quinta-feira, 31 de março de 2011

'Estou passando por um terror', diz Preta Gil em evento em SP-'Estou me lixando para esse pessoal', diz Bolsonaro sobre movimento gay

Cantora foi escolhida para ser a rainha da XV Parada Gay de São Paulo.'Sou negra, gay e feliz', afirmou no lançamento oficial da Parada.

Marcelo Mora Do G1 SP
Cantora Preta Gil participa do lançamento oficial da XV Parada Gay de São Paulo, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Marcelo Mora/G1)
Cantora Preta Gil participa do lançamento oficial da XV Parada Gay de São Paulo, na Zona Oeste de São Paulo (Foto: Marcelo Mora/G1)
A cantora Preta Gil, escolhida para ser a rainha da XV Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, disse, no lançamento oficial do evento, na noite desta quarta-feira (30), na Zona Oeste de São Paulo, que "está passando por um terror", sobre a polêmica com o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ).
No programa "CQC", da TV Bandeirantes, exibido na noite de segunda (28), Bolsonaro afirmou que não discutiria "promiscuidade" ao ser questionado pela cantora Preta Gil, sobre como reagiria caso o filho namorasse uma mulher negra.

A pergunta, previamente gravada, foi apresentada no quadro do programa intitulado "O povo quer saber": "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?" Bolsonaro respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu."Ao lado de representantes do movimento LGBT e de autoridades dos governos estadual e municipal, Preta Gil, ao comentar sobre ter sido escolhida para ser a diva da XV Parada Gay, disse que aceitou a honraria "com muita humildade". Em seguida, falou sobre a polêmica com o deputado federal. "Coincidentemente, estou passando por um terror. Fui injustamente agredida por um político, que não agrediu apenas a mim, mas aos homossexuais e negros. Sou negra, gay e feliz", afirmou.Ela lembrou que foi criada com muita liberdade e que, por isso, defende a causa do movimento gay. "É uma causa minha desde que nasci. E crio o meu filho com a mesma liberdade. Por isso fico muito feliz de ver aqui representantes da polícia, da política e outros setores da sociedade organizada, porque acredito que podemos mudar sim essa onda de violência contra os homossexuais", declarou.Depois do evento, Preta Gil concedeu entrevista coletiva, na qual admitiu uma certa ponta de arrependimento por ter feito a pergunta. "Eu desconhecia completamente este deputado, não tinha ouvido falar dessa pessoa. O pessoal do CQC não me induziu a dizer nada, mas se eu conhecesse o perfil dele (Bolsonaro), eu teria evitado a pergunta. Eu sou totalmente da paz, hoje em dia. Nunca gostei de escândalos", afirmou.
Preta Gil disse que não conhecia o deputado (Foto: Marcelo Mora/G1)Preta Gil disse que não conhecia o deputado
(Foto: Marcelo Mora/G1)
Segundo ela, ao tentar se explicar, alegando que pensou que a pergunta se referia a gays em vez de negros, o deputado se complicou ainda mais. "A emenda saiu pior que o soneto. O que importa é o que ele disse e ele me chamou de promíscua. Não quero ficar  aumentando a polêmica, mas ele está falando cada vez mais barbaridades", afirmou, sobre as novas declarações do deputado, que afirmou que a cantora não teria credibilidade para falar de ética depois de ter assumido que teve relações homossexuais.
