sexta-feira, 11 de maio de 2012

Caio Blat estrela misto de documentário e encenação em "Uma Longa Viagem"

Alysson Oliveira
Do Cineweb, em São Paulo*

  • Caio Blat em cena do documentário Uma Longa Viagem, de Lucia Murat Caio Blat em cena do documentário "Uma Longa Viagem", de Lucia Murat"
Uma combinação entre retrato de uma época, nostalgia e investigação familiar, o premiado "Uma Longa Viagem", de Lúcia Murat, é um filme altamente pessoal da diretora. Mas, ao mesmo tempo, tem capacidade de dialogar com diversos públicos, especialmente por seu conteúdo emocional. O filme estreia em São Paulo e no Rio de Janeiro nesta sexta (11).

ATOR PRODUTIVO

  • Divulgação Nos cinemas com "Xingu" e agora também com "Uma Longa Viagem", Caio Blat não para e diz que quer fazer uma comédia de apelo popular.
Em "Que Bom Te Ver Viva" (1989), Lúcia colocava como protagonista uma ex-presa política, vivida por Irene Ravache, cujas experiências baseavam-se nas da própria diretora e de outras pessoas que ela conheceu, combinando o documental e a ficção.
Em "Uma Longa Viagem", Lúcia radicaliza essa experiência, intercalando o documental e a representação. Não se trata de ficção, mas sim de uma recriação parcial do passado, dialogando com o personagem real, o irmão caçula da diretora, Heitor.
Na década de 1970, o jovem Heitor caiu no mundo, viajando pela Inglaterra, Estados Unidos, Índia, Austrália, entre outros lugares. Nessa mesma época, Lúcia foi presa e torturada.
O caçula escrevia cartas e cartas para a mãe e o irmão mais velho, o médico Miguel, contando suas experiências e mandando presentes. Essa correspondência serve como base para o longa que, aos poucos, constrói o retrato daqueles três irmãos e do período conturbado que viveram.
"Uma Longa Viagem", de Lucia Murat, mistura documentário e encenação para recriar as viagens que o irmão da cineasta, Heitor, fez entre 1969 e 1978 quando foi enviado ao exterior pela família para evitar que se envolvesse com a luta armada contra a ditadura Divulgação
Era também uma época de grandes transformações, especialmente na Europa, onde o rapaz estava. Caio Blat vive o Heitor jovem, enquanto redige suas cartas. Lúcia encontra uma saída bastante cinematográfica para criar essas reconstituições - usando projeções sobre uma tela como fundo para as cenas do ator.O efeito é bonito e, ao mesmo tempo, quase alucinógeno, o que vem bem ao encontro de muitas das experiências de Heitor com drogas.
O verdadeiro Heitor, por sua vez, aparece em depoimentos gravados especialmente para o filme, nos quais relembra suas experiências e as analisa sobre um novo foco, mais de três décadas depois.
Ele é uma figura carismática, engraçada e com muitas histórias para contar. A trilha sonora que recupera músicas do passado (Janis Joplin, Jefferson Airplane, Caetano Veloso) contribui na criação do clima que transita entre a nostalgia e um olhar curioso do presente que indaga o passado.
Premiado em Paulínia, Gramado e na Espanha, "Uma Longa Viagem" estreia num momento bastante oportuno, para contribuir com a discussão da abertura de arquivos da ditadura. Ao lado de "Diário de Uma Busca", de Flávia Castro, lançado em 2011, o longa de Lúcia tem muito a dizer sobre uma época e personagens que a história oficial, muitas vezes, tentou varrer para debaixo do tapete.
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...