Do Cineweb, em São Paulo*
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Caio Blat em cena do documentário "Uma Longa Viagem", de Lucia Murat"
Em "Uma Longa Viagem", Lúcia radicaliza essa experiência, intercalando o documental e a representação. Não se trata de ficção, mas sim de uma recriação parcial do passado, dialogando com o personagem real, o irmão caçula da diretora, Heitor.
Na década de 1970, o jovem Heitor caiu no mundo, viajando pela Inglaterra, Estados Unidos, Índia, Austrália, entre outros lugares. Nessa mesma época, Lúcia foi presa e torturada.
O caçula escrevia cartas e cartas para a mãe e o irmão mais velho, o médico Miguel, contando suas experiências e mandando presentes. Essa correspondência serve como base para o longa que, aos poucos, constrói o retrato daqueles três irmãos e do período conturbado que viveram.
O verdadeiro Heitor, por sua vez, aparece em depoimentos gravados especialmente para o filme, nos quais relembra suas experiências e as analisa sobre um novo foco, mais de três décadas depois.
Ele é uma figura carismática, engraçada e com muitas histórias para contar. A trilha sonora que recupera músicas do passado (Janis Joplin, Jefferson Airplane, Caetano Veloso) contribui na criação do clima que transita entre a nostalgia e um olhar curioso do presente que indaga o passado.
Premiado em Paulínia, Gramado e na Espanha, "Uma Longa Viagem" estreia num momento bastante oportuno, para contribuir com a discussão da abertura de arquivos da ditadura. Ao lado de "Diário de Uma Busca", de Flávia Castro, lançado em 2011, o longa de Lúcia tem muito a dizer sobre uma época e personagens que a história oficial, muitas vezes, tentou varrer para debaixo do tapete.
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
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