Ana Paula Rocha
Do UOL, em São Paulo
Um projeto de lei em tramitação na Câmara Municipal de São Paulo, se
aprovado, pode proibir os supermercados da capital paulista de
distribuir caixas de papelão para os consumidores. Desde o último dia 3,
os moradores de São Paulo deixaram de receber sacolas plásticas nos
principais supermercados, por conta de um TAC (Termo de Ajustamento
Controle de Conduta) entre a Apas (Associação Paulista de
Supermercados), o Ministério Público do Estado de São Paulo e o
Procon-SP.
Sou a favor, e já usava sacolas "ecológicas" antes de a nova regra entrar em vigor Arte/UOL
O vereador Francisco Chagas (PT), autor do projeto, argumenta que as
caixas de papelão apresentam maior quantidade de bactérias, fungos e
outros microorganismos se comparadas com sacolas plásticas ou sacolas de
pano. Para sustentar seu argumento, ele cita um estudo desenvolvido
pelo laboratório Microbiotécnica, a pedido do Plastivida – Instituto
Sócio-Ambiental dos Plásticos, que defende o uso das sacolinhas. Para o infectologista Marcelo Nascimento Buratini, professor da
Universidade Federal de São Paulo, minimiza possíveis prejuízos que o
uso das caixas de papelão poderia causar para a saúde pública. Ele
recomenda apenas que gêneros alimentícios sejam colocados em embalagens e
lavados antes destes serem guardados em casa. Ressalta ainda que estes
são cuidados básicos de higiene que devem existir independentemente de
como as compras são carregadas.O vereador argumenta ainda que, ao entregar as caixas para os
consumidores, os supermercados transferem a responsabilidade da gestão
dos resíduos por eles produzidos. Para Estanislau Maria de Freitas
Júnior, coordenador de conteúdo do Akatu, instituto que atua na
conscientização ambiental, este argumento não se justifica. Ele lembra
que a maioria das grandes redes de supermercados recebem materiais
recicláveis trazidos pelos clientes. "Na maioria dos casos isso é
encaminhado para cooperativas de catadores”. Em função disso, ele não vê
por parte dos supermercados o interesse em se “livrar” do compromisso."Defendemos que a melhor alternativa para carregar a compra é a sacola
retornável, porque cada consumidor sabe o quanto ela está limpa ou não e
é fácil de carregá-la”.A Apas (Associação Paulista de Supermercados) informou, por meio de sua
assessoria de imprensa, que não comenta projetos de lei. A associação
informou ainda que os supermercados estão fornecendo caixas de papelão
para os clientes, embora o TAC desobrigue-os de oferecer alguma
alternativa gratuita aos consumidores.O Procon-SP também informou que o Código de Defesa do Consumidor não
obriga a entrega de nenhuma alternativa sem custo para o consumidor
levar suas compras.
O projeto de lei ainda terá um longo caminho na Câmara Municipal. O
texto terá de passar por quatro comissões; se aprovado, seguirá para
votação no plenário, antes de ser encaminhado à sanção. Uma audiência
pública para discutir o tema foi marcada para o dia 14 de maio.
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