Morreu na manhã desta quarta-feira (4) a atriz e cantora Odete Lara, aos 85 anos. A informação foi confirmada ao UOL pela amiga da atriz Letícia Fontoura, que também é a atual mulher de Antônio Carlos da Fontoura, ex-marido de Odete. Segundo Letícia, a atriz sofreu um infarto por volta das 7h15 em uma clínica onde estava internada, no Rio de Janeiro.
O velório já acontece nesta quarta, no Parque Lage, na zona sul do Rio, das 16h30 às 19h30. Na quinta, seu corpo será levado para Nova Friburgo, onde será cremado.
Desbravadora, Odete foi diva da música e do cinema.
Nascida em São Paulo, e de origem italiana, Odete Lara passou a infância em um orfanato de freiras, após a morte dos pais. Seu primeiro emprego foi como secretária e datilografa, mas a beleza estonteante a levou a fazer um curso de modelo, vindo a participar do primeiro desfile da história da moda brasileira.
O trabalho abriu portas na TV Tupi, de Assis Chateubriand, onde começou com garota-propaganda. Em seguida, participou da versão televisiva do folhetim "Luz de Gás", com Tônia Carrero e Paulo Autram.
Embora tenha atuado em muitas telenovelas na época, como "A Volta de Beto Rockfeller" e "Em Busca da Felicidade", Odete dedicou grande parte de sua vida ao teatro e ao cinema. Nos palcos, atuou em peças como "Liberdade, Liberdade", de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, e "Se Correr o Bicho Pega, se Ficar o Bicho Come", de Ferreira Gullar e Vianinha.
Seu primeiro filme foi "O Gato de Madame", com Mazzaropi. Seguiu a carreira no cinema se arriscando em diversos gêneros e atuações: entre as chanchadas "Absolutamente Certo" (1957) e "Dona Xepa" (1959), o argentino "Sábado a la Noche" (1960), o drama de Nelson Rodrigues "Bonitinha, mas Ordinária" (1963), o cinema novo de "Copacabana me Engana" (1968), o experimental "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro" (1969), o musical "Quando o Carnaval Chegar" (1972) e o erótico "O Princípio do Prazer" (1979) – seu último trabalho antes de abandonar a carreira.
Considerada a Brigitte Bardot brasileira, Odete também se aventurou na música.
Ela cantou ao lado de Vinicius de Moraes e Baden Powell no álbum "Vinicius e Odete", de 1963, e em canções como ""Só por amor", "Seja feliz", "Samba em prelúdio", "Labareda", "É hoje só", "Deve ser amor" e "Além do amor".
Um dos maiores destaques na tela grande foi "Noite Vazia" (1964), quando protagonizou, com Norma Bengell – outra diva do cinema –, cenas de lesbianismo consideradas ousadas na época. Na trama, ele vive uma prostituta em busca de prazeres diferentes.
Cansada da vida no Rio de Janeiro, Odete Lara se casou com o dramaturgo Euclydes Marinho, 21 anos mais novo – se tornando uma das primeiras mulheres públicas a assumir um relacionamento com uma grande diferença de idade. Com Marinho, se mudou para Nova Friburgo, com a vontade de viver em uma região rural. Nos anos 90, no entanto, voltou a fazer novelas, com participação em "O Dono do Mundo" e "Pátria Minha".
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