"Nada do que eu fiz são coisas inaceitáveis. Ele já foi acionado judicialmente pelos meus advogados. A questão é que agora só vai juntando novas provas contra ele. Já são três processos", declarou. Para Preta Gil, o fato de a polêmica ter surgido justamente quando foi anunciado que ela seria a diva da Parada Gay de São Paulo, que costuma reunir três milhões de pessoas na Avenida Paulista, foi "uma coincidência". "Eu já tinha aceitado o convite há dois meses. E eu me coloquei à disposição da Parada. Isso só me faz ainda mais militante (do movimento gay), ainda mais ativa. O mais importante agora é fazer com a lei (que criminaliza a homofobia) seja aceita", disse.Nesta quarta-feira, Jair Bolsonaro disse, durante o velório do ex-vice-presidente José Alencar, que está se “lixando” para os movimentos homossexuais.Questionando sobre o que achava dos movimentos homossexuais, que o acusam de homofobia, ele afirmou: “Eu estou me lixando para esse pessoal. Criaram aí a frente parlamentar de combate à homofobia, frente gay aí. O que esse pessoal tem para oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer que se seus jovens, um dia, forem ter um filho, que se for gay é legal? Esse pessoal não tem nada a oferecer.”O deputado também criticou a cantora Preta Gil, dizendo que ela não tem “credibilidade” para falar em ética. Após a exibição do programa em que Bolsonaro responde a uma pergunta sobre namoro com negras, Preta Gil postou no Twitter que processaria Bolsonaro: "Advogado acionado, sou uma mulher Negra, forte e irei até o fim contra esse Deputado, Racista, Homofóbico, nojento".“Todo mundo que quiser entrar com processo é justo. O caminho para resolver os problemas é na Justiça. Agora, que exemplo ela tem de vida para cobrar ética? Se você entrar no blog dela, está escrito lá que ela já participou de atos sexuais com outras mulheres, participa de suruba”, afirmou.
Novidades da Parada Gay
Em evento dirigido aos patrocinadores da Parada Gay, os organizadores anunciaram ao menos duas novidades para a edição de 2011, a 15ª. Ou seja, a Parada do Orgulho LGBT está debutando, literalmente. Por isso, na abertura da festa, os participantes serão convidados a dançar uma valsa, O Danúbio Azul, em plena Avenida Paulista.
Edição deste ano da Parada Gay terá um mascote (Foto: Marcelo Mora/G1)Edição deste ano da Parada Gay terá um
mascote (Foto: Marcelo Mora/G1)
O objetivo é bater um novo recorde mundial e assim, mais uma vez, entrar para o Guiness. O maior baile de debutantes do mundo reuniu 15 mil casais, de acordo com o livro do recordes. A organização da Parada Gay quer superar esta marca.E a edição deste ano contará com um mascote, um boneco totalmente branco, que virá acompanhado de sete canetas hidrográficas coloridas. Desta forma, quem adquirir um mascote poderá pintá-lo do jeito que bem entender, de acordo com a organização.Segundo o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, Ideraldo Beltrame, o evento "é uma manifestação de luta, para garantir os direitos dos homossexuais, para garantir uma cidadania completa e não pela metade. E para combater não apenas a homofobia, mas uma sociofobia, para combater uma sociedade onde as pessoas têm cada vez mais dificuldade para conviver com o próximo".
Mais uma vez, a organização espera a participação de três milhões de pessoas nesta 15ª edição, sendo ao menos 400 mil turistas, que garantem um aporte de cerca de R$ 200 milhões à economia da capital paulista, de acordo com os organizadores. Pelos cálculos, cada turista gastaria em média cerca de R$ 1 mil em cada dia que permanecessem na cidade para participar do evento.

'Estou me lixando para esse pessoal', diz Bolsonaro sobre movimento gay

Ele afirmou ainda que Preta Gil não tem ‘credibilidade' para falar em ética. Deputado associou, em TV, namoro com negras a 'promiscuidade'.

