quinta-feira, 10 de maio de 2012

'Não teve outro jeito’, diz mãe que engravidou 25 vezes e tem sete filhos

Lindinalva engravidou uma vez por ano e vive rodeada por filhos e netos.
Para ela, o futuro dos descendentes está nos estudos.

Giselle Dutra Do G1 CE
lindinalva dia das maes (Foto: Giselle Dutra/G1)Lindinalva, de vestido estampado, ao lado de filhos e netos (Foto: Giselle Dutra/G1)
Francisca de Matos Oliveira, 73 anos, a 'dona Lindinalva', como é conhecida pelos vizinhos, casou-se em uma época em que pílula anticoncepcional era algo remoto. Mas ela não reclama das 25 vezes em que engravidou nos 54 anos de casamento com José Carvalho de Oliveira, 75 anos. Os sete filhos que 'vingaram' são valiosos e valem a lembrança de cada nascimento. Hoje, são 20 netos e 12 bisnetos. "Era uma gravidez por ano. Não tinha outro jeito. Hoje as pessoas têm como se prevenir", justifica.
Gostaria que conseguissem ser pessoas de bem"
Lindinalva
As filhas herdaram a fertilidade da mãe e Lindinalva cuida não apenas dos filhos, mas dos netos que foram nascendo e passando a morar sob o mesmo teto. "Moram todos, com neto nascendo, bisneto nascendo. É tudo misturado. Quase sou eu quem crio meus netos. A gente vive bem, na união. Tenho carinho, todo mundo perto", diz.Sobre o cuidado com os filhos, ela se mostra resignada aos poderes divinos que levaram a maioria da prole antes mesmo de completarem um ano de idade. "Adoecia e em pouco tempo morria. Antigamente não tinham as vacinas como hoje. No começo, eu ficava bem triste. Depois eu comecei a entender que era a vontade de Deus. Era dele e ele queria levar", diz, conformada.Para alimentar tantas bocas, Lindinalva sempre ajudou o marido no sustento da família. Mas sempre trabalhou em casa para não tirar os olhos dos filhos. O casal manteve um bar durante muitos anos, o "bar do seu Zé", na praça central de Maracanaú, na Grande Fortaleza, onde vivem há cerca de 40 anos. Atualmente, ela ajuda a filha mais velha em uma fábrica de roupas. "A gente fica doente quando está parada", afirma.Lindinalva e José se conheceram no Crato, no Sul do Ceará, onde ele era empregado da Rede Ferroviária Federal (Refesa), depois da Sudene, mas adoeceu e parou. Os dois se conheceram por meio do pai de Lindinalva, que trabalhava com José. A paixão, que deu tantos frutos, ainda permanece até hoje, ela garante. "Nós dois somos uma pessoa só. A mesma paciência, o convívio", afirma.
Durante todo esse tempo, Lindinalva teve muitas "dores de cabeça" para manter os filhos na linha. Perdeu um deles ainda adolescente em consequência da violência juvenil. Mas se diz gratificada por ter conseguido colocar todos na escola, por conta do pouco estudo que teve. "Era difícil, mas a gente conseguia com boa vontade. Até com os netos, os pequenos. A intenção é botar na escola", afirma.
Planos para o futuro, ela diz que já não tem. Mas para os descendentes, não vê outro caminho: "Eu gostaria que eles conseguissem ser pessoas de bem. Cada um com seu trabalho. Só quem pode dar isso a eles é o estudo".

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