Do UOL, de Cannes
- O ator Robert Pattinson na apresentação do filme "Cosmopolis" que concorre na seleção oficial do Festival de Cannes 2012 (25/5/12)
“Fiquei duas semanas num quarto de hotel, sem me preparar, só me preocupando com o papel”, contou ele na entrevista coletiva mais concorrida do festival. “Pedi a Cronenberg para conversarmos sobre o personagem, mas ele disse apenas: vamos começar. Não dava para ter uma atuação muito cerebral. Atuar não precisa ser inteligente”, brincou o ator.
O
ator Paul Giamatti, a atriz Emily Hampshire, o diretor David
Cronenberg, o tor Robert Pattinson e a atriz Sarah Gadon na apresentação
do filme "Cosmopolis", que concorre na seleção oficial do Festival de
Cannes 2012 (25/5/12) AFP Photo/Valery Hache
Limusine dobrando a esquina
O galã britânico se declarou fã dos filmes de David Cronenberg, como “A Mosca” e “Videodrome”. “É mesmo? Sempre achei que você nunca tinha visto nenhum dos meus filmes”, brincou o cineasta canadense. Cronenberg fez de tudo para deixar a sombra do vampiro Edward de fora do filme. “Nunca pensamos nos filmes anteriores do Robert. Sei que vão dizer que é o Eric é como um vampiro de Wall Street, mas ele é muito mais abstrato. Nosso filme não é Crepúsculo, é Cosmópolis”, rejeitou.
Beno Levin, o inimigo de Eric, é vivido pelo excelente Paul Giamatti, de “Sideways”, que aparece apenas nos últimos 20 minutos de filme. “Meu personagem é totalmente isolado do resto do filme. Ficamos ali, só eu e Robert. Eu só tinha que olhar bem fundo nos olhos dele”, contou.
A coletiva teve o luxo de contar com Don DeLillo, um dos maiores escritores americanos vivos, autor do livro homônimo no qual o filme é baseado. “Não tive nada a ver com a adaptação para o cinema. Por isso o filme ficou tão bom”, brincou o autor. “As pessoas pensam que escrevi ‘Cosmópolis’ pensando no apocalipse ou no novo milênio, mas pensei apenas num homem dentro do carro vivendo toda a sua vida num único dia. Há alguns anos, sem explicação, as ruas de Nova York se encheram de limusines brancas. Comecei me interessar por esses carros que simplesmente não conseguiam dobrar uma esquina”.Em “Cosmópolis”, Cronenberg retoma um dos temas preferidos de sua obra, a sensação de irrealidade das coisas, de filmes como “Spider” e “ExistenZ”. Quem nunca leu o livro vai se surpreender com a atmosfera de delírio, os diálogos afiados e às vezes à beira do nonsense, mas quem já leu pode achar tudo fiel e reverente demais ao texto original. Um pouco mais de Cronenberg e menos DeLillo não faria mal ao filme.
O filme estreia no dia 13 de julho no Brasil.
Em
"Cosmopolis", de David Cronenberg, enquanto a visita do presidente
paralisa Nova York, o jovem financista Eric Packer só tem uma obsessão:
conseguir chegar a seu barbeiro, do outro lado da cidade. Ao mesmo
tempo, seu império começa a ruir e ele tem certeza de que alguém vai
tentar matá-lo
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