Nathalia Passarinho e Mariana Oliveira Do G1, em Brasília
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no velório de José Alencar (Foto: Mariana Oliveira/G1)O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) no velório de
José Alencar (Foto: Mariana Oliveira/G1)
O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta quarta-feira (30), durante o velório do ex-vice-presidente José Alencar, que está se “lixando” para os movimentos homossexuais. Ele se envolveu nesta semana em uma polêmica após associar, em um programa de televisão, namoro com negras a “promiscuidade”. O deputado explicou que queria dizer que namoro entre gays é promiscuidade.
No programa "CQC", da TV Bandeirantes, exibido na noite de segunda (28), Bolsonaro afirmou que não discutiria "promiscuidade" ao ser questionado pela cantora Preta Gil, sobre como reagiria caso o filho namorasse uma mulher negra.
A pergunta, previamente gravada, foi apresentada no quadro do programa intitulado "O povo quer saber": "Se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?" Bolsonaro respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu."“O que eu entendi ali da Preta Gil, por Deus que está no céu, era como eu reagiria no caso do meu filho tivesse um relacionamento com um gay. Foi isso que eu entendi”, explicou o deputado, em entrevista no Palácio do Planalto.
Eu estou me lixando para esse pessoal. Criaram aí a frente parlamentar de combate à homofobia, frente gay aí. O que esse pessoal tem para oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer que se seus jovens, um dia, forem ter um filho que se for gay é legal?"
Jair Bolsonaro
Questionando sobre o que achava dos movimentos homossexuais, que o acusam de homofobia, ele afirmou:
“Eu estou me lixando para esse pessoal. Criaram aí a frente parlamentar de combate à homofobia, frente gay aí. O que esse pessoal tem para oferecer para a sociedade? Casamento gay? Adoção de filhos? Dizer que se seus jovens, um dia, forem ter um filho, que se for gay é legal? Esse pessoal não tem nada a oferecer.”
Apesar das críticas, Bolsonaro afirmou não ter nada contra o que os homossexuais fazem "entre quatro paredes". "Não tenho nada a ver. Cada um faz o que quer com seu corpinho cabeludo entre quatro paredes. O que eles têm para me oferecer não interessa. Agora, eu não quero que o público LGBT crie currículo para as escolas públicas de primeiro grau."
Cotas
O deputado também criticou projetos de lei que estabelecem cotas para gays no ensino público. "A Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, lançou aí o Programa Nacional de Direitos Humanos para o público LGBT, que cria cotas para professor homossexual de primeiro grau. Cria bolsa de estudos para jovem homossexual. Cria estágio remunerado para jovem homossexual. Agora, além das cotas mais variadas que temos hoje, vai ter cota para homossexual", disse.O deputado também criticou a cantora Preta Gil dizendo que ela não tem “credibilidade” para falar em ética. Após a exibição do programa em que Bolsonaro responde a uma pergunta sobre namoro com negras, Preta Gil postou no Twitter que processaria Bolsonaro: "Advogado acionado, sou uma mulher Negra, forte e irei até o fim contra esse Deputado, Racista, Homofóbico, nojento".“Todo mundo que quiser entrar com processo é justo. O caminho para resolver os problemas é na Justiça. Agora, que exemplo ela tem de vida para cobrar ética? Se você entrar no blog dela, está escrito lá que ela já participou de atos sexuais com outras mulheres, participa de suruba”, afirmou.Bolsonaro disse não temer perder a cadeira na Comissão de Direitos Humanos da Câmara. "Quem manda na minha cadeira é o líder do meu partido", afirmou, dizendo ainda que não vai parar de defender suas ideias. "Soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é covarde. Estou aqui para defender minhas ideias. (...) Não vou me acovardar por ação da Preta Gil."
Ao ser questionado sobre se é racista, ele disse: "Racista, eu? Só tem pobre nas Forças Armadas, como posso ser racista?"
Jean Wyllys sobre Bolsonaro: estou me lixando para a mentira
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa realizou um ato de protesto contra as declarações no Rio. Foto: Marcus Prado/Futura Press A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa realizou um ato de protesto contra as declarações no Rio
Foto: Marcus Prado/Futura Press

