteve a frente do Tribunal na TV.
No dia da estreia do novo Cidade Alerta, em 2012, Marcelo deu o tom do que o telespectador poderia esperar: "Nós não temos amigos, nem inimigos. Trabalhamos para o interesse público, o interesse da comunidade, o interesse da sociedade".
Nessa nova fase do Cidade Alerta, a carreira do Marcelo também foi marcada pela inusitada interação com a equipe de jornalistas espalhada pelo Brasil. Descontração e alegria que contagiaram milhões de brasileiros e marcaram uma nova alternativa de informar os telespectadores.
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