Isadora Gasparin/TERRA
O deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ), que protocolou com outros colegas uma representação na Corregedoria da Casa contra o parlamentar Jair Bolsonaro (PP-RJ), se irritou nesta quarta-feira com mais uma declaração polêmica do deputado. "Ele diz que está se lixando para o movimento gay. Eu estou me lixando para a justificativa dele, estou me lixando para a mentira e para o que ele tenha usado para se safar", disse.Ao chegar ao Palácio do Planalto para o velório do ex-vice-presidente José Alencar, Bolsonaro desdenhou da repercussão entre o movimento pelos direitos dos homossexuais de sua sequência de declarações consideradas racistas e homofóbicas. No programa CQC, da TV Bandeirantes, veiculado na segunda-feira, em resposta à cantora Preta Gil, que perguntou ao deputado o que ele faria se seu filho se apaixonasse por uma mulher negra, Bolsonaro disse: "Não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Não corro esse risco porque os meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambientes como lamentavelmente é o teu". No entanto, o deputado afirmou em nota divulgada na terça-feira que entendeu errado a pergunta e achou que a artista se referia a uma relação homossexual.
"Não adianta ele mentir dizendo que confundiu. Não há termo de confusão entre 'mulher negra' e 'filho gay'", afirmou Wyllys. Para o deputado, Bolsonaro está investindo contra os homossexuais para tirar a atenção da declaração racista ao programa. "Ele quer desviar a atenção da mídia. Ele quer polemizar com o movimento gay para desviar o foco. Ele está com medo do movimento negro porque ele praticou racismo e vai pagar por isso", afirmou. Ao contrário do racismo, ofensa a homossexuais ainda não é considerada crime pelas leis brasileiras."Ele é um hipócrita. Fala em nome da família, mas ele está se lixando - para usar uma expressão dele - para as famílias de homossexuais. Mães e pais que estão neste momento feridos, ofendidos", disse. Apesar de alegar não ser homofobico, Bolsonaro disse também acreditar que "o Estado brasileiro não pode apoiar esse tipo de comportamento que atenta contra a família e o lar dos brasileiros", se referindo a programas federais voltados para a população LGBT.
Parlamentar critica 'seguidores' de Bolsonaro
O deputado também criticou quem "compra e vende" as ideias de Bolsonaro e quem usa a internet para disseminar mensagens inclusive mais graves que as do deputado. "As pessoas tem ódios, rancores, preconceitos adormecidos. Quando aparece uma figura como Bolsonaro para despertá-los, pronto", disse. "Agora ele virou uma caricatura porque ele se expõe. Ele é o inimigo público, ele se coloca publicamente. Mas tem gente que pensa como ele e é covarde, se esconde no anonimato", afirmou.
Questionado se já tinha estado com Bolsonaro, Wyllys afirmou que quer distância do parlamentar. "A gente se cruza aqui (Câmara), mas eu não quero nem chegar perto desse homem. Depois que eu descobri que ele empurrou a (ministra-chefe da Secretaria de Direitos Humanos) Maria do Rosário em pleno Salão Verde e a chamou de vagabunda, eu temo que ele me dê um murro na cara", disse.O parlamentar afirmou ainda ter acionado seu advogado para apurar as falas de Bolsonaro ao CQC - porque "ele é injusto, mas eu não", justificou - e, quando recebeu a confirmação da defesa de que as declarações eram racistas, resolveu entrar com a representação da Corregedoria da Casa. Uniram-se a Wyllys os deputados Brizola Neto (PDT-RJ), Manuela D'Ávila (PCdoB-RS), e outros 19 parlamentares "que se sentiram ofendidos e representam grupos ofendidos" por Bolsonaro. Conforme Wyllys, o próximo passo é recolher a assinatura dos presidentes dos partidos para entrar com uma representação contra o parlamentar também no Conselho de Ética da Casa. "Eacismo é um crime e configura-se quebra de decoro parlamentar. Com quebra de decoro, ele pode ser cassado", disse. O grupo ainda pediu ao PP para que Bolsonaro seja destituído da